terça-feira, 28 de março de 2023

Chet Baker Sings and Plays from the Film "Let's Get Lost" (1989)

Artista: Chet Baker
Álbum: Let's Get Lost 
Lançamento: 1989
Selo: Verve Records
Gênero: Cool Jazz, OST

No documentário ‘Let’s Get Lost’, Bruce Weber parece que quis parar o tempo, preservando a ilusão de que nada de trágico aconteceu a Chet Baker desde o início dos anos 50. No álbum composto especialmente para o documentário, na companhia de Frank Strazzeri no piano, John Leftwich no baixo, Ralph Penland na bateria e percussão e Nicola Stilo na guitarra e flauta, nas músicas de Duke Ellington & Billy Strayhorn, Cole Porter, Johnny Burke & Jimmy Van Huesen e Antônio Carlos Jobim, o talento musical de Chet Baker é indiscutível, e estas gravações são um testemunho incrível disso. Cada uma delas é filtrada através do coração e alma de Chet Baker. Há momentos em que parece que ele está pendurando nas notas e carinhosamente acaricia cada canção. A intimidade que ele é capaz de expressar faz parecer que estamos em um mal iluminado clube de jazz. Os músicos são perfeitos em seu apoio e a voz de Baker é o centro de cada arranjo, e não há dor tão clara quanto a expressa na sua voz sussurrada. O fotógrafo Bruce Webber resgatou Baker e na companhia de fantásticos músicos gravou 12 antológicas canções para um dos mais importantes documentários sobre o famoso representante do cool jazz e do west coast. Weber mostra que Chet Baker mesmo corroído pelo uso contínuo de drogas, era um gênio. Feito em 1988, Weber traça a carreira de Chet a partir da década de 50, tocando com grandes nomes do jazz como Charlie Parker, Gerry Mulligan e o pianista Russ Freeman, até a década de 80, quando seu vício em heroína manteve-o na Europa. Através da justaposição dessas duas décadas, entre clips de arquivamento e imagens de 1987, Weber apresenta um contraste acentuado entre o Baker bonito e sexy que se assemelhava a uma mistura de James Dean e Jack Kerouac e em que ele se tornou: uma triste figura destruída. ‘Let’s Get Lost’ começa perto do final da vida de Baker, nas praias de Santa Monica, e termina no Festival de Cannes. Bruce Weber aos 16 anos se interessou por Chet Baker quando viu a foto do músico na capa do LP de vinil de 1955 em uma loja de discos de Pittsburgh. Pessoalmente, Weber conheceu Baker, no inverno de 1986 em um clube de jazz na cidade de Nova York e convenceu-o a fazer uma sessão de fotos e o que foi originalmente um filme de três minutos. Eles estiveram um bom tempo juntos e Baker começou a revelar-se a Weber. Posteriormente, Baker foi convencido a fazer mais um filme e as filmagens começaram em 1987. Entrevistar Baker foi um desafio para Weber devido ao vício, mas Weber conseguiu um retrato sonhador de Chet Baker. ‘Let’s Get Lost’ teve sua estreia mundial no ‘Festival Internacional de Toronto’ e foi indicado para o Oscar de melhor documentário. O título do filme é de uma canção gravada no álbum ‘Chet Baker Sings and Plays’, o primeiro álbum de Chet Baker que o diretor Bruce Weber comprou quando tinha 16 anos. Um dos últimos registros de Baker em vida, que foi lançado pouco depois de sua morte, o documentário é difícil de se ver, é devastador testemunhar o que a heroína fez. Nos últimos anos ele era apenas um rascunho do que foi. Seu rosto está cadavérico e ele sempre parece ter alguma dificuldade em permanecer acordado, e em alguns momentos parece que ele passeia por ‘Let’s Get Lost’ como um sonâmbulo. Para os críticos Chet morrera décadas antes daquele fatal mergulho da janela de seu quarto em Amsterdã. Até hoje ninguém sabe como ele morreu, se foi suicídio, assassinato ou delírios causados pela droga. Para os fãs, como eu, a voz e o trompete de Chet, mesmo decadente, sempre remeterão a um clima sofisticado e intimista. E eu teimo em querer guardar aquele Chet Baker no seu auge, como uma imagem estranhamente espectral, como alguém preso em um bloco de gelo. 

Baixo – John Leftwich
Bateria, Percussão – Ralph Penland
Violão, Flauta – Nicola Stilo
Piano – Frank Strazzeri
Produtor – Steve Backer
Gravado por – Jim Mooney ( faixas: 1, 2, 4 a 7, 9, 10 ) , Philippe Omnes ( faixas: 3, 8, 11, 12 )
Gravado por (assistente) – Jerry Wood ( faixas: 1, 2, 4 a 7, 9, 10 )
Trompete, Vocais – Chet Baker

Faixas 1, 2, 4, 5, 6, 7, 9 e 10 gravadas no Sage & Sand Sound Studios, Hollywood, CA.
Faixas 3, 8, 11 e 12 gravadas no Studio Davout Recording, Paris, França.
Todas as músicas mixadas no Clinton Recording Studios, Nova York, NY.

Boa audição - Namastê


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