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A Ilha de
Wight fica ao Sul de
Southhampton - Inglaterra, um refugio de veraneio com uma população muito pequena. A
Inglaterra bem como a
Europa em si em finais dos anos
60, não tinha muita tradição em festivais de rock. A maioria deles estavam nos EUA:
Monterrey,
Fillmore East e o aclamadíssimo
Woodstock. O que mais se aproximou disso foi o famoso festival de
Montreaux, na
Suíça, organizado por
Claude Nobs, dedicado ao Jazz, abrindo as portas para o rock somente na década seguinte. A primeira edição ocorre timidamente em
31 de agosto de
1968, em Ford Farm, tendo
Jefferson Airplane e
T-Rex como atrações principais. Dez mil pessoas assistiram os concertos. Ganha algum prestígio em
1969, sendo realizado em Wootton, nos dias
30 e
31 de agosto, com uma gama maior de artistas, como
The Who,
Bob Dylan,
Joe Cocker,
Richie Havens, entre outros. O público também aumentou consideravelmente:
150 mil pessoas (aproximadamente) assistiram os dois dias do festival. Mas nada supera a edição de
1970. O mundo da música já tinha presenciado o furacão chamado
Woodstock. A terceira edição do festival foi realizado em
Afton Down, entre os dias
26 e
30 de Agosto (Devidos aos atrasos, acabou prolongando-se até o dia
31). Nesses cinco dias, atrações de peso passaram pelo palco, onde ocorreram shows inesquecíveis. O Festival conseguiu colocar
600 mil pessoas, o triplo de
Woodstock e do esperado pela organização do festival (outras fontes afirmam
800 mil pessoas), o que aterrorizou os
10 mil moradores da ilha na época e que colocou a
Europa no cenário dos grandes festivais de Rock. O clima e a atmosfera do festival eram bem parecidos com o de
Woodstock: ainda era tempos do “paz e amor” do movimento hippie, porém já em momentos de decadência. Por isso, não é difícil encontrar, em registros visuais do evento, acampamentos ou trailers espalhados pelo local do festival. Os próprios artistas que tocaram no festival falaram sobre isso:
Peter Townshend, guitarrista do
The Who, contou, em entrevista de
2004 ao cineasta
Murray Lerner, das dificuldades da chegada a Ilha, onde já estava ocorrendo problemas quanto a organização do festival, do comportamento do público (pedindo comida a Peter no camarim e apresentando um comportamento anarquista) e do seu incômodo em tocar em
Isle of Wight, com a tensão pré-show.
Carl Palmer, baterista do
Emerson,
Lake & Palmer, apesar de dizer que o ambiente criado pelo festival foi bom, o mesmo tinha tudo abaixo dos padrões: segurança, isolamento, banheiros, a ponto de dizer que “
cometeram-se todos os erros possíveis num festival”. O Festival iniciou-se no dia
26 de Agosto, com atrações menos conhecidas do público, como
Judas Jump,
Mighty Baby,
Kris Kristofferson (autor de
Me and Bobby McGee, mundialmente conhecida na voz de
Janis Joplin) e
Redbone. O mesmo panorama marcou o segundo dia de apresentações, com atrações como
Supertramp (que emplacou sucessos após a segunda metade dos anos
70) e
Black Window. Esse mesmo dia marcou a apresentação do então exilado
Gilberto Gil no festival, representando a tropicália brasileira (não existem registros desta apresentação). As grandes bandas começam a aparecer no terceiro dia do festival -
28 de Agosto. As principais atrações ficaram por conta da banda
Family (
Roger Chapman),
Chicago (
Peter Cetera) e o
Taste (
Rory Gallagher), que em uma entrevista disse que no momento do Festival, todos os integrantes da banda já não falavam entre si, mas que o clima do show foi bom. Após o festival, a banda foi dissolvida. O quarto dia do
Isle of Wight foi de arrepiar: o “debut” do power-trio progressivo
Emerson,
Lake & Palmer, com uma proposta musical inovadora (uso de conceitos da música clássica em “
Pictures at an Exhibition”), um sintetizador moog de quase
3 toneladas e tiros de canhão em pleno palco, o Jazz de
Miles Davis, o Free mostrando a competência de
Paul Rodgers e
Paul Kossof, além de
Ten Years After e
Joni Mitchell. Mas a noite foi dominada pela bandas
The Who, que, em seu auge criativo, tocou, além de seus grandes sucessos anteriores, a maioria das faixas da aclamada ópera-rock “
Tommy”, e
The Doors, que acabou sendo um dos últimos shows da banda com o lendário
Jim Morrison nos vocais. O último dia do festival tinha tudo para ser digno de um gran-finale, pois já tinham passado pelo palco o progressivo de
Jethro Tull, o psicodelismo do
Moddy Blues e o Folk de
Joan Baez.
Jimi Hendrix e sua “
Gypsy Suns and Rainbows” seria o encarregado de fechar a noite. Fez até um excelente show, com direito a
18 minutos de "
Machine Gun" e covers dos
Beatles e
Bob Dylan, porém suas idéias novas foram incompatíveis com o desejo do público em ouvir os sucessos mais antigos. Resultado: uma vaia monumental para Hendrix e um público mal-comportado, com direito a instrumentos no palco queimados. Os ânimos foram acalmados já na madrugada do extrapolado dia
31 de agosto, com o
Folk-Rock de
Leonard Cohen e sua banda, a “
The Army”, que foram chamados de última hora e que fecharam o festival em grande estilo. Festival da
Ilha de Wight só voltou a ser realizado em
2007, tendo como principal atração os
Rolling Stones. De lá para cá, o evento vem sendo realizado anualmente, porém de uma forma cada vez mais opaca e sem o mesmo brilho de antes. A edição desse
2010 ocorreu entre os dias
11 e
13 de Junho, tendo como atrações notoriamente conhecidas
Paul McCartney,
Spandau Ballet e
The Strokes. Quase passando em branco, diga-se de passagem. Os diversos registros do
Isle of Wight Festival 1970 começaram a ser publicados na década de
1990 em áudio e em vídeo de forma oficial e através dos famosos bootlegs (
gravações não autorizadas de áudio ou vídeo). As diversas filmagens dos shows de
Isle of Wight Festival foram feitas pelo cineasta renomado
Murray Lerner. O álbum "
Message to Love –
The Isle of Wight Festival –
V.A." traz uma coletânea dos artistas que se apresentaram com suas melhores performances do show. Fontes:
Whiplash,
Wikipédia e Site Oficial do “
The Isle Of Wight Festival” .
Miles Davis (queria ter visto esse show), teve uma apresentação que duração de apenas
38 minutos diante de uma platéia alucinógena que em registro de vídeo, mostra não agrada muito.
Davis naquela ocasião, deve ter saído de seu lar com o unico propósito de 'agradar' ao público com sua música. Ele praticamente se faz de super-humano ao simplesmente entrar no palco tocar por pouco mais de meia hora e sair dando apenas um breve aceno para o público que, nesta altura do campeonato já estava totalmente sob o efeito de Canabis e outros pejorativos. Depois do show, um jornalista perguntaram a
Miles Davis qual era o nome da musica tocada. Ele com toda a sinceridade que um homem pode ter, respondeu: "-
Call It Anything...!!!".
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