sábado, 13 de setembro de 2008

1961 - Thelonious Monk with John Coltrane

Ele foi o mais importante saxofonista surgido depois de Charlie Parker, desenvolvendo um novo modo de tocar que ampliou os horizontes do jazz. Evoluiu do hard bop para o jazz modal e o free, incorporando estruturas da música indiana e imbuindo suas interpretações de forte carga emocional e mística. Suas "sheets of sounds" (sequências de notas tão rápidas e longas que davam a impressão "folhas" ou camadas de som) tornaram-se um desafio para os saxofonistas. John William Coltrane nasceu em Hamlet - Carolina do Norte em 23 de setembro de 1926. Tocou em grupos de rhythm & blues e depois com Dizzy Gillespie e Johnny Hodges. Atingiu a maturidade musical no lendário quinteto de Miles Davis nos anos 50 no qual permaneceu de 55 a 60 tendo participado do lendario "Kind of Blue" marco do jazz modal. Nesse período também fez uma histórica colaboração com Thelonious Monk e lançou em 59, "Giant Steps" sua primeira grande obra como líder na qual já esboçava as "sheets of sounds". Ao deixar Miles formou o clássico quarteto que incluía McCoy Tyner (piano) e Elvin Jones (bateria). Ainda em 60 lançou "My Favorite Things" outra obra-prima. Suas experimentações atingiram a plenitude em "A Love Supreme" de 64 onde mergulhou na música indiana e no espiritualismo. "Ascension" de 65 marca sua adesão ao free jazz. Estava no auge da carreira quando em 17 de julho de 67 morreu de infecção hepática em Huntington - Nova York. Nos anos 30 o jazz era a melhor diversão e música para dançar. O bebop o intelectualizou, almejando convertê-lo em forma de arte. Coltrane levou-o a um novo patamar adotando uma atitude espiritualista perante a música. Ele "escreveu" seu próprio livro sagrado - o LP "A Love Supreme" de 64, que dedicou a Deus. Os quatro temas do disco sucedem-se como uma oração sem palavras (com exceção da frase mântrica que dá nome a ele) capaz de comover o jazzófilo mais ateu. Apesar de manifestar interesse pela cultura hindu, ele parecia não se vincular a uma religião específica. Sua crença era de que todas as pessoas deveriam se esforçar em prol de um mundo melhor e que a música poderia ser um veículo para transmitir pensamentos positivos. A "pregação" de Coltrane foi bem sucedida. Seus mais fiéis seguidores, o saxofonista Pharoah Sanders e a viúva Alice Coltrane também adotaram uma postura devocional e positiva diante da música e da vida.
Curiosidades:
*Os longos solos de Coltrane que podiam durar 20 minutos ou mais, tornaram-se lendários e geraram muita polêmica. O importante crítico Ira Gitler disse na época que os 16 minutos de "Chasin' the Trane", registrados em 61 no álbum "Live at the Village Vanguard" pareciam "a espera da passagem de um trem de carga de cem vagões". Quando ele tocava no grupo de Miles Davis o patrão exigiu que fizesse solos mais curtos e Coltrane alegou que não conseguia pois eles seguiam um encadeamento lógico. "É só tirar a p... do sax da boca!", respondeu o irascível Miles.
*Coltrane serviu na marinha entre 45 e 46 em uma base no Havaí tocando clarinete em um grupo chamado Melody Makers. Sua primeira gravação foi feita com uma banda militar em julho de 46.
*Em seus dois últimos anos de vida, Coltrane foi casado com a pianista e harpista Alice Coltrane que morreu em janeiro de 2007 deixando também uma obra de grande qualidade. Um dos filhos do casal - Ravi é hoje um renomado saxofonista e já esteve algumas vezes no Brasil.
*Entre as muitas homenagens feitas a ele estão a do serviço postal americano, que estampou seu rosto em um selo e a da companhia cinematográfica Universal que deu o nome do saxofonista a uma rua de seus estúdios.
Thelonious Monk & John Coltrane traça um perfil da genialidade do mestre. Coltrane tinha uma verdadeira admiração por Monk "ele é um dos poucos que realmente pensa a música. Monk é um arquiteto musical da mais alta ordem." Juntos gravaram esse albúm que apesar de registrado em rolo em Abril e Julho 1957 so foi lançado em 1961. As seis composições do album - "Ruby My Dear", "Trinkle, Tinkle" , "Off Minor", "Nutty", "Epistrophy" e Functional" tinham sido retiradas do imenso catálogo do pianista. Sua parceria com Thelonious Monk durante o ano de 1957 foi uma das mais belas da música e merece ter sua história contada.
Curiosamente: a faixa "Functional" é um longo solo apenas de Monk.

Faixas:
01 - Ruby, My Dear
02 - Trinkle, Tinkle
03 - Off Minor (Take 4)
04 - Nutty
05 - Epistrophy (Alternate Take)
06 - Functional (Alternate Take)

Musicos:
Thelonius Monk – piano (Faixas 1,2,4,6)
John Coltrane – Sax. tenor
Wilbur Ware – Baixo Acustico
Shadow Wilson – Bateria (Faixas 3,5)
Ray Copeland – Trompete
Gigi Gryce – alto saxophone
Coleman Hawkins – Sax. tenor
Wilbur Ware – Baixo
Art Blakey – Bateria

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Boa audição - Namastê