terça-feira, 5 de julho de 2022

# 047 - Classic Jazz At Saint-Germain-des-Pres (1954-1955)

Lançamento: 2000
Selo: Gitanes Jazz Produção
Gênero: Dixieland, Piano Blues

No século 19, New Orleans era um próspero porto e uma das mais cosmopolitas cidades da América. Continha uma mistura picante de raças e etnias, incluindo os europeus, africanos, crioulos, termo que se referia ao escravo negro nascido nas Américas, e outros. Desde os primórdios da história de New Orleans, os negros coexistiram com os brancos de origem européia. Alguns eram ex-escravos que conseguiram comprar sua liberdade. Milhares chegaram à New Orleans de Saint-Domingue (atual Haiti), após as revoltas de escravos no fim dos anos 1700 e início de 1800. Muitos também vieram de Cuba depois de 1809. Esta grande variedade deu a New Orleans uma cultura única, e todos os ingredientes necessários para preparar um novo estilo de música. A cidade tem um lugar de destaque no início do desenvolvimento do jazz. Uma cidade portuária com portas abertas aos sons coloridos do Caribe e do México e uma grande população negra bem estabelecida. E a crescente cidade estava madura para o desenvolvimento da nova música na virada do século. New Orleans foi o lar de grandes clarinetistas como Johnny Dodds, Jimmy Noone e Sidney Bechet. E de grandes cornetistas que chegaram. Primeiro Joe ‘King’ Oliver que veio de Louisiana e foi professor da futura estrela, o trompetista Louis Armstrong. Joe ‘King’ Oliver foi seu mentor e professor e sua influência foi tal que Armstrong afirmou: se não tivesse sido por Joe Oliver, o jazz não seria o que é hoje. Depois, de Mississippi à New Orleans, juntamente com outros músicos influentes, chegou Jelly Roll Morton. A partir de 1817, os escravos negros de New Orleans foram autorizados a dançar e cantar nas tardes de domingo, na ‘Congo Square’, perto do bairro francês. Centenas se reuniam para as celebrações. Alguns cantavam as músicas entoadas nas plantações de algodão que eram derivações dos cantos da Igreja Batista. Outros dançavam ao som das batidas tribais dos caribenhos. Ainda outros mostravam as danças africanas transmitidas através de gerações. À medida que o século avançava a música de New Orleans também foi influenciada pela arte dos menestréis, que se tornou extremamente popular e foi responsável pela popularização da música e da dança, principalmente o sapateado. A música era escrita por negros e brancos e dominou as paradas por décadas e produziu alguns dos primeiros compositores afro-americanos de sucesso. Na década de 1890, New Orleans já era um caldeirão musical. Em seguida, o ragtime e o blues chegaram. O ragtime era uma música dançante, que combinava elementos de marchas militares, música européia e a arte dos menestréis. Os jovens adoravam. Seus pais odiavam. O blues chegou na mesma época, trazido por negros refugiados provenientes de outros estados do Sul, que vieram para New Orleans para escapar ao ódio racial e aos campos de algodão. Basicamente, o jazz de New Orleans nasceu quando os músicos negros e os crioulos adicionaram ragtime e estilos de blues à mistura já potente da música que tocavam e sobre tudo improvisavam. Enquanto a secção rítmica, termo que designa um grupo de instrumentos musicais, tocava uma música, um trombetista interrompia mostrando seu talento e habilidade. E depois outros também o faziam e assim, a improvisação tornou-se a essência do jazz. Um pianista crioulo chamado Jelly Roll Morton foi o primeiro homem a escrever melodias do jazz original, e ele alegou ter ‘inventado’ o jazz. Mas a tradição diz que o trompetista e barbeiro Buddy Bolden foi o primeiro homem a liderar uma banda de jazz real. Buddy Bolden foi internado num hospício em 1907 e lá permaneceu até sua morte em 1931. Até então, os sucessores como King Oliver e Louis Armstrong tinham levado o jazz a um novo patamar de popularidade e para outras cidades como Chicago e Nova York. A música nascida em New Orleans é considerada a mais importante. Como uma linguagem musical, o jazz através dos negros das Américas a partir da batida sincopada do ragtime, das fanfarras e dos coros de gospel misturado aos gritos dos campos de algodão e ao rosnado profundo do blues foi exportado para todo o mundo. As ‘brass bands’, um grupo musical em geral, constituído exclusivamente por instrumentos de metal, para o conforto das famílias, tocam durante os funerais. O ‘jazz funeral’ começa sombrio. Em seu caminho para o cemitério, a banda de metais executa tristes hinos fúnebres chamados ‘lamúrias’. ‘Nearer My God to Thee’ é a escolha mais popular, mas pode ser qualquer outra música que lembre aos enlutados os altos e baixos da vida. Este tom sombrio dura até que a procissão resolve mandar o carro fúnebre para o destino final, o cemitério. É neste ponto que a banda de repente passa a tocar ‘When the Saints Go Marching In’ ou ‘Didn’t He Ramble,’ ou talvez ‘Lil Liza Jane’. E os próprios enlutados, parentes e carpideiras, dançam com abandono selvagem. Eles vão freqüentemente enfeitados com guarda-chuvas, e os transeuntes são convidados, com sorrisos e alegria, a participarem da comemoração. Este funeral remonta a antigas tradições africanas dos iorubás da África Ocidental. Uma crença de que a vida acabou neste mundo, mas um espírito corre livre e solto e aqueles que vivem em luto podem deleitar-se com o conhecimento de que seu parente ou velho amigo estará dançando do outro lado com o coração cheio de alegria.

Saxofone Barítono – Jean-Louis Chautemps ( faixas: 4, 8 )
Clarinete – Albert Nicholas ( faixas: 1 a 8 ) , Gérard Badini ( faixas: 9 a 14 )
Contrabaixo – Buddy Banks (2) ( faixas: 1, 2, 5, 6 ) , Guy Pedersen ( faixas: 9 a 14 ) , Ricky Garzon 
( faixas: 4, 8 )
Bateria – François "Moustache" Galepides * ( faixas: 9 a 14 ) , Jacques David ( faixas: 1, 2, 5, 6 ) , Robert Barnet ( faixas: 3, 4, 7, 8 )
Piano – André Persiany ( faixas: 1, 2, 5, 6 ) , Claude Bolling ( faixas: 3, 4, 7, 8 ) , George Arvanitas 
 ( faixas: 9 a 14 )
Saxofone soprano – Michel Attenoux ( faixas: 1, 2, 5, 6, 9 a 14 )
Trombone – Benny Vasseur ( faixas: 4, 8 ) , Bernard Zacharias ( faixas: 1, 2, 5, 6 ) , Claude Gousset
 ( faixas: 9 a 14 ) , Jimmy Archey ( faixas: 9 a 14 )
Trompete – Guy Longnon ( faixas: 1, 2, 5, 6 ), Jean Liesse ( faixas: 4, 8 ), Louis Henry ( faixas: 9 a 14 )

Gravado em março de 1954 em Paris (1-8) e 27 de janeiro de 1955 no estúdio Magellan, Paris (9-14)

Boa audição - Namastê
 

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