sábado, 15 de julho de 2023

Dizzy Gillespie – Dizzy Gillespie No Brasil Com Trio Mocotó 2010

Artista: Dizzy Gillespie

Álbum: Dizzy Gillespie & Trio Mocotó

Lançamento: 2010

Selo: Biscoito Fino

Gênero: Bebop, Latin Jazz 

Culminando em uma música realmente sem fronteiras, com registros realmente incríveis e que acima de tudo comprovam que um músico com mente aberta rende muito mais. Não há nada igual a uma surpresa e a maior delas (acredite se quiser), foi gravada em terras plenamente brasileiras meus amigos e o resultado só os fortes compreendem, no fim das contas é um Jazz-Samba-Rock que à princípio parece até mentira, Dizzy Gillespie rachando o assolha com o Trio Mocotó. Essa gravação é absolutamente desconhecida do grande público, admirador não só de Jazz, mas das obscuridades nacionais. O registro é oriundo de uma passagem de Dizzy pelo Brasil em agosto de 1974. Aparentemente o músico viu do que o Trio Mocotó era capaz e, fazendo jus ao seu trompete visionário, correu para o estúdio Eldorado e registrou seis takes com este forte condimento na Jam, unindo seu Bebop ao som fervilhante do trio tupiniquim. São apenas seis faixas apenas. As duas primeiras músicas, “Samba” e “The Truth”, são do pianista e compositor Michael Josef  ‘Mike’ Longo, que trabalhou com Dizzy (com quem dividiu o disco The Earth Is But One Country). O solo de trompete atravessa a seção rítmica de “Samba”,  já “The Truth” é mais experimental, com solos concêntricos de Dizzy costurando um percurso no meio da percussão. Em “Evil gal blues”, há um dueto com a cantora Mary Stallings. As duas faixas aparentemente criadas durante as sessões, “Dizzy’s shout/Brazilian improvisation” e “Rocking with Mocotó” são creditadas ao trompetista. O trompetista Dizzy Gillespie  foi um dos responsáveis pela modernização do Jazz e pelo alargamento de suas fronteiras, buscando conexões com os ritmos afro-cubanos, por exemplo. A primeira vez que Dizzy desembarcou aqui no Brasil foi em agosto de 1956. Já nesta primeira visita, falou de seu fascínio por Dorival Caymmi. Em 1961 e 1963, voltou e elogiou a batida da bossa nova de João Gilberto. Em 1971, arrumou batucadas com sambistas de escolas de samba. Em agosto de 1974 retornou ao Brasil disposto a inovações. Na visita que fez em 1974, tinha em mente, segundo executivos das gravadoras Philips e do selo americano Perception, fazer um disco inteiro em que o trompetista se faria acompanhar por cerca de 100 ritmistas brasileiros. Chegou a tocar com sambistas da Escola de Samba Mocidade Alegre de Padre Miguel. Mas gravar era um problema. “Reunir 100 ritmistas para uma gravação foi a primeira ideia que os empresários tentaram tirar da cabeça de Dizzy”, relata reportagem do “Jornal da Tarde” de 14 de agosto de 1974. Os produtores sugeriram que um único conjunto o acompanhasse. E após alguns ensaios, Dizzy acabou se entrosando com o Trio Mocotó, formado por Nereu Gargalo, João Parayba e Fritz Escovão. Além do trio, estavam lá no estúdio Branca de Neve (surdo), Teo (cuíca), Rubetão, Jair e Carlinhos (pandeiros). A banda de Dizzy incluía Mickey Roker (bateria), Al Gafa (guitarra) e Earl May (contrabaixo). Havia também Mary Stallings, uma cantora de São Francisco, muito influenciada por Carmen McRae, que Dizzy trouxe em sua comitiva anunciando como uma das prováveis sucessoras de Ella Fitzgerald. “Dizzy chegou depois do almoço, por volta das 3 da tarde, e deu um chá de cadeira em todo mundo. Ficou uma hora fazendo meditação, deitado no chão do estúdio”, conta o percussionista João Parahyba. Durante 8 horas, no Estúdio Eldorado em São Paulo, Dizzy gravou com o Trio Mocotó. O plano era lançar o disco em janeiro do ano seguinte. O resultado daquela sessão não ficou conhecido. Dizzy foi embora levando a master do disco debaixo do braço, porém nunca o lançou. Chegou a fazer discos híbridos de jazz e música brasileira, mas não se teve mais notícia daquela master. Até 2008, quando então a famigerada master de “sambabop” chegou às mãos do produtor Suíço Jacques Muyal, trazendo na capa feita à mão apenas uma foto do trompetista e a frase “Com o Trio Mocotó”. Muyal saiu em campo e aos poucos, com a ajuda de entre outros do percussionista Parahyba (do Mocotó) e o jornalista Jotabê Medeiros, identificou músicos, repertório, autores e estúdio para poder trazer à tona esse disco, lançado pelo selo Groovin’ High Records, e, no Brasil, pela Biscoito Fino. “Entre os brasileiros, reencontrei a sonoridade ideal porque, para mim, música boa é aquela que, de um modo ou de outro, tem cor negra”, afirmou certa vez Dizzy. Ao lado de Charlie Parker, Lester Young, Thelonious Monk e Miles Davis, Dizzy Gillespie implantou uma das mais revolucionárias mudanças na face da música do século 20, criando o bebop. Deixou canções imortais do jazz, como “A Night in Tunisia” e “Salt Peanuts”. Filho de um pedreiro da Carolina do Sul, começou na música substituindo Roy Eldridge na orquestra de Ted Hill. Veio oito vezes ao Brasil, a última em 1991, quando tocou no extinto Free Jazz Festival com sua banda multiétnica United Nation Orchestra. Sempre foi fascinado pela música brasileira. Na Europa, em shows na França em 1958 e 1962, tocou temas da bossa nova, como “Chega de Saudade”, “Manhã de Carnaval” e “Samba de Uma Nota Só”. Nos anos 60, aproximou-se da música cubana e projetou nomes como Paquito D’Rivera, Giovanni Hidalgo e Arturo Sandoval. Gravou mais de 100 discos e, ao morrer, aos 75 anos, no Englewood Hospital de Nova York, tinha câncer no pâncreas. Dizem que morreu dormindo, com uma de suas músicas 'Dizzy’s Nine', tocando num gravador ligado. Fonte: GABI, Tá em Choque?

Cuíca – Fritz Escovão 

Contrabaixo – Earl May

Bateria – Mickey Roker

Guitarra – Al Gafa

Pandeiro – Nereu Gargalo

Percussão – João Parahyba

Trompete – Dizzy Gillespie

Vocais – Mary Stallings (faixas: 4)

Gravado em Agosto de 1974 – Estúdios Eldorado, São Paulo 


Boa audição - Namastê

Um comentário:

Cri disse...

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