segunda-feira, 14 de junho de 2010

Strange Fruit

Strange Fruit foi composta como poema, escrito por Abel Meeropol, um professor judeu de colégio do Bronx, sobre o linchamento de dois homens negros. Publicou sob o pseudônimo de Lewis Allan. Meeropol escreveu "Strange Fruit" para expressar seu horror com os linchamentos, possivelmente após ter visto a fotografia de Lawrence Beitler do linchamento de Thomas Shipp e Abram Smith em Marion - Indiana - ocorrido em 07 de agosto de 1930. Publicou o poema em 1936, no The New York Teacher, uma publicação sindical. Embora Meeropol ou Allan tenha sido frequentemente convidado por outros (notavelmente Earl Robinson) para musicar seu poema, só após algum tempo musicou Strange Fruit. A canção teve algum sucesso como protesto na região de Nova Iorque. Meeropol, sua esposa e a vocalista negra Laura Duncan apresentaram-na no Madison Square Garden. Barney Josephson, o fundador do Cafe Society em Greenwich Village a primeira casa noturna integrada da cidade ouviu a canção e a apresentou a Billie Holiday. Holiday cantou a música pela primeira vez no Cafe Society em 1939 com medo de retaliações. Mais tarde disse que as imagens de "Strange Fruit" lembravam-na de seu pai, isto fez com que ela continuasse a cantar a música. A canção tornou-se parte regular das apresentações ao vivo de Billie. Holiday se aproximou de sua gravadora, a Columbia Records para gravar a canção, mas temendo a repercussão das lojas de discos no sul, assim como a possível reação negativa de rádios afiliadas à CBS, recusou-se a gravar a canção. Mesmo o grande produtor da John Hammond da Columbia recusou-se também. Decepcionada, Billie procurou seu amigo Milt Gabler (tio do comediante Billy Crystal), cuja selo, a Commodore Records, gravava músicas de jazz alternativo. Billie cantou para ele "Strange Fruit" a cappella e a canção comoveu Gabler ao ponto de fazê-lo chorar. Em 1939 Gabler fez um arranjo especial com a Vocalion Records para gravar e distribuir a canção e a Columbia permitiu a realização de uma sessão fora do contrato para poder gravar a música. "Strange Fruit" foi altamente considerada. Na época, tornou-se o maior sucesso de vendar de Billie Holiday. Em sua autobiografia - Lady Sings the Blues, Holiday - sugeriu que ela, junto com Lewis Allan, seu acompanhante Sonny White e o arranjador Danny Mendelsohn, musicaram o poema. Quando perguntada, Holiday - cuja autobiografia fora escrita por William Dufty - dizia, "Eu nunca li aquele livro". A versão de Holiday foi colocada na lista do Hall da Fama do Grammy em 1978. Também foi incluída na lista de canções do século da Recording Industry of America e da National Endowment for the Arts. Barney Josephson reconheceu o impacto da canção e insistiu para que Billie encerrasse suas apresentações com ela. Quando a canção estava para começar, os garçons paravam de servir as mesas, todas as luzes se apagavam e um único foco de luz iluminava o palco. Durante a introdução, Billie ficava com seus olhos fechados como se evocando uma oração. Numerosos outros cantores também fizeram versões desta canção. Em outubro de 1939, Samuel Grafton do The New York Post assim descreveu "Strange Fruit: Se a ira dos explorados já foi além do suportável no Sul, agora há a sua Marseillaise (Hino Nascional)." Em dezembro de 1999, a revista Time deu a "Strange Fruit" o título de canção do Século. Em 2002, a Biblioteca do Congresso colocou a canção dentre as 50 que seriam adicionadas ao National Recording Registry.
Fonte: Wikipedia

"Southern trees bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black bodies swinging in the southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.

Pastoral scene of the gallant south,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolias, sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh.

Here is the fruit for the crows to pluck,
For the rain to gather, for the wind to suck,
For the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop."

ooo

"Árvores do sul produzem uma fruta estranha,
Sangue nas folhas e sangue nas raízes,
Corpos negros nadando na brisa do sul,
Fruta estranha pendurada nos álamos.

Pastoril cena do valente sul,
Os olhos inchados e a boca torcida,
Perfuma das magnólias, doce e fresca,
Depois o repentino cheiro de carne queimada.

Aqui está a fruta para os corvos arrancarem,
Para a chuva recolher, para o vento sugar,
Para o sol apodrecer, para as árvores deixarem cair,
Aqui está a estranha e amarga colheita."


Um comentário:

MJ FALCÃO disse...

Comovo-me sempre ao ouvir a canção.
Obrigada por repetir, contar, falar dela, falar desse horrível momento...
Não conhecia o autor da letra, fiquei a saber quem era.
Strange Fruit é arrepiante (struggente, dizem os italianos...) e ela canta como só ela poderia fazer...