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quinta-feira, 27 de abril de 2023

Sarah Vaughan & Woody Herman And His Orchestra – On The Radio: The 1963 'Live' Guard Sessions

Artista: Sarah Vaughan & Woody Herman
Lançamento: 2008
Selo: Acrobat Music
Gênero: Swing, Vocal, Bop, Big Band

No início dos anos 60, o governo americano teve a ideia de gravar instrumentistas e vocalistas de jazz para programas especiais destinados a recrutar jovens para a Guarda Nacional. Embora pareça intrigante que os adolescentes do sexo masculino da época fossem atraídos por nomes como Sarah Vaughan e Woody Herman, ambos ouvidos neste programa, a música é excelente. Os vocais de Vaughan estão límpidos o tempo todo, especialmente no tratamento exuberante de "On Green Dolphin Street" (com o clarinete de Herman ao fundo), junto com um de seus números mais solicitados, "Poor Butterfly". Os instrumentais de Herman incluem uma versão swing de "Muskrat Ramble", junto com números frequentemente solicitados como "At The Woodchoppers Ball" e "Four Brothers". Herman ainda arrisca um vocal (um passável "Martin Block - que continua apresentando quase todas as músicas com o comentário irritante "This is take one") e os claramente desconfortáveis ​​Vaughan e Herman. De qualquer forma, essa música mais do que compensa a tagarelice fútil.

Sax. Barítono – Frank Hittner, Gene Allen

Baixo – Chuck Andrus

Clarinete – Woody Herman

Bateria – Jake Hanna

Piano – Nat Pierce

Sax. Tenor – Bill Perkins, Bobby Jones, Gordon Brisker, Larry Cevelli, Sal Nistico

Trombone – Eddie Morgan, Henry Southall, Jack Gale, Phil Watson

Trompete – Bill Chase, Dave Gale, Gerry Leroy, Paul Fontaine, Ziggy Harrell

Vocais - Sarah Vaughan

Gravado do programa de rádio em 1963

Boa audição - Namastê

terça-feira, 11 de abril de 2023

Duke Ellington – The Private Collection: Vol. Four, Studio Sessions, Nova York 1963

Artista: Duke Ellington

Álbum: The Private Collection Vol.04

Lançamento: 1996

Selo: Kaz Records

Gênero: Big Band, Swing

A evolução do jazz foi tão rápida de 1920 a 1970 que se uma banda parasse musicalmente por mais de cinco anos, ficaria para trás no tempo e soaria datada. A maioria dos conjuntos da década de 1920 estava em grande parte obsoleta na era do swing da década de 1930 e quase todas as bandas de swing caíram em desgraça no final da década de 1940, quando o bebop se tornou o mainstream. No entanto, Ellington resistiu a todas as tendências e, seja em 1926, 1943, 1956 ou 1973, sua orquestra se classificou entre as cinco primeiras na cena do jazz moderno da época. Nenhum outro conjunto soou tão novo, relevante e inovador por tanto tempo. Ellington fez isso nunca se encaixando em uma categoria restritiva ou perseguindo modismos musicais. Ele simplesmente criou a música em que acreditava, reorganizando regularmente seus números mais populares para “Mood Índigo.

Sax. Alto – Johnny Hodges (faixas: 1 a 16), Russell Procope (faixas: 1 a 16)

Sax. Barítono – Harry Carney ( faixas: 1 a 16 )

Baixo – Ernie Shepard ( faixas: 1 a 16 )

Clarinete, Saxofone Tenor – Jimmy Hamilton (faixas: 1 a 16)

Cornet – Ray Nance (faixas: 1 a 16)

Bateria – Sam Woodyard (faixas: 1 a 16)

Piano – Duke Ellington

Sax.Tenor – Paul Gonsalves ( faixas: 1 a 16 )

Trombone – Buster Cooper (faixas: 6 a 8, 16), Chuck Connors (faixas: 6 a 8, 16), Lawrence Brown (faixas: 6 a 8, 16)

Trompete – Cat Anderson (faixas: 6 a 8, 16), Cootie Williams (faixas: 6 a 8, 16), Eddie Preston (faixas: 7, 8, 16), Rolf Ericson (faixas: 6 a 8, 16)

Este é um de uma série de dez álbuns que, juntos, é a coleção definitiva das composições significativas escritas por Duke Ellington e algumas outras canções há muito associadas ao seu campo de trabalho. Essas gravações foram produzidas pessoalmente pelo próprio Duke Ellington e têm permaneceram em sua coleção particular desde a sua conclusão. Documentando uma grande parte de sua obra musical, algumas das quais nunca foram lançadas comercialmente, essas gravações privadas estão sendo disponibilizadas pela família de Ellington pela primeira vez.

Nº 2, 9 a 15: Gravado em Nova York, 17 de abril de 1963.

Nº 1, 3 a 5: Gravado em Nova York, 15 de maio de 1963.

Nº 6 a 8, 16: Gravado em Nova York, 18 de julho de 1963.


Boa audição - Namastê

quinta-feira, 16 de março de 2023

Ella Fitzgerald The Jerome Kern Song Book 1963

Artista: Ella Fitzgerald  
Lançamento: 1993
Selo: Verve Records
Gênero: Vocal Jazz, Easy Listening, Swing, Cool Jazz


 Ella Fitzgerald é justamente adorada por suas interpretações soberbas e muitas vezes definitivas de Cole Porter , Irving Berlin , Rodgers & Hart e melodias de Gershwin , que estão bem documentadas em sua série Song Book. A adição de Sings the Jerome Kern Song Book à discografia de Fitzgerald é bem-vinda. Gravado em 1963, o álbum prova que a voz de Fitzgerald está dourada como sempre. No entanto, a idade estava começando a colorir um pouco seu canto, e essa textura adiciona uma bela dimensão a canções como a sombria "Why Was I Born?" e o anseio "Can't Help Lovin 'Dat Man". Nelson RiddleAs paradas são tipicamente inteligentes e suingantes, com um som exuberante e cheio que equilibra soco e lirismo. A entrega efervescente de Fitzgerald e o timbre rico em mel trazem à tona o humor de "A Fine Romance", a melancolia de "I'm Old Fashioned" e o romance terno de "The Way You Look Tonight", colocando sua marca distintiva em cada um. É certo que agradará os fãs de Kern e os padrões das big band, e para os aficionados dos outros álbuns do Song Book de Fitzgerald. Ella Fitzgerald Sings the Jerome Kern Song Book é um álbum de estúdio de 1963 dacantora de jazz americana Ella é acompanhada por uma orquestra arranjada e conduzida por Nelson Riddle. O álbum foca nas canções do compositor Jerome Kern. Segundo da série Song Book de Fitzgerald a ser orquestrado por Riddle; sua colaboração anterior foi no seu George and Ira Gershwin Song Book em 1959. Fitzgerald e Riddle também gravaram dois álbuns de padrões, Ella Swings Brightly with Nelson e Ella Swings Gently with Nelson, em 1962. Este foi o sétimo e penúltimo álbum da série Song Book de Fitzgerald de canções escritas por compositores de teatro musical ; foi precedido por Ella Fitzgerald Sings the Harold Arlen Song Book de 1961 e seguido por Ella Fitzgerald Sings the Johnny Mercer Song Book em 1964. Premiado com quatro estrelas e meia pela revista Down Beat em 1963. 

Ella Fitzgerald: Vocais  

Trompete: George Seaberg, Don Fagerquist, Carroll Lewis, Vito Mangano,

Bateria: Alvin Stoller, Frank Emílio Flynn, 

Violino: israel padeiro, Victor Bay, Alex Beller, Victor Arno, Erno Neufeld, Félix Slatkin, Dan Lube, Gerald Vinci, Lou Raderman, Nathan Ross, Sidney Sharp

Sax (Alto): Ronnie Lang 

Sax (tenor): Ted Nash, Plas Johnson

Violoncelo: Justin DiTullio, David Pratt, Kurt Reher, Sargento Emmet, José Saxão, Eleanor Slatkin

Guitarra: Robert Bain

Trompa francesa: João Caverna, James A. Decker, Vincent De Rosa, William Hinshaw

Produtor: Normando Granz 

Baixo: Joe Conforto  

Sopro de Madeira: Buddy Collette, Harry Klee, Joe Koch

Violoncelo: Armand Karpoff, Ray Kramer, Edgar Lustgarten, George Neikrug,   

Trompa Francesa: Arthur Maebe

Trombone: Richard Taylor "Dick" Nash, Tommy Pederson, George Roberts, Tommy Shepard 

Viola: Alex Neimann, Paul Robyn, Bárbara Simons, 

Harpa: Ann Mason Stockton

Piano: Paul Smith, Paulo "Scooby" Smith


Gravado de 5 a 7 de janeiro de 1963 no Radio Recorders Studio 10H, Los Angeles


Boa audição - Namastê

domingo, 14 de julho de 2019

1963 - Stan/Gilberto - Stan Getz & Joao Gilberto



Artista: Stan Getz & João Gilberto
Album: Getz / Gilberto
Lançamento: 1963
Selo: Verve
Gênero: Bossa Nova, Brazilian Songs, Latino Jazz
“Eu quero que o Brasil faça silêncio para ouvir João Gilberto. Que os brasileiros 
ouçam mais João Gilberto” - Maria do Céu Harris

Boa audição - Namastê

sexta-feira, 29 de março de 2019

1963 - Pery é Todo Bossa - Pery Ribeiro

Artista: Pery Ribeiro
Álbum: Pery é Todo Bossa
Lançamento: 1963
Selo: EMI (ODEON)
Gênero: Bossa Nova, Brazilian Songs
O cantor e compositor Pery Ribeiro era filho da cantora Dalva de Oliveira (1917-1972) e do cantor e compositor Herivelto Martins (1912-1992). Pery iniciou a carreira artística aos três anos, quando fez a dublagem do anão Dengoso em filmes de Walt Disney ao lado de sua mãe, que interpretava a Branca de Neve. Aos 5 anos, em 1942, participou de “It’s all true”, o filme inacabado de Orson Welles, filmado no Brasil. Em 1959, trabalhando na TV Tupi como operador de câmera, foi convidado para participar do programa de Paulo Gracindo na Rádio Nacional.
Boa audição - Namastê

sábado, 14 de abril de 2018

1963 - Stitt Plays Bird - Sonny Stitt


Artista: Sonny Stitt
Álbum: Stitt Plays Bird
Lançamento: 1963
Selo: Atlantic / Wea
Gênero: Jazz,  Bebop, Hard Bop


Boa audição - Namastê

domingo, 20 de novembro de 2016

1963 - Miles Davis na Europa - Miles Davis


Ele foi chamado de o Príncipe da Escuridão. Um homem mítico que atravessou diversas vezes o inferno e de lá saía cada vez mais surpreendente e inovador. Se tivesse sido apenas um extraordinário músico com uma carreira de quase 50 anos e uma discografia tão extensa e difícil de enumerar, ele já teria seu lugar mais do que reservado no mundo do jazz e da música como um todo. Miles pertenceu à uma classe tradicional de trompetistas de jazz que começou com Buddy Bolden e desenvolveu-se com Joe "King" Oliver, Louis Armstrong, Roy Eldridge passando por Dizzy Gillespie. Ao contrário desses músicos ele nunca foi considerado com um alto nível de habilidade técnica. Seu grande êxito como músico, entretanto, foi ir mais além do que ser influente e distinto em seu instrumento e moldar estilos inteiros e maneiras de fazer música através dos trabalhos com seus famosos grupos em que muitos dos quase se tornaram importantes músicos de jazz e fizeram seu nome na segunda metade do século XX. Este álbum é a soma disso e mais um lembrete ao navegantes e pescadores de fim de semana de como a arte é diferente do autor e vice e versa como muitos tem comparado. Gravado ao vivo na França no Festival Mundial du Jazz Antibes, Miles Davis na Europa traça um novo perfil do trompetista no final 1963 já com um novo embrião para a formação definitiva do seu segundo grande quinteto (64-68). Miles Davis na Europa é uma convite a explorar novos talentos que inclui o saxofonista tenor George Coleman premiado pela Jazz Foundation of América em 1997 com o premio "Life Achievement Award", o pianista Herbie Hancock inovador e quase pai do teclado no jazz, o baixista Ron Carter veterano com uma extensa lista de gravações e parcerias e o baterista Tony Ruption Williams. Embora Coleman seria afastado do grupo em menos de um ano ele revelou-se um desejoso improviser que merecia mais atenção em uma carreira solo do que naquela altura. Nada menos do que três álbuns com esse formação - "Miles Davis na Europa", "My Funny Valentine", e "Four and More". A produção desse álbum ficou a cargo do então cherife e empresario de Miles,Téo Macero.
 
 

Boa audição - Namastê.

segunda-feira, 4 de maio de 2015

1963 - Reflections - Stan Getz


Artista: Stan Getz
Álbum: Reflections
Lançamento: 1963
Selo: Verve Records
Gênero: Jazz, Cool Jazz
Personnel: Stan Getz (tenor saxophone); Claus Ogerman, Lalo Schifrin (arranger, conductor); George Devens (vibraphone, percussion); Hank Jones (piano); Kenny Burrell (guitar); George Duvivier, Bob Bushnell (bass); Candido Camero, Jack Jennings, Osie Johnson, Mel Lewis (drums, percussion)
Recorded at A&R Recording, New York, NY in October 1963
Boa audição - Namastê

quinta-feira, 28 de agosto de 2014

2008 - Stan Getz - The Bossa Nova Albums (5 CD) - CD5

Artista: Stan Getz
Álbum: The Bossa Nova Albums (5 Vols)
CD5: Stan Getz With Guest & Laurindo Almeida (1963)
Lançamento: 2008
Selo: Verve-M.G.M. Records, Inc
Gênero: Jazz, Bossa Nova

02. Once Again (Outra Vez) 'Jobim' - 6:42
Stan Getz, tenor sax, - Laurindo Almeida, guitar - George Duvivier, bass - José Paulo, 
percussion & Dave Bailey, drums. Recorded on March 21, 1963, 
Webster Hall, New York City

Boa audição - Namastê

terça-feira, 26 de agosto de 2014

2008 - Stan Getz - The Bossa Nova Albums (5 CD) - CD4


Artista: Stan Getz
Álbum: The Bossa Nova Albums (5 Vols)
CD4: Getz / Gilberto (1964)
Lançamento: 2008
Selo: Verve-M.G.M. Records, Inc
Gênero: Jazz, Bossa Nova

O Grande Amor (DeMoraes, Jobim) - 5:27
Stan Getz, tenor sax - Joao Gilberto, guitar, vocal - Antonio Carlos Jobim, piano - Tommy 
Williams, bass - Milton Banana, drums & Astrud Gilberto, vocal. A&R Recording 
Studios, New York City, 18 & 19, 1963
Boa audição - Namastê

segunda-feira, 25 de agosto de 2014

2008 - Stan Getz - The Bossa Nova Albums (5 CD) - CD3




Artista: Stan Getz
Álbum: The Bossa Nova Albums (5 Vols)
CD3: Jazz Samba Encore (1963)
Lançamento: 2008
Selo: Verve-M.G.M. Records, Inc
Gênero: Jazz, Bossa Nova
Samba de Duas Notas (Two Note Samba) Luiz Bonfá – 4:18 
Stan Getz,  tenor sax - Luiz Bonfá, guitar - George Duvivier, bass - Paulo Ferreira, 
drums & Maria Toledo - vocals. Recorded February 9, 1963
 
Boa audição -Namastê

quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Donald Byrd - Cristo Redentor

Cristo Redentor 5:39
(Duke Pearson) 
Donald Byrd (trumpet), Hank Mobley (tenor sax), Kenny Burrell (guitar), Herbie Hancock (piano), Lex Humphries (drums), Butch Warren (bass), Donald Best (vibes), the Coleridge Perkinson Choir (vcl) - Recorded: Van Gelder Studio, Englewood Cliffs, N.J., January 12, 1963 (A New Perspective - Blue Note Records)

quinta-feira, 20 de setembro de 2012

1963 - Stan Getz Guest Artist Laurindo Almeida

Artista: Stan Getz
Album: Stan Getz With Guest Artist Laurindo Almeida
Lançamento: 1963 (2008)
Selo: Verve
Genero: Bossa Nova, Cool Jazz, West Coast Jazz
 07. Corcovado
Boa audição - Namaste

segunda-feira, 24 de outubro de 2011

1963 - Sonny Meets Hawk! - Sonny Rollins and Coleman Hawkins (Re-Link)

Aos quinze anos, durante sua juventude no Harlem, Sonny Rollins era devoto de Charlie Parker e Coleman Hawkins. O último teve influência vital na carreira de Rollins, fazendo com que abandonasse o sax alto e se rendesse ao poderoso som do sax tenor. As principais características que Sonny herdou de seu mestre foram o timbre robusto, vigoroso e cheio de vibratto, assim como a capacidade de executar diversos solos de sax tenor sem acompanhamento algum, peculiaridade facilmente perceptível em seu “The Solo Álbum”, de 1985. Em 1963, Hawkins convocou Rollins para tocar no Festival de Newport, nascendo daí a idéia de gravar o álbum “Sonny meet Hawkins”. Acompanhados do trio formado por Paul Bley (Piano), Bob Cranshaw e Henry Grimes (Baixo) e Roy McCurdy (Bateria), os dois se colidem constantemente, mantendo suas marcas vigorosas de energia e improviso. A harmonia entre eles é notável, ratificando um maravilhoso encontro de gerações entre os dois maiores saxtenoristas de seus tempos.

Sonny Meets Hawk! - Sonny Rollins and Coleman Hawkins

Tracks:

1. Yesterdays
2. All the Things You Are
3. Summertime
4. Just Friends
5. Lover Man
6. At McKies

Credits:

Paul Bley - Piano
Bob Cranshaw - Bass
Henry Grimes - Bass
Coleman Hawkins - Sax (Tenor), Guest Appearance
Roy McCurdy - Drums
Sonny Rollins - Sax (Tenor)

sexta-feira, 5 de março de 2010

1963 - Stan/Gilberto - Stan Getz & Joao Gilberto

Nos dias 18 e 19 de março de 1963, dez pessoas - oito homens e duas mulheres - reuniram-se no A&R, um estúdio de gravação na Rua 48 Oeste quase esquina com a Sexta Avenida, em Nova York, e criaram o álbum - LP, como então se dizia - que para muitos é o maior da bossa nova em todos os tempos. Ou o maior LP de bossa nova gravado fora do Brasil. Claro que enquanto o estavam gravando, eles não imaginavam o tamanho da façanha e nem que o disco seria um divisor de águas na vida de todos os envolvidos. Alguns talvez apenas desconfiassem disso. Esses homens e mulheres eram o sax tenor americano Stan Getz, 36 anos recém-feitos, muito admirado por seu lirismo ao instrumento - e nem tanto, no mundo do jazz,por seu caráter ou falta; o pianista e compositor brasileiro Antonio Carlos Jobim, também 36 feitos havia pouco e só então perdendo a timidez que o caracterizava; o violonista e cantor João Gilberto, 32, tido por unanimidade como o criador e principal nome da bossa nova; o contrabaixista Tião Neto, 32, com sua marcação firme e o som poderoso e redondo; e o baterista Milton Banana, às vésperas dos 28 anos e tão importante para a bateria da bossa nova quanto João Gilberto para o violão. As duas mulheres eram a bela Astrud Gilberto, carioca nascida na Bahia que faria 23 anos dali a dez dias e casada com João Gilberto, e Monica Getz, esposa de Stan e responsável por uma grande façanha poucos dias antes: resgatar João Gilberto de seu quarto no já provecto hotel Diplomat, cinco quarteirões abaixo na Rua 43 Oeste, onde o cantor se enfiara e convencê-lo diariamente a trocar o pijama pelo terno e ir com ela para o anexo do Carnegie Hall, onde se realizavam os ensaios para o disco. Os outros três homens no A&R eram o engenheiro de gravação Phil Ramone, 29 anos dono do estúdio e em pouco tempo o maior nome do planeta em sua especialidade - no ano anterior, Ramone já demonstrara seu senso de oportunidade ao gravar Marilyn Monroe cantando "Parabéns pra Você" para o presidente John Kennedy no Madison Square Garden; o engenheiro de som Val Valentin, da mesma idade e, no futuro, tão prestigiado quanto Ramone; e o produtor do disco Creed Taylor, da Verve Records, também muito jovem nos seus 33 anos e já merecedor da adoração universal dos jazzistas por ter criado três anos antes o selo Impulse!. E, com este, temos os dez ali presentes ou 11, se contarmos um amigo comum de Jobim e Creed - o fotógrafo americano David Drew Zingg o mais velho no recinto - 40 anos - já com várias passagens pelo Brasil, onde viria morar definitivamente em 1965 e grande fã da bossa nova. Zingg não podia deixar de estar ali dentro do estúdio com sua Nikon porque fora quem apresentara Creed a Jobim e aos outros. Aliás seria a ele que Tom um dia no Rio diria sua célebre frase: "David, o Brasil não é para principiantes". Getz/Gilberto seria gravado na seqüência do já então polêmico concerto de bossa nova no Carnegie Hall, que acontecera havia menos de quatro meses em novembro de 1962. Jobim, João Gilberto e Milton Banana eram dos poucos músicos brasileiros que tinham ido a Nova York para o concerto e resolvido continuar por lá enfrentando o frio, a solidão, saudade do Rio e a falta do feijão. Tião Neto chegara pouco depois do concerto com o Bossa Três, que ele formava com o pianista Luiz Carlos Vinhas e o baterista Edison Machado - os três iriam se apresentar no programa de TV de Ed Sullivan. Todos os outros que haviam estado no Carnegie Hall - Sergio Mendes, Carlos Lyra, Roberto Menescal, Chico "Fim de Noite", Agostinho dos Santos, Oscar Castro Neves, a cantora Ana Lucia - já tinham voltado para o Brasil e estavam sendo chamados a se explicar sobre o "fracasso" do concerto. Mas para Tom e João e também para Luiz Bonfá que igualmente decidira ficar em Nova York, não tinha havido fracasso. O evento podia ter sido um primor de desorganização no palco mas a música contida nele dera o seu recado. E a quantidade de jazzistas interessados no que eles estavam fazendo - o sax barítono Gerry Mulligan, os pianistas Bill Evans e Lalo Schifrin, os trompetistas Miles Davis e Dizzy Gillespie, o arranjador Quincy Jones - demonstrava que não era hora de voltar. Além disso Sidney Frey, dono da gravadora Audio Fidelity e produtor do concerto ainda não lhes pagara um centavo pelo Carnegie Hall. Desde a chegada Tom e João estavam se mantendo em Nova York com seu próprio dinheiro e agora, tinham mandado buscar as esposas: Tereza, esposa de Tom e Astrud. Se voltassem para o Rio aí é que o gringo lhes daria o beiço de vez. Enquanto Tereza não chegava, Tom ficou aos cuidados de Gerry Mulligan e do letrista Gene Lees, autor da versão em inglês para "Desafinado" e "Corcovado". Os dois americanos o adotaram e andavam com ele dia e noite alternando entre os botequins Jim and Andy's, na Rua 47 e Charlie's na Rua 52, ambos Oeste. Além da musicalidade absoluta do brasileiro duas coisas atordoavam Lees e Mulligan quanto a Tom: sua capacidade cúbica - era capaz de tomar o triplo de uísque que eles - e a velocidade com que estava aprendendo inglês. Mas Tom tinha seus próprios motivos para freqüentar esses botequins: ficara íntimo dos cozinheiros os quais na maioria eram porto-riquenhos. Eles não se passavam pela batata que serviam aos fregueses e faziam para si próprios um farto arroz com feijão com o qual Tom também se refestelava na cozinha. Com a chegada de Tereza Tom pôde parar de comer na rua mas as despesas dobraram e ele teve de passar a sacar dos adiantamentos que sua editora americana a BMI, lhe estava fazendo por conta das vendas de "Desafinado" e "Samba de Uma Nota Só", ambos já com várias gravações nos Estados Unidos. Stan Getz por sua vez deixara para trás a pindaíba em que vivia até bem pouco tempo - sua carreira tinha ido para o buraco afogada em álcool e drogas. Naquele mês de março ele já estava comprando suas roupas na Brooks Brothers com a montanha de dinheiro que a bossa nova despejava na sua conta. Seu LP com Charlie Byrd - Jazz Samba, gravado um ano antes e também produzido por Creed Taylor, entrara na lista de mais vendidos da revista Billboard e chegara espantosamente ao 1º lugar (ficaria ao todo 70 semanas na lista) - sendo que o 45 rpm de "Desafinado" extraído do LP já vendera mais de 1 milhão de cópias. Nunca um disco de jazz sonhara em atingir tais marcas. Zonzo com o sucesso Creed Taylor resolveu investir na bossa nova e produzir novos discos do gênero com Stan Getz. O LP seguinte de Stan, Big Band Bossa Nova gravado poucos meses depois de Jazz Samba em parceria com o vibrafonista Gary McFarland e grande orquestra chegaria ao 13º lugar e ficaria 23 semanas na lista da Billboard. Era bom mas só tinha bossa nova no título. Um terceiro LP - Jazz Samba Encore!, com Getz finalmente dividindo o microfone com um músico brasileiro - Luiz Bonfá e gravado logo depois do Carnegie Hall era muito melhor mas seu topo na lista seria um 88º lugar em 11 semanas. Nem o ponto de exclamação do título ajudou. Mesmo assim, eram grandes colocações sabendo-se que esses discos não estavam correndo numa raia à parte mas lutando contra os pesos pesados da música americana da época: Elvis Presley, Bobby Darin, Pat Boone, Henry Mancini, Lawrence Welk e dezenas de outros. E se pareciam decepcionantes era porque o acachapante fenômeno de Jazz Samba os deixara mal-acostumados. Só então Creed e Stan se deram conta de que nunca mais repetiriam aquele sucesso e que passada a primeira onda a bossa nova poderia sobreviver comercialmente mas restrita ao mundinho do jazz. O disco seguinte de Stan que eles já tinham acertado por contrato desde janeiro seria com João Gilberto e Jobim e não havia esperança de que seu destino fosse melhor do que os anteriores. Nunca duas pessoas se enganaram tanto. Quem poderia adivinhar que aquele LP, sim, é que seria o começo de tudo? Getz/Gilberto, naturalmente, tornou-se o clássico dos clássicos e até hoje botá-lo para tocar é uma experiência insuperável. Quem consegue acreditar que esse disco já existe há 45 anos? E como convencer os mais jovens de que foi gravado em apenas dois dias e ao velho estilo? Ou seja: nada dessa história de gravar primeiro as "bases" - piano, contrabaixo e bateria - para depois o cantor "botar a voz" ou o saxofonista solar por cima. Eram todos ao mesmo tempo no estúdio, tocando juntos - se um errasse tinham de parar e começar de novo. Mas ninguém ali era de errar. Milton Banana fora o baterista nos principais eventos da bossa nova até então - e não por acaso todos ligados a João Gilberto: as noitadas da boate Plaza em Copacabana em 1957 onde se ouviu ao vivo a batida da bossa nova pela primeira vez; a gravação do single "Chega de Saudade", por João, na Odeon em 1958, do LP de mesmo nome em 1959 e o show O Encontro no restaurante Bon Gourmet também em Copacabana que reunira Gilberto, Jobim, Vinicius de Moraes e Os Cariocas em 1962. Poucos meses depois no Carnegie Hall ele acompanhara João Gilberto em sua interpretação ultraminimalista de "Outra Vez" de Tom - apenas a voz e o violão de João e suas escovinhas na vastidão daquele palco - deixando a platéia de Nova York hipnotizada. A participação de Banana no disco com Getz fora uma imposição de Tom Jobim e João Gilberto junto a Creed Taylor. Por este o baterista seria americano. Aliás na gravação de Jazz Samba um ano antes Getz usara dois bateristas americanos - Buddy Deppenschmidt e Bill Reichenbach para tentar simular a leveza brasileira - sem conseguir. Mas já nos ensaios para Getz/Gilberto assim que Banana tirou suas baquetas do estojo e roçou-as de leve nos couros Getz viu com quem estava lidando: com o primeiro e maior baterista da bossa nova. O contrabaixista Tião Neto por sua vez tinha pouco mais de três anos como profissional mas já era milionário de vôo nas boates do Beco das Garrafas em Copacabana. Todos o disputavam como acompanhante. Além disso, com seu cavanhaque e o porte de príncipe por trás do contrabaixo ele dava um ar quase intelectual a todas as formações de que participava - imponente como Eddie Safranski, contrabaixista de Stan Kenton ou hierático como Percy Heath, do Modern Jazz Quartet. E o que dizer de Tom Jobim? Era o pianista e diretor musical da gravação além de autor de seis das oito faixas que eles pretendiam gravar: "Garota de Ipanema", "Desafinado", "Corcovado", "Só Danço Samba", "O Grande Amor" e "Vivo Sonhando" (as outras duas, "Doralice", de Dorival Caymmi e Antonio Almeida e "Pra Machucar Meu Coração", de Ary Barroso, eram duas velhas jóias brasileiras que só almas apuradas como a de João e Tom saberiam desencavar). Quanto a Stan Getz conseguira finalmente dominar a emissão controlada e relax quase sem vibrato que para Tom seria a ideal para fazer o contraponto à maciez da voz e à flexibilidade do violão de João Gilberto. Em tese, aquela tinha tudo para ser uma gravação tranqüila - não havia motivo para problemas. Mas o que aconteceu foi que de relax a gravação de Getz/Gilberto teve pouco ou nada. João Gilberto não se satisfazia com a emissão de Getz, que achava muito enfática para a delicadeza da bossa nova. Por isso, a todo instante interrompia a gravação, para obrigá-lo a começar de novo. Getz não entendia e João dizia entre dentes para Jobim, como quem mastigasse as sílabas:

- "Tom, diga a esse gringo que ele é muito burro."

O americano perguntava a Tom o que João dissera e Tom botava panos quentes:
- "Ele está dizendo que é uma honra gravar com você."
- "Engraçado", resmungava Getz. "Pelo tom de voz não parece ser isso que ele disse."

Getz era famoso por seu gênio estourado e por ser cruel com os colegas. Não se sabe como se segurou. A única explicação era a de que, depois de tantos atropelos em sua carreira, ele estava vendo na bossa nova uma possibilidade de redenção - e, para isso engoliria todos os sapos que João Gilberto lhe jogasse ao colo. Custou mas João conseguiu que Stan soasse ao sax tenor quase como se sussurrasse - pelo menos durante a gravação. Sim porque,meses depois, na mixagem sem a presença dos brasileiros Getz aumentou o volume de seus solos, principalmente nas entradas, conferindo-lhes um ataque que João Gilberto nunca teria aprovado. Com todas as idas e vindas e as inúmeras interrupções, inclusive para escapadas ao Jim and Andy's, bem ao lado as oito faixas de Getz/Gilberto - 34 minutos de inexcedível beleza - foram gravadas por igual durante os dois dias, quatro de cada vez, sendo "Garota de Ipanema" a última do primeiro dia. E então deu-se aquilo que por muito tempo se constituiu numa das lendas da bossa nova: a fábula da esposa e dona-de-casa, jovem e despretensiosa que casualmente no estúdio foi convidada a gravar uma pequena participação e dali disparou para tornar-se um fenômeno de vendas no mercado americano - Astrud Gilberto naturalmente. Acontece que Astrud não estava por acaso no estúdio naquele dia e nem era tão despretensiosa. Ao contrário, sempre quis ser cantora e desde que se casara com João Gilberto em 1960 ele a preparara para isso. (Como será ter João Gilberto como professor particular de canto?) Astrud até já se apresentara em público no Rio: na famosa Noite do Amor, do Sorriso e da Flor, o grande show de bossa nova no pátio da Faculdade de Arquitetura da Praia Vermelha, em 20 de maio de 1960 - por sinal o último show amador da bossa nova porque,a partir dali todos os seus participantes se profissionalizariam. Com João acompanhando-a ao violão e aos vocalises, Astrud cantou "Lamento" e "Brigas Nunca Mais", ambas de Tom e Vinicius para mais de 2 mil pessoas. Não empolgou mas também não fez feio - e nem João permitiria que ela se apresentasse se não estivesse minimamente no ponto. Astrud falava inglês e era com essa capacidade que tinha ido para Nova York - para ajudar João em seus compromissos e tratativas comerciais com empresários e agentes, já que as únicas palavras que ele conhecia eram os títulos de algumas canções americanas, como "All of Me" ou "Day by Day". Durante um dos ensaios em que se repassava a interpretação de "Garota de Ipanema", João a pedido de Astrud,sugeriu a Getz que ela lhe cantasse a versão em inglês que o letrista Norman Gimbell fizera para o samba. O curioso é que Astrud foi a intérprete de João quando este sugeriu ao americano a idéia de testá-la. Stan concordou sem muito interesse mas Creed Taylor viu naquilo uma boa idéia - se desse certo, uma ou duas canções em inglês aumentariam as chances comerciais do disco. E, então Astrud cantou "The Girl from Ipanema" e foi aprovada. Ali mesmo Tom sugeriu que ela também cantasse "Corcovado" que seu amigo Gene Lees transformara em "Quiet Nights of Quiet Stars". No futuro depois do sucesso estrondoso de Astrud, Stan Getz insistiria em dizer que João e Jobim não a queriam no disco e que não fosse por ele ela nunca teria sido "descoberta". "Corcovado" foi a primeira faixa a ser gravada no segundo dia e Astrud revelou-se muito mais segura do que em "The Girl from Ipanema". Nesta por sinal ela comete um erro ao cantar o verso "She looks straight ahead, not at he", em vez de "... not at me". Mas quando Creed Taylor percebeu era tarde porque o trabalho já fora encerrado - e uma época em que o instrumento de edição era a gilete, a gravação em apenas dois canais não permitia que se fizesse essa maquiagem. O próprio Creed Taylor não se deu conta do ouro que tinha em mãos. Terminada a gravação pagou todo mundo engavetou a fita e foi tratar da produção de outros discos. Um deles em maio com o próprio Tom Jobim tocando suas composições ao piano, Antonio Carlos Jobim, the Composer of "Desafinado", Plays, com arranjos do maestro alemão - até então nada valorizado - Claus Ogerman. Quando esse disco saiu, a revista Down Beat sapecou-lhe a cotação máxima de cinco estrelas e seu crítico Pete Welding lamentou que não tivesse mais estrelas para dar. Mas a glória ainda não estava se convertendo em dólares para Jobim e para faturar alguns trocados ele teve de submeter-se a tocar violão em discos dos outros. Um deles foi Brazilian Mancini do pianista Jack Wilson, só de composições de Henry Mancini em ritmo de bossa nova. Para assegurar que o disco contivesse a desejada batida, Tião Neto foi convocado ao contrabaixo e o baterista era outro carioca recém-chegado Chico Batera. O curioso é que como era exclusivo da Verve e seu nome não pudesse aparecer, Tom foi creditado na capa como "Tony Brazil" - assim mesmo entre aspas todos sabendo que era ele. Vida dura. Seus outros companheiros do abandonado Getz/Gilberto também foram tratar da vida no restante de 1963. Stan Getz ainda gravou mais um LP de bossa nova este com o violonista Laurindo de Almeida que Creed Taylor também engavetou e dedicou-se a tocar exclusivamente jazz pelos 17 meses seguintes. João Gilberto aceitou o convite do pianista João Donato então morando na Califórnia para irem fazer uma temporada em Viareggio no sul da Itália numa pequena boate chamada Bussoloto. Com os dois Joões seguiram Tião Neto e Milton Banana (e só por isso Banana não tocou no disco de Tom sendo substituído pelo também excepcional Edison Machado). E com eles foi também Astrud que ainda ninguém conhecia e que viajou no papel de simples esposa de João. O Bussoloto era o privé de uma grande casa de shows à beira-mar, chamada La Bussola onde a atração era o band leader Bruno Martino tocando chachachás e hully gullies para dançar. Mas Martino era também compositor - compusera um bolero intitulado "Estate" que João Gilberto adorou de saída e incorporou a seu repertório logo nas primeiras noites. Aliás, falando nos documentos sonoros perdidos da bossa nova este foi um que nem chegou a existir: João Gilberto, João Donato, Tião Neto e Milton Banana lotaram durante três meses o Bussoloto, noite após noite, dois shows por noite, certamente fazendo maravilhas - e nenhum desses shows foi gravado, nem mesmo por um amador equipado com um precário Geloso. O ano correu. Em julho Tom embarcou (de navio) para o Brasil. Na Itália, João e Astrud romperam e se separaram - João foi para Paris, Astrud voltou para o Rio. Em Paris, João conheceu uma estudante chamada Miúcha e convidou-a para ir a Nova York com ele para servir-lhe de secretária. Miúcha aceitou. Em novembro, Creed Taylor finalmente tirou Getz/Gilberto da geladeira e começou a ouvi-lo para ver o que saía dali. E gostou do que ouviu. Quanto mais o ouvia mais gostava do disco e em particular das duas faixas com Astrud. A onda da bossa nova já passara nos Estados Unidos - a dança que Arthur Murray dono de uma famosa academia tentara inventar para ela fora um fiasco de público - e era utópico sonhar com um sucesso de vendas. Mas o que ele tinha a perder? Creed preparou o LP para soltá-lo na íntegra e para um single em 45 rpm com duas faixas, amputou "The Girl from Ipanema" e "Corcovado" das participações de João Gilberto, conservando apenas os vocais de Astrud. Com isso cortou mais de dois minutos de cada faixa e as deixou com um tempo mais convidativo para que as rádios as tocassem. Incluiu o disco no suplemento "latino" da Verve e, em fevereiro de 1964, disparou a primeira cópia do single para uma pequena estação simpática ao jazz, no estado de Ohio. Dias depois recebeu um telefonema do programador: os ouvintes, siderados, não paravam de ligar para a estação perguntando o que era "aquilo". No Rio e no Brasil, durante o ano de 1964, "Garota de Ipanema" podia ser qualquer coisa, menos uma novidade. Todo mundo, exceto dom Helder Câmara já a tinha gravado e em todos os formatos possíveis: cantor-solo, em dupla, trio de jazz, conjunto vocal, quarteto de cordas, grande ou pequena orquestra e arranjo sinfônico. Pery Ribeiro fora o primeiríssimo, depois o Tamba Trio e em seguida, Claudette Soares. Mas ninguém no Rio esperava por aquela versão contendo Stan Getz, João Gilberto, Tom Jobim, Tião Neto, Milton Banana - e uma doce voz feminina que já não era a de "Astrudinha, mulher de João" como a chamava Vinicius de Moraes mas, agora a da famosa Astrud Gilberto. Ninguém esperava por aquilo - nem no Rio, nem no resto do mundo. Em poucos meses o single de "The Girl from Ipanema" chegou ao 5º lugar na lista da Billboard e permaneceu 11 semanas nela. Já o LP bateu num inacreditável 2º lugar e eternizou-se por 96 semanas na lista. E por que não chegou ao 1º? - perguntará você. Porque o 1º lugar semana após semana em todas as listas de 1964, pertenceu a algum LP dos Beatles, dos vários que foram lançados naquele ano nos Estados Unidos. Mas a Getz/Gilberto coube uma honra que ninguém tira: a de ser o LP de jazz mais vendido de todos os tempos. Vendido e respeitado. Foi um terremoto, uma avalanche. Em poucos meses com seus rendimentos nesse disco, Stan Getz comprou uma casa de 23 quartos em Irvington (NY), que pertencera a Frances, irmã de George Gershwin. João Gilberto faturou de saída 23 mil dólares, bom dinheiro então. E Astrud Gilberto talvez a principal responsável pelo estouro do disco ganhou pela tabela estabelecida pelo Sindicato dos Músicos de Nova York: 168 dólares por dois dias de trabalho - e mesmo assim, Stan Getz achou demais. Ao saber que Getz resmungara pelo cachê pago a Astrud, seu amigo o também sax tenor Zoot Sims, comentou no Jim and Andy's: "É bom saber que o sucesso não alterou Stan. Ele continua a ser o mesmo filho-da-puta de sempre." Com "The Girl from Ipanema" tocando em todas as rádios, lojas de discos, máquinas automáticas, vitrolas domésticas e sistemas de som em 1964, seus criadores tiveram de voltar correndo para Nova York. Stan Getz foi o primeiro. Retomou o repertório da bossa nova e mandou chamar Astrud no Rio - e lá se foi com ela para uma longa temporada em nightclubs dos Estados Unidos e da Inglaterra. De uma escala em Nova York saiu um LP ao vivo - Getz Au Go Go - que, sempre graças a Astrud, chegou à parada da Billboard no dia 19 de dezembro, bateu no 24º lugar e permaneceu por 46 semanas. E esse foi apenas o começo da carreira de Astrud, que em 1965 ganhou um LP só para ela, The Astrud Gilberto Album e cujos discos seguintes como Beach Samba e Look to the Rainbow, todos produzidos por Creed Taylor a tornaram um sinônimo dos anos 1960 para os americanos. Tom também voltou para os Estados Unidos para participar do primeiro LP de Astrud e para gravar uma série de grandes LPs dele mesmo, mas na Warner, que o tirou da Verve. E, a partir dali ninguém mais o segurou. Quanto a João Gilberto que já estava por lá foi convidado por Getz a se apresentarem juntos no Carnegie Hall em outubro de 1964, do que resultou um Getz/Gilberto #2 ao vivo sem comparação com o primeiro. Em 1965 sem Stan mas acompanhado por gente de luxo como o pianista Bill Evans ou o trompetista Art Farmer, João saiu pela estrada apresentando-se em Boston, Washington, Los Angeles e creia comparecendo aos shows como um bom menino e não se atrasando para nenhum. E tudo por causa de Getz/Gilberto. De passagem foi também um LP que faturou cinco Grammys - um deles o de disco do ano e nada menos do que dois para João Gilberto como cantor e como violonista. (João enfiou os troféus num armário em Nova York e esqueceu. Tempos depois numa mudança vendeu o armário com os Grammys e tudo e nunca mais os viu.) Por causa desse LP, Creed Taylor retomou seu repertório de bossa nova e além de Astrud, lançou vários outros brasileiros de enorme sucesso nos Estados Unidos como o organista Walter Wanderley, o percussionista Airto Moreira, o próprio Tom (seus discos Wave, Tide e Stone Flower, que estão entre os melhores de sua carreira foram todos feitos para Creed) e principalmente, Eumir Deodato, que vendeu milhões com seu surpreendente arranjo de baião eletrônico para "Also Sprach Zarathustra", de Richard Strauss e tema do filme 2001: Uma Odisséia no Espaço. Uma única e lamentável injustiça manchou a odisséia de Getz/Gilberto: a ausência de Tião Neto nos créditos do LP. Em seu emprego fixo na época, Tião era contrabaixista do Bossa Três e este era contratado de Sidney Frey, dono da gravadora Audio Fidelity - logo Tião não podia aparecer entre os músicos do disco. (Poderia se a Verve tivesse concordado em pagar a Frey.) Com isso o contrabaixista creditado em Getz/Gilberto ficou sendo Tommy Williams, músico regular de Stan mas que nem sequer passou pela porta do estúdio enquanto Tião, lá dentro dava uma fabulosa sustentação aos outros músicos. A provar sua participação se não bastasse a palavra dos outros,há as fotos de David Zingg e o contracheque da Verve com o valor de seu cachê pelo trabalho: os mesmos 168 dólares de Astrud. Bem a seu estilo, Tião nunca disse uma palavra a respeito - foi nominalmente deixado de fora de um dos maiores discos de todos os tempos e só lhe restou a glória de viajar o mundo inteiro com os conjuntos de Sergio Mendes e mais tarde o de Jobim. Por causa de Getz/Gilberto a América adotou João Gilberto, Tom Jobim e Astrud Gilberto, absorveu-os e tratou-os como se eles fossem seus. E por muito tempo, pareceu que eles eram mesmo. Entre os Estados Unidos e o México, João Gilberto ficou 20 anos fora do Brasil. Tom ia e voltava, meses aqui e outros tantos por lá - numa dessas, gravou dois LPs com Frank Sinatra - e assim foi até o fim, em 1994. E Astrud nunca mais voltou - só a passeio, e cada vez mais raramente. Mais tempo se passou e além de Tom, morreram Getz, Tião Neto, Milton Banana e David Zingg. "Garota de Ipanema", a canção propriamente dita é que ficou imortal: tornou-se a primeira ou a segunda mais tocada do século XX, alternando-se com "Yesterday", de Lennon & McCartney. E Getz/Gilberto que nunca saiu de catálogo, inscreveu-se num pequeno panteão de perfeições criadas pelo homem (e, no caso, uma mulher) à revelia e a despeito de si mesmo. Perfeições que,um dia,esse homem terá de fazer por merecer. Fonte: Ruy Castro (Portal Brasileiros - Edição 9, Abril/2008)

The Girl From Ipanema


Faixas:
1. The Girl From Ipanema
2. Doralice
3. Para Machuchar Meu Coracao
4. Desafinado (Off Key)
5. Corcovado (Quiet Nights Of Quiet Stars)
6. So Danco Samba
7. O Grande Amor
8. Vivo Sonhando (Dreamer)


Musicos:
Stan Getz - Sax Tenor
Joao Gilberto - Violão & Vocal
Antonio Carlos Jobim - Piano
Tommy Williams - Baixo Acustico
Milton Banana - Bateria
Astrud Gilberto - Vocal

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Boa audição - Namastê