Música é arte, arte é amor, é alegria, é criatividade e descontração. Mas arte também é técnica. Por mais bela que seja, é impossível subtrair os dedos calejados e o trabalho duro da arte. Não importa seu estilo favorito, um músico hábil e técnico enche os olhos até dos leigos. Seja um solo na guitarra, uma performance de Dj e até viradas rápidas e precisas em uma bateria; a técnica é inegavelmente parte da arte. Por mais que possamos argumentar que existe arte sem técnica, não existe melhor ferramenta para você concretizar as mais malucas e criativas ideias. Uns nascem com talento, outros trabalham duro e ainda há terceiros, os abençoados que chegam a este mundo com uma sincronia natural com um instrumento musical que causa inveja até aos mais técnicos e formados. Estes são um em um milhão, nenhum esforço, treino ou talento, fará meros mortais chegarem ao nível dos escolhidos da realeza musical. Assim era Art. Art e o piano nasceram um para o outro. Se a vida lhe tirou grande parte da visão logo cedo, devolveu um dom único jamais visto antes no jazz ou em qualquer outro gênero musical. Fats Waller, um dos maiores pianistas de jazz de todos os tempos resumiu bem a carreira de Art Tatum em uma noite em Nova Iorque. Fats estava se apresentando em um Club e avistou Art entrar no recinto. Imediatamente interrompeu o show e disse no microfone, "eu apenas toco piano, mas hoje, Deus está na casa". Tatum perdeu totalmente a visão de um olho e mal enxergava com o outro mas mesmo assim, o artista era uma criança prodígio com afinação perfeita, aprendeu a tocar de ouvido aos três anos de idade, escolhendo hinos da igreja, aprendendo as melodias do rádio e copiando as gravações do fitas de rolo que sua mãe possuía. Desenvolveu um estilo de tocar extremamente rápido, mantendo a precisão, cadência e afinação. Tatum foi influenciado por contemporâneos como James P. Johnson e Fats Waller, que exemplificaram o estilo de piano stride ('passo largo', em uma tradução livre), bem como o mais "moderno" Earl Hines. Art não apenas tocava linhas ridiculamente rápidas com as duas mãos (sua versão solo de "Tiger Rag" de 1933, soa como três pianistas tocando juntos), mas estava harmonicamente 30 anos à frente de seu tempo; todos os pianistas devem lidar com as inovações de Tatum até certo ponto para serem levados a sério. Os reflexos rápidos e a imaginação ilimitada de Tatum mantiveram suas improvisações repletas de ideias novas (e às vezes futuristas) que o colocaram muito à frente de seus contemporâneos. Tatum foi pioneiro na rearmonização de melodias. Na década de 1930, muitas de suas ideias harmônicas e aberturas de acordes expansivos estavam bem à frente de seu tempo. Apenas vinte anos depois, artistas da era do bebop os explorariam.
Piano – Art Tatum
Produtor – Norman Granz
Anteriormente lançado em LP:
faixas 1 a 9 Solo Masterpieces Vol. 2 (2310 729)
faixas 10 a 12 Solo Masterpieces Vol. 9 (2310 835)
faixas 13 a 15 Solo Masterpieces Vol. 10 (2310 862)
Boa audição - Namastê
Nenhum comentário:
Postar um comentário