quarta-feira, 28 de outubro de 2009

My Funny Valentine

" Mais de mil e duzentas variações de um mesmo tema. Apaixonado pelo clássico do jazz My Funny Valentine, composto em 1937 pelos norte-americanos Richard Rodgers e Lorenz Hart para um musical da Broadway, o cearense Gerardo Barbosa Filho vem colecionando, há 15 anos, todas as gravações dessa música que encontra pela frente. A coleção, que está sendo avaliada pelo Guiness Book of Records, revela um painel surpreendente de linguagens, contextos e artistas - jazzistas como Miles Davis, Chet Baker e Ella Fitzgerald, mas também brasileiros, poloneses, japoneses, suecos, romenos, urbequistaneses, entre outros - que já prestaram seu tributo às “Valentinas”. Várias formas para uma só paixão. Assim pode ser descrita a relação do cearense Gerardo Barbosa Filho com um dos maiores clássicos da canção norte-americana em todos os tempos. Economista e analista de sistemas por formação e trabalho, ele é um aguçado ouvinte e pesquisador musical. Herança recebida do pai, Gerardo Barbosa que foi por 18 anos discotecário da Ceará Rádio Clube a tradicional PRE-9, tendo inclusive prestado diversas contribuições à música cearense, como o disco “Ceará - Terra da Luz”, lançado em 1965 com capa de Aldemir Martins. Gerardo Barbosa foi também proprietário da Vox, célebre loja de discos localizada no Centro de Fortaleza até hoje lembrada por várias gerações. Aficionado por samba, bossa nova, MPB e jazz, Gerardo guarda em seu acervo pessoal uma preciosa coleção de aproximadamente 2 mil vinis e cerca de 1,5 mil CDs. Entre os muitos discos, LPs nunca relançados em digital e mesmo algumas peças de outros formatos, como os velhos compactos e discos de 12 polegadas. “Sempre gostei muito de música, pelo próprio ambiente de casa. Muito pequeno, eu já ia com meu pai na discoteca da PRE-9. Continuei indo mesmo depois de 1955, quando ele saiu de lá para abrir a Vox”, recorda Gerardo Filho, contando que “vivia muito dentro da loja”. “Em época de muito movimento, ajudava a atender as pessoas. E ganhava muitos discos, dos representantes. Daí fui começando meu próprio acervo e também conhecendo as pessoas que faziam música aqui no Ceará”, emenda. Quando foi para São Paulo estudar economia na USP do início dos anos 70, Gerardo conviveu bastante com os artistas que ficariam conhecidos como integrantes do “Pessoal do Ceará”, a ponto de serem dele as fotos dos LPs “Chão Sagrado” de Téti e Rodger Rogério e “Pavão Mysteriozo” de Ednardo. Ele voltou ao Ceará em 1975 a tempo de integrar a primeira turma de Informática na UFC. Hoje, é sócio de uma empresa de consultoria em gestão estratégica com foco em tecnologia da informação. Enquanto o pai tinha uma predileção por Frank Sinatra, amealhando um a um os discos lançados pela voz de olhos azuis o filho procurou manter um maior ecletismo. “Ouvia de tudo, mas principalmente música brasileira, samba, bossa nova, e jazz. O próprio mercado do disco favorecia que você conhecesse mais coisas, e conhecesse melhor o trabalho de cada artista através dos discos originais, diferente de hoje, em que só têm espaço coletâneas e sucessos da hora”, testemunha, com autoridade de quem atravessou vários suportes musicais, do vinil de 12 polegadas ao DVD. A coleção de “Valentinas” teve início em 1990 quando Gerardo, visitando o amigo Marcelo Coelho, foi convidado a ouvir um LP de Chet Baker. “O disco tinha outras músicas, mas foi ‘My Funny Valentine’ que me chamou a atenção de um modo especial naquele instante. Eu já devia ter ouvido essa música antes, sem dúvida, mas sem me causar nenhuma impressão especial. Foi ali que pela primeira vez realmente prestei atenção nela”, rememora. “A melodia em si é muito bonita, junto com a letra, uma coisa meio surrealista. Ainda mais com a interpretação de Chet Baker”, acrescenta, procurando o mais difícil: explicar a paixão. Cada dia é de “Valentine”. Ao verificar seus discos, Gerardo constatou possuir cinco gravações da música, que ele logo reuniu em uma fita-cassete. A partir daí, foi à procura de outras versões, embora ainda sem a intenção deliberada de colecioná-las. “Só ao chegar às 100 primeiras versões parei pra pensar que tinha uma coleção”, diz. “Outro momento marcante foi quando cheguei à 24ª fita - um dia inteiro de ‘My Funny Valentine’”. A compilação foi crescendo graças à obstinação do pesquisador e à ajuda de amigos como Augusto César Costa, Henilton Menezes, Alan Romero, Léo Rocha, Márcio Távora, Lucius Maia, Roberto Barroso e Sérgio de Oliveira a quem Gerardo agradece. “Eles começaram a me mandar gravações. A história se espalhou, e hoje recebo contribuições até de quem nem conheço”, diz. “Às vezes, me mandam gravações repetidas, e não me incomodo nem um pouco. Digo pra mandarem sempre”, brinca. À compra convencional de CDs, o advento da Internet expandiu muito as possibilidades para colecionadores como Gerardo, participante de listas de discussões como a cearense “Desafinado”. “A Internet me possibilitou primeiro comprar CDs, depois acesso a sites especializados em vender CDs com gravações de determinada música e posteriormente a troca de música peça-a-peça. Na época áurea do Napster e do Audiogalaxy, entre outros programas, devo ter conseguido de 400 a 500 gravações”, estima. O resultado desse esforço é que a coleção cedo superou os intérpretes mais previsíveis - jazzistas e cantores norte-americanos -, ganhando cores bem mais diversas, globalizadas. Afinal, o cearense já coletou gravações da Itália, Japão, Alemanha, Rússia, Inglaterra, Islândia, França, Romênia, Urbequistão, Polônia e Suécia. “São músicos de estilos variados. O melhor é que acabei conhecendo grandes artistas, como o cantor Luqman Hanza, a pianista Barbara Carrol (ambos norte-americanos), a Aziza Mustafa Zadeh (urbequistanesa), que hoje tenho outros CDs dela...”, acrescenta o pesquisador. Entre as gravações vocais da canção, todos os artistas mapeados por Gerardo cantam a letra original de “My Funny Valentine” em inglês. A exceção é a saudosa carioca Nara Leão. “É uma versão muito bonita, que em português ficouAdeus no Cais’”, opina o colecionador que hoje contabiliza exatas 1251 gravações. “A coleção está sempre crescendo, até porque novas gravações vão sendo feitas”, destaca. Como diz a canção, “each day is Valentine´s”".

Quero aqui registrar um comentário feito por um companheiro que sempre visita o blog e levantou uma pergunta um tanto curiosa até para mim como colecionador e apreciador de jazz. Na verdade apenas reproduzirei um artigo do jornal - "Diario do Nordeste em 09 de Maio de 2005, por Dalwton Moura) - que responde a pergunta bem como afaga outras pertinentes. Grande Saulo Nunes aquele abraço e fica na paz.






3 comentários:

Unknown disse...

nossa!!! muito abrigado!!!
por isso e por outras q axo seu blog é o melhor!!!

eu sem qerer axei hoje mesmo esse album de uma cantora Brasileira
( Dolores Duran ) ela nesse album cata essa musica linda My Funny Valentine

confira lá!!!
http://www.mediafire.com/?jt4dzmijumj

visite meu blog tbm tem uma outra moça la q canta essa musica tem um video dela la ( Lorna Earnshaw )

meu blog: http://trustno1porkaria.blogspot.com/

abraço! e muito obrigado mesmo!!!!

Ianê Mello disse...

Maravilhosa e tocante interpretação de Chet Baker para um dos standarts do Jazz.

Muito obrigada pelo presente.

Aliás, seu blog é simplesmente lindo, ainda mais para os aficcionados em Jazz.

Como toda alma sensível, acredito que goste de poesia.

Assim , convido-o a conhecer meu blog:
http://labirintosdaalma.blogspot.com

Deixe por lá sua marquinha quando passar.

Um abraço.

Anônimo disse...

Eu e meu marido temos raridades do moço ainda em vinil. Aliás, não nos desfizemos de nenhum. Para mim, My Funny Valentine é minha preferida. Valeu!
Abraços,
Patrícia (te respondi lá na nave)