sábado, 23 de setembro de 2023

King Oliver - The Complete Victor Recordings, Vol.2 - New Orleans Shout

Lançamento: 2007
Selo: Frog Records
Gênero: Dixieland, Ragtime


Na década de 1890, New Orleans já era um caldeirão musical. Em seguida, o ragtime e o blues chegaram. O ragtime era uma música dançante, que combinava elementos de marchas militares, música européia e a arte dos menestréis. Os jovens adoravam. Seus pais odiavam. O blues chegou na mesma época, trazido por negros refugiados provenientes de outros estados do Sul, que vieram para New Orleans para escapar ao ódio racial e aos campos de algodão. Basicamente, o jazz de New Orleans nasceu quando os músicos negros e os crioulos adicionaram ragtime e estilos de blues à mistura já potente da música que tocavam e sobre tudo improvisavam. Enquanto a secção rítmica, termo que designa um grupo de instrumentos musicais, tocava uma música, um trombetista interrompia mostrando seu talento e habilidade. E depois outros também o faziam e assim, a improvisação tornou-se a essência do jazz. Um pianista crioulo chamado Jelly Roll Morton foi o primeiro homem a escrever melodias do jazz original, e ele alegou ter ‘inventado’ o jazz. Mas a tradição diz que o trompetista e barbeiro Buddy Bolden foi o primeiro homem a liderar uma banda de jazz real. Buddy Bolden foi internado num hospício em 1907 e lá permaneceu até sua morte em 1931. Até então, os sucessores como King Oliver e Louis Armstrong tinham levado o jazz a um novo patamar de popularidade e para outras cidades como Chicago e Nova York. A música nascida em New Orleans é considerada a mais importante. Como uma linguagem musical, o jazz através dos negros das Américas a partir da batida sincopada do ragtime, das fanfarras e dos coros de gospel misturado aos gritos dos campos de algodão e ao rosnado profundo do blues foi exportado para todo o mundo. As ‘brass bands’, um grupo musical em geral, constituído exclusivamente por instrumentos de metal, para o conforto das famílias, tocam durante os funerais. O ‘jazz funeral’ começa sombrio. Em seu caminho para o cemitério, a banda de metais executa tristes hinos fúnebres chamados ‘lamúrias’. ‘Nearer My God to Thee’ é a escolha mais popular, mas pode ser qualquer outra música que lembre aos enlutados os altos e baixos da vida. Este tom sombrio dura até que a procissão resolve mandar o carro fúnebre para o destino final, o cemitério. É neste ponto que a banda de repente passa a tocar ‘When the Saints Go Marching In’ ou ‘Didn’t He Ramble,’ ou talvez ‘Lil Liza Jane’. E os próprios enlutados, parentes e carpideiras, dançam com abandono selvagem. Eles vão freqüentemente enfeitados com guarda-chuvas, e os transeuntes são convidados, com sorrisos e alegria, a participarem da comemoração. Este funeral remonta a antigas tradições africanas dos iorubás da África Ocidental. Uma crença de que a vida acabou neste mundo, mas um espírito corre livre e solto e aqueles que vivem em luto podem deleitar-se com o conhecimento de que seu parente ou velho amigo estará dançando do outro lado com o coração cheio de alegria.


Boa audição - Namastê

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