quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Johnny Alf – gênio desconhecido da Bossa

"A primeira vez que ouvi Johhny Alf eu devia ter uns 15 anos. Entrei na casa de um amigo, Ivan Silveira, cujo quarto era no sótão de uma casa de vila em Ipanema, e ele escutava “Céu e mar”, do recém lançado disco “Diagonal”. Fiquei perplexo, quase atônito, dado à quantidade de notas musicais dissonantes que encheram meus ouvidos e ao vocal fora do comum, repleto de glissandos, be-bops e outras bossas. O que era aquilo? Era música brasileira? A princípio estranhei. Na segunda faixa, já estava adorando. E mandei a ortodoxia pra casa do caralho, para sempre. O Ivan sumiu, não sei que fim levou, mas sou grato a ele até hoje. Alfredo José da Silva, o Johnny Alf, é o menos conhecido dos grandes compositores da música popular brasileira. Anunciado por Ronaldo Bôscoli no famoso show da Faculdade de Arquitetura em 1959 como “alguém que faz bossa nova desde que nasceu”, ele foi exaltado pelo escritor (hoje também compositor) Jorge Mautner em seu livro “Kaos” - 1964, como o supra-sumo da vanguarda. No início dos 70, tive o privilégio de bater longos papos com João Gilberto em Nova York, em seu quarto no Hotel Bolívar. Perguntado sobre Alf, João parou, refletiu um pouco e concluiu: “Johnny é tudo”. João Silvério Trevisan me disse que o poeta Roberto Piva, outro dos admiradores mais antigos de Alf, tem (ou teve) toda uma teoria sobre sua obra, que seria feita para entendidos (no sentido homossexual que essa expressão teve nos anos 50 e 60). A capa do LP “Nós” parece confirmar: em primeiro plano, um perfil de Alf com uma camisa coloridíssima. Ao fundo, desfocado, um belo rapaz caminha em sua direção. Deu até ameaça de processo. Caetano Veloso recentemente compôs “Amor mais que discreto’, uma espécie de resposta à belíssima “Ilusão à toa”, uma canção sobre dois homens “que brincam com o próprio sexo”. Em 65 o jornalista Ramalho Neto (“Historinha do desafinado”) o declarou o verdadeiro pai da Bossa Nova. Podemos afirmar, sem medo de errar, que ele representa uma das duas correntes que formou esse movimento, a outra sendo João Gilberto. Se esse está próximo do cool-jazz dos músicos brancos de San Francisco (Chet Baker e Gerry Mulligan), o Alf descende do nervoso be-bop dos negros de Nova York. Um é a linha reta, o outro a linha sinuosa. Uma completa a outra, e com as duas que desenhamos o mundo. Tom Jobim sintetiza as duas. Ruy Castro, autor do melhor estudo sobre a bossa nova, escreveu que ouvir e ver Johnny Alf numa boate intimista “é uma das grandes experiências pelas quais pode passar qualquer pessoa que goste de música”. Protestando contra uma platéia de granfinos que falava pelos cotovelos durante um de seus shows na Paulicéia, Vinicius de Moraes teria gritado: “Johnny, vamos embora pro Rio, que São Paulo é o túmulo do samba!” Após assisti-lo em 96 no Free Jazz Festival, o crítico americano Larry Birnbaum o definiu na revista Jazziz como “brilhante”. Como vemos, Johnny Alf não é pouca coisa. No entanto sua carreira tem altos e baixos, e emplacou poucos sucessos no rádio, notadamente “Eu e a brisa” e “Olhos negros”. Tem personalidade tímida e arredia, e canta geralmente em boates, de preço salgado para as novas gerações. Assim, apesar de influenciar toda uma geração de músicos (entre eles Ellis Regina, Leni Andrade e Alaíde Costa), é geralmente pouco lembrado. Conheci-o nos anos 90, apresentado por um amigo comum, o falecido Carlinhos, dono de um sebo na Rua Sete de Setembro, no Rio. Logo me perguntou se eu possuía a versão completa de três horas do filme “Solaris” do Andrei Tarkovsky. E me deu um vhs pirata com o primeiro “Show boat”, o do James Whale, com a Helen Morgan e o Paul Robeson. Ficamos amigos. Anos depois, com uma bolsa da Rockfeller Foundation, obtida por intermédio do jornalista Carlos Alberto de Mattos, tive o prazer de trabalharmos juntos. O resultado foram dois vídeos de 45 minutos cada um (“Um retrato de Johnny” e “Cult Alf” feitos 12 anos atrás), que originaram dois cds. Como João Gilberto, Johnny Alf é lacônico e evita entrevistas. Mas para surpresa geral, abriu-se para mim, falando por mais de uma hora sobre os mais diversos assuntos. Com exclusividade para Cronópios, disponibilizo na Internet essa raridade para todos os interessados. Mas quem avisa, amigo é. Podem reproduzir à vontade, desde que me creditem a autoria. Tenho as gravações originais e a lei dos copyrights existe para ser cumprida. Divirtam-se."

Entrevista inédita - 1996

"Nasci no Rio em 1929. Minha mãe trabalhava como doméstica numa casa de família e eles ajudaram na minha educação, então recebi aulas de piano clássico dos 10 aos 14 anos. Gostava de George Gershwin, George Shearing e ouvia muita música brasileira no rádio, Ari Barroso e outros. Sempre fui muito ligado em Custódio Mesquita, Valzinho, Peter Pan, que tinham uma harmonia mais sofisticada. Esse último era cunhado da Emilinha Borba, então volta e meia ela gravava as coisas dele no lado B dos discos 78, já que no lado A vinham os grandes sucessos, as rumbas e os boleros. Essa é a essência do meu trabalho. No início dos anos 50 eu criei na Tijuca o Sinatra/Farney Fanclube, que chegou a ser freqüentado pelo Carlos Manga, a Nora Ney, a Dóris Monteiro. Eles trabalhavam na Rádio Nacional e me indicaram para fazer um teste na famosa cantina do César de Alencar em Copacabana. Fui lá e antes de terminar a segunda música, já estava contratado. Na estréia a cantora Marlene me deu uma gorjeta, que na moeda de hoje em dia, seria uma verdadeira fortuna. Foi assim que virei profissional. Em 1952 eu gravei três discos 78, mas não tiveram nenhum sucesso, não venderam nada. Nesse ano, a Mary Gonçalves, que era atriz e cantora, resolveu gravar seu primeiro disco, um 10 polegadas, com 8 músicas, e escolheu 4 minhas, um desconhecido. Algumas hoje em dia são consideradas clássicas. Um crítico famoso da época, o Claribalte Passos não gostou, mas escreveu que “o menos pior do disco são as músicas de um tal de Johnny Alf”.

_ Quais foram seus primeiros sucessos?
_O que é amar”, “Escuta” e “Rapaz de bem” são de 1952, 1953.

_ Mas o seu primeiro LP foi gravado só em 1961.
_ O Milton Miranda, amigo meu desde o tempo que eu era amador, assumiu um cargo importante na RCA Victor e me convidou pra gravar com liberdade total. O resultado foi o “Rapaz de bem”.

_ No segundo você só canta, não toca piano. Por que?
_ Em 64 eles me deram novamente carta branca. Eu era muito amigo do Celso Murilo, um pianista que, como eu, trabalhava na noite. Eu o convidei pra fazer os arranjos. Acho que esse disco, “Diagonal” é um dos meus melhores, porque o Celso analisou bastante o meu modo de cantar e escreveu tudo a partir daí.

_ Foi essa a época do disco inédito em inglês?
_ Exatamente. Doze faixas da Bossa Nova, cinco do Tom, quatro minhas, duas do Menescal e uma do Sérgio Ricardo. Nunca foi lançado, parece que por causa do contrato do Tom nos Estados Unidos com o Ray Gilbert, amigo do Aloysio de Oliveira, que monopolizou a obra dele por mais de 20 anos. Eu gravei outras traduções, então já viu...

_ Agora fale do que você fez em 1966 numa pequena gravadora, a Mocambo.
_ Eu era amigo do José Briamonte, e ele, como o Celso, queria fazer arranjos e nunca tinha chance. Então eu chamei. Embora ele fosse meio conservador, fez uns arranjos jazísticos, muito bons. Entre os músicos estão o Airto Moreira e o Hermeto Paschoal, mas como eles eram de outra gravadora, o nome não consta da ficha técnica.

_ O seu disco seguinte, “Ele é Johnny Alf”, da Odeon, é meio diferente dos outros, mais extrovertido, mais feliz, tem um coro vocal e muitas músicas inéditas. Elas foram feitas durante os 5 anos que você ficou sem gravar?
_ Era a minha produção daquela época. “Pensando em você” eu fiz pensando na Maria Bethânia, mas ela não gravou, acho que nem sabe disso. Foi gravado em São Paulo em 1971, mas o som é carioca. Fez sucesso.

_ No ano seguinte você fez o “Nós”.
_ Dessa vez o produtor foi o Simão Khoury. Ele convidou o Ivan Lins, Gilberto Gil, Egberto Gismonti e outros pra fazer músicas inéditas pra eu cantar. Mas o Gismonti disse que só aceitava se pudesse gravar “Plenilúnio”, uma música que eu fiz prum festival e continuava inédita. Então ele fez um arranjo bem sinfônico, o Vítor Assis Brasil tocou sax, uma beleza.

_ Em 1978 você voltou a trabalhar numa gravadora pequena...
_ Sempre fui muito rebelde. E recusei a proposta da Odeon de dividir um disco com a cantora Márcia, então saí e fui para a Chantecler.

_ Nesse (“Desbunde total”) tem várias inéditas e uns arranjos do João Donato.
_ Ele fez as bases.

_ Depois desse você ficou 12 anos sem gravar. Qual o motivo?
_ As gravadoras passaram a me ver como artista maldito, veneno de bilheteria. As pessoas gostavam, mas ninguém queria gravar comigo. Esse é o preço que se paga quando a gente só faz o que acha que deve fazer.

_ Olhos negros”, de 1990, é cheio de convidados. Caetano, Gal Costa, Emílio Santiago, Chico Buarque, Leni Andrade cantam seus grandes sucessos. Quem escolheu esse povo todo, você ou a gravadora (Philips)?
_ Eu e o produtor Líber Gadelha escolhemos juntos.

_ Agora vamos falar um pouco do seu método de trabalho. Quando você compõe, o que vem primeiro, a música ou a letra?
_ Não tem regra. Às vezes é uma, às vezes é outra. Comecei a compor com 13, 14 anos de idade, influenciado por Chopin, Tchaykovsky e os musicais de Hollywood. Uma vez fiz uma letra e a música surgiu só 9 meses depois. É uma coisa mágica. Posso estar muito bem aqui e de repente a inspiração baixar na minha cabeça, eu memorizo e em casa passo para o pentagrama. “Plenilúnio”, por exemplo, eu estava dormindo, acordei de repente, e escrevi a música que estava sonhando. Outras vezes é diferente. Nos anos 60 eu trabalhava na boate Plaza e alguém me desafiou a compor um baião e eu fiz o “Céu e mar”. Aí o cara disse: “mas é baião moderno!” E eu respondi: “Mas é baião, meu bem”. Eu sou sozinho, não tenho família. Então me dedico totalmente ao meu trabalho. Quando componho, ponho toda minha alma e minhas experiências pessoais. Tudo é autobiográfico.

_ Como você classifica sua obra: samba, jazz, samba jazz, bossa nova, ou uma mistura de tudo isso?
_ Pra mim isso não tem importância. Música não tem nome, meu querido, música é som. Não sei como classificar minha obra. Mas eu amo jazz e sua influência é forte, principalmente no relacionamento com os músicos. Eu dou liberdade para cada um fazer o que sabe com seu instrumento.

_ Mas você é um dos precursores da Bossa Nova.
_ Quando a Bossa Nova começou, eu já tinha mudado pra São Paulo, pro João Sebastião Bar. Eu adoro o Rio, mas a vida me jogou em outra direção. Eu não participei do movimento, mas já conhecia o João Gilberto e o João Donato. E o Tom Jobim. Desde 1950. Nós costumávamos, com a Dolores Duran, ver o sol nascer em Copacabana, depois que as boates fechavam.

_ Nunca foi convidado a se juntar ao movimento?
_ Dizem que me procuraram pro show do Carnegie Hall, mas não me encontraram. O principal produtor deles, o Aloysio de Oliveira, não gostava do meu trabalho, não sei por que... A mulher dele, a Silvinha Telles, pra gravar “Ilusão à toa” num disco da Elenco teve de penar...

_ Fora a música, você tem outros interesses?
_ Sou muito fechado. Adoro ir ao cinema, ficava às vezes da primeira até a última sessão. Quando estreou o “Branca de Neve” do Walt Disney, com a dublagem da Dalva de Oliveira, eu assisti semanas a fio... Depois que eu cresci, descobri o trabalho dos grandes cineastas, como Tarkovsky e Antonioni, e amei. Sou desses que adora filmes com planos longos, sem diálogo. São como a vida. É isso que eu procuro no cinema. Não é só diversão. Para mim esses filmes revelam o outro lado das coisas que eu gostaria de participar, mas não posso, por ser sozinho. O cinema me alimenta. Eu me alimento de Arte.

_ Mas, mesmo conhecendo o Carlos Manga, famoso diretor da Atlântida, você não participou de nenhum filme nacional.
_ Minha única contribuição foi em 1958 num filme da Derci Gonçalves, “A baronesa transviada”, do Watson Macedo. O Bill Farr canta “O que é amar”. Mas nunca fiz nada diretamente pra cinema.

_ Como você quer encerrar nossa entrevista?
_ Miles Davis disse que o músico tem de se atualizar. Ele era grande, se atualizou e voltou ao topo. Acredito que é isso aí. Infelizmente, a maioria dos veteranos da minha geração é cheia de preconceito, acham que a música só presta até os Beatles. Depois é tudo uma porcaria. Eu não concordo com isso. Gosto do que está acontecendo e do que está pra acontecer. Mesmo no caos que é o mundo atual, muita coisa boa continua a ser feita. Certo? Um músico como eu analisa cada coisa com muito cuidado, e o objetivo não é o hit-parade, mas a liberdade de expressão. Essa é a melhor maneira de fazer um trabalho positivo, honesto e espontâneo. Por isso eu digo como a Marilyn Monroe, “eu quero ser maravilhoso”. E vou continuar tentando...

Pé na estrada

Depois de 1990, Johnny Alf ficou mais 6 anos sem gravar, e sua carreira fonográfica parecia ter entrado numa espécie de limbo. Volta e meia gravava uma participação no songbook de alguém (como a sensacional versão de “Ela desatinou” do Chico), mas ficava nisso. Isso foi quebrado em 1997 com um CD inusitado, “Letra & música de Noel Rosa por Johnny Af & Leandro Braga”, produção de Almir Chediak para Lumiar Discos, onde Alf apenas canta, não toca piano nem fez as bases dos arranjos, responsabilidade do companheiro de aventura. É uma tentativa ousada, pois a única coisa que une a obra do grande sambista à do precursor da Bossa Nova é o fato dos dois terem nascido em Vila Isabel. O resultado não é bom. Os arranjos do Leandro não são nem tradicionais nem modernos, são simplesmente medíocres. O repertório também é redundante, só com “grandes sucessos”. E a inédita parceria com Paulo César Pinheiro é bem fraca. Os vocais são muito bons, mas o resultado total deixa muito a desejar. Também inusitado, e igualmente frustrado é “As sete palavras de Cristo na cruz” (Paulinas Comep), de 1999. São 8 temas instrumentais de sua autoria, intercalados com poesias do bispo Dom Pedro Casaldáglia, e uma parceria dos dois juntos. Raras vezes na discografia da MPB houve um encontro tão estapafúrdio, do espírita Johnny Alf com um bispo da Teologia da Libertação. Não houve liga entre partes tão heterogêneas. Se a parte instrumental é nuançada e sutil, a falada é empostada como um sermão de montanha. Uma curiosidade fonográfica. Não é o que acontece com “Cult Alf” (1997, Natasha Records) e “Eu e a bossa” (1998, RobDigital), produzidos por mim a partir de um show ao vivo numa pequena boate no Rio de Janeiro. Aqui temos Johnny Alf em seu habitat favorito. Acompanhado de um trio acústico, onde se destaca o saxofonista Idriss Boudrioua, com faixas sem limite de tempo (algumas ultrapassam 10 minutos de duração), o repertório inclui seus grandes sucessos, ao lado de inéditas, instrumentais, e homenagens a Vinicius de Moraes, Dick Farney e Villa-Lobos (as belíssimas “Melodia sentimental” e a “Cantilena” daBachiana nº 5). Sua versão de “Desafinado” é uma pauleira só, exatamente o contrário da do João Gilberto, e tão boa quanto. Raridades. O vocal está soberbo e nunca antes tinha sido dado tanto espaço para os solos de seu piano sensacional. Foram dois fracassos de vendagem, mas tenho o maior orgulho de incluí-los no meu currículo. Em 11 de Setembro de 2001, dia do atentado das Torres Gêmeas, Johnny Alf iniciou em Nova York a gravação de um cd produzido por César Mariano, e com a participação de grandes músicos como Ron Carter, Hector Costita e outros. Embora finalizado, nunca foi lançado, ao que parece por problemas técnicos não identificados. Também excelente é “Johnny Alf sings and plays with his quintet”, produzido em outubro de 2002 por Jun Itabashi para o selo japonês Bossanovologia, e lançado no Brasil em 2004 pela Guanabara Records com o nada imaginativo título de “Mais um som”. São 15 inéditas, entre elas uma das suas melhores em muitos anos, “Tema da cidade longe”, uma obra prima, e os dois temas gêmeos (“Noite sem lua” e “Céu de estrelas”) que o Paulinho Jobim me disse um dia que o Tom adorava e, embora compostos no início dos anos 50 para Dolores Duran, nunca tinham sido gravados. De tanto eu insistir, ele acabou incluindo. Esse é o seu último disco lançado no mercado. A mixagem diminuiu o volume de sua voz, mas, mesmo assim o resultado é emocionante. Infelizmente não consegui convencer nenhuma gravadora (entre elas a Biscoito Fino e a Trama) a bancarem “Avatar”, um disco de estúdio. A concepção era simples: as primeiras faixas seriam lentas e apenas com piano. Pouco a pouco, entrariam os outros instrumentos e o andamento ficaria cada vez mais rápido, até explodir num samba sincopado com grande orquestra. No repertório, inéditas de sua autoria, e também maravilhas que canta em shows e não gravou, entre elas: “Aeromoça” de Billy Blanco, “Tudo que aprendi de amor” de Fátima Guedes e a velha seresta “Noite cheia de estrelas”, imortalizada pelo tonitroante Vicente Celestino (Johnny a transforma numa cascata de lindíssimas sutilezas). Infelizmente, dado ao estado de saúde do Alf, paraplégico e deprimido numa clínica em Santo André (mas recebendo ótimo atendimento médico), dificilmente esse disco será gravado. Mas eu ouvi, pelo telefone, ele ensaiando para mim a letra do clássico samba do Nelson Cavaquinho e Guilherme de Brito, “Quando eu me tornar saudade”. Esse privilégio ninguém me tira. Fecho esse artigo com essa letra, mensagem pouco sutil a todos que não o prestigiaram em vida, e certamente chorarão lágrimas de crocodilo depois que ele se for:

Mas depois que o tempo passar Sei que ninguém vai se lembrar Que eu fui embora Por isso é que eu canto assim Se alguém quiser fazer por mim Que faça agora."

Fonte: João Carlos Rodrigues - Cronópios

PS: Faleceu em 04 de Março de 2010 aos 80 anos no hospital estadual Mário Covas em Santo André (SP), onde durante três anos, se tratou de um câncer de próstata. Ele vivia em uma casa de repouso na cidade. Uma grande perda para a musica e para a historia da Bossa Nova.

Boa leitura - Namastê.


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