sábado, 21 de agosto de 2021

# 002 - Louis Armstrong - The Best Live Concert, Vol. 2 (1965)


Lançamento: 2003
Selo: Gitanes Jazz Produção
Gênero: Jazz, Swing. Mainstream Jazz

Com o passar dos anos, Louis começou a cantar cada vez mais. Foi especialmente com essa imagem que Louis ficou gravado no inconsciente coletivo. Dentre todas as composições, sua eterna gravação de 'What a Wonderful World' é talvez a que mais emocione, tanto pela belíssima letra, quanto pela interpretação única e magnífica de Louis. Armstrong fundou um grupo denominado 'All-Stars', que se baseava nos estilos New Orleans e swing, grupo esse que tinha sempre a sua presença cativante e bem humorada. Continuou a excursionar com o seu grupo, como embaixador do jazz. Durante o movimento pelos direitos civis, nos anos 50 e 60, dezenas de músicos apoiaram a causa. Essa era também a época da Guerra Fria, e a Casa Branca tirava proveito do prestígio de Armstrong patrocinando turnês de propaganda americana pelo mundo, nas quais ele era apresentado como ‘embaixador da boa vontade’ (americana). Até que ele viu, na televisão, crianças negras sendo agredidas pela polícia. Revoltado, cancelou a turnê seguinte que era para a União Soviética e deu um ‘conselho’ ao governo: ‘Vá para o inferno!’. É difícil caracterizar um só motivo para toda a fama de Armstrong, de proporções praticamente mitológicas, plenamente merecidas. Armstrong permanece como um dos mais famosos nomes do blues e do jazz de todos os tempos.


Boa audição - Namastê

quinta-feira, 19 de agosto de 2021

# 001 - Louis Armstrong - The Best Live Concert, Vol. 1 (1965)

Lançamento: 2003
Selo: Gitanes Jazz Produção
Gênero: Jazz, Swing. Mainstream Jazz


Ele é, ao lado de Duke Ellington, o maior nome da história do jazz. Inovações como o solo individual e o ‘scat singing’ são atribuídas a ele. Na gravação de ‘Heebie Jeebies’, um de seus primeiros sucessos, ele esqueceu a letra e começou a cantarolar. Inventou, assim, o ‘scat singing’, um canto em que fonemas aleatórios substituem palavras. O scat entrou para o vocabulário jazzístico e influenciou até o rock'n'roll. ‘Satchmo’, abreviação de ‘Satchelmouth’ (boca de saco), uma referência aos sorrisos largos, ou ‘Pops’, como era carinhosamente chamado 'Louis Daniel Armstrong' nasceu em New Orleans e foi um brilhante solista de trompete na era do blues onde o jazz ainda nem existia, ficou conhecido também por sua voz de alto timbre. Mais tarde, Armstrong, viria a ser um dos maiores representantes do jazz, considerado 'a personificação do jazz'. Com sua voz e sua personalidade inconfundíveis, conhecidas até por aqueles que não são fãs do jazz. Sendo natural de Storyville, distrito de New Orleans conhecido por sua diversidade de ambientes, de prostíbulos a igrejas, Louis Armstrong conviveu nesse ambiente com a enorme pobreza em que nasceu e passou sua infância. Conciliando a liberdade das ruas e o trabalho para o sustento da família, o pai abandonou a família assim que ele nasceu, e o pequeno Louis tornou-se uma criança extremamente esperta e adaptada à vida árdua. Aos 13 anos, conseguiu comprar uma corneta, com dinheiro emprestado de uma família russa-judia, os Karnofskys, e sozinho começou a aprender a tocá-la e depois em uma banda amadora na casa de correção de juvenil, e foi justamente no reformatório que Louis teve contato intensivo com a música, estudando com mais afinco bugle e corneta na banda do reformatório, banda que depois viria a liderar. Os motivos que o levaram ao reformatório são nebulosos. De volta a New Orleans, já com 14 anos e livre da prisão, começou a tocar em casas noturnas e nas grandes barcas do rio Mississippi. Foi na zona da prostituição de Storyville, que conheceu grandes nomes daquilo que viria a ser o jazz. Quando a Storyville foi fechada pela Marinha americana, todos se mudaram para Chicago para conseguir emprego. Armstrong se casou, ao todo, quatro vezes. A primeira delas aos 17 anos com uma prostituta de Louisiana. Mas a sua quarta esposa, Lucille, foi a mulher de sua vida. A musicalidade inata e evidente de Armstrong, aliada à disciplina técnica que adquirira na banda do reformatório, capacitaram-no a tocar num estilo próprio em vários grupos e com inúmeras orquestras até formar seu próprio o ‘Louis Armstrong Hot Five’, com o qual fez gravações tidas até hoje como clássicos. Seu estilo inconfundível de cantar, tornou-se sua marca registrada, tanto quanto o tom de seu trompete. 



Boa Audição - Namastê
 

sexta-feira, 13 de agosto de 2021

Onde ouvir "Jazz em Paris" - Borboletas de Jade

O jazz é, sem dúvida, a música mais livre do planeta. Nela é permitido ao músico esquecer as regras e os dogmas criados pelo mundo e ao ouvinte entregar-se ao feitiço e pureza do seu ritmo. Quando surgiu, no final do século XIX e início do século XX, no sul dos Estados Unidos, principalmente na cidade de Nova Orleans, o jazz foi considerado profano. No início do ano de 1800, os escravos se reuniam na Praça do Congo para tocar suas músicas e mostrar suas danças tradicionais. Os negros norte-americanos foram os porta-vozes do jazz. Cantado ou tocado eles fizeram do jazz a sua identidade, que é respeitada e admirada até hoje em todo o mundo. A Coleção editada em 2001 pelo selo francês ‘Gitanes’, selo criado em Paris na primeira metade do século XX, tendo o título em homenagem ao mestre belga de jazz, Django Reinhardt, o músico de jazz europeu mais famoso de todos os tempos e quem difundiu na velha Europa os ritmos americanos originários de Nova Orleans. Sob o título genérico de ‘Jazz in Paris’, a coleção traz a música que foi feita nos anos cinquenta e sessenta em Paris, a capital boêmia de muitas coisas e também do jazz na Europa e contém compilações temáticas, bem como álbuns regulares e trilhas sonoras. Tempos de criatividade numa Paris em ebulição que respirava jazz. Os artistas são em sua maioria franceses e internacionais, com foco principal no bop. A coleção inclui 100 títulos e cada um contém grandes músicos americanos que passaram pela capital parisiense e mostra também a evolução dos grandes músicos franceses. No início de 2017, outros títulos foram emitidos na França pela Decca France (números 114 a 123).

 

segunda-feira, 9 de agosto de 2021

A História do "Jazz em Paris"

 O som do verão na França é definitivamente mais doce com jazz. Essas melodias energizam os amantes da música em palcos abertos com vista para o Mediterrâneo, flutuam sobre terraços lotados perto de Les Halles ou discotecas descoladas na Normandia. O jazz se tornou uma língua internacional, influenciando muitas culturas. Foi introduzido pela primeira vez na França por soldados afro-americanos. Julia Browne, fundadora e CEO da Walking The Spirit Tours - Black Paris & Beyond conta a história. Durante a Primeira Guerra Mundial, tropas segregadas de soldados negros marcharam com sua música animada por 2.000 milhas de pequenas aldeias agrícolas e
grandes salas de concerto em toda a França. Seu líder era o tenente James Reese Europe, um respeitado líder de banda de Nova York. Onde quer que ele levou sua 369 ª banda Harlem regimento de infantaria e criaram uma revolução musical emocionante. A história ainda é contada repetidamente como a primeira vez que os franceses ouviram jazz não conseguiram imaginar que tipo de música era, ou como os instrumentos estavam fazendo aqueles sons inéditos. Depois da guerra, muitos músicos, bem como dançarinos e artistas, voltaram, instalaram e encantaram cabarés e platéias no Lower Montmartre de Paris, que ficou conhecido como Black Montmartre. Proprietários e frequentadores de clubes de todo o mundo não se cansavam dos ritmos sincopados. Inúmeros músicos locais, por outro lado, não ficaram entusiasmados com a pressão para aprender essa música estrangeira americana. Felizmente, houve fãs perspicazes que viram o futuro da música francesa no jazz e começaram a busca por elevar a assim chamada música "pop" americana a uma forma de arte. Dois amantes do jazz, Hughes Panassié e Charles Delauney, formaram o inovador Jazz Hot Club para promover a aceitação do jazz na França e no exterior. Eles lançaram a primeira revista de jazz na Europa. De sua localidade perto da Rue Pigalle, eles convidaram jovens músicos ansiosos para seu espaço de oficina, onde puderam experimentar os novos sons e conhecer os mestres americanos.  
Não demorou muito para que dois de seus protegidos, Django Reinhardt e Stephane Grapelli , formassem a primeira verdadeira banda francesa de jazz, o Jazz Hot Quintet, e percorressem as regiões nos anos 30, espalhando o jazz gospel. Mas a ocupação nazista de Paris forçou os jazzistas e artistas americanos de volta para casa e proibiu a reprodução do que eles chamam de "música negra degenerada" nas ondas do rádio e em locais públicos. Os fãs parisienses, entretanto, não estavam dispostos a abandonar sua paixão recém-descoberta. Eles simplesmente pegaram seus discos bem usados ​​no estilo de Nova Orleans e montaram clubes clandestinos nos porões subterrâneos à prova de som de St.Germain-des-Pres e do Quartier Latin. Mas, sem nenhum americano por perto para mostrar-lhes o que havia acontecido, e nenhum disco novo sendo prensado e distribuído, os jovens músicos franceses recorreram à imitação de seus preciosos discos de Jelly Roll Morton, Sidney Bechet, Louis Armstrong e Cab Calloway. A trilha sonora de St.Germain-des-Pres. Após a Segunda Guerra Mundial, milhares de jovens franceses foram para Paris. Eles se reuniam durante o dia nos esfumados cafés literários - Le Café Flore, Les Deux Magots - e, em seguida, por volta da meia-noite, iam para os clubes de jazz. Liderando o grupo estava um engenheiro, escritor e poeta esguio, careca e ambicioso Boris Vian. Seu apelido se tornou The White Negro por sua obsessão pela música e cultura negra. Não é de estranhar que tenha sido ele quem, em abril de 1947, abriu o mais famoso dos clubes da região - The Tabou Club , na rue Dauphine. Músicos afro-americanos tiveram um retorno triunfante a Paris, retomando de onde seus antecessores da década de 1920 haviam parado. Convidados para se apresentar no primeiro Festival International de Jazz em Paris, que começou em 1948, foram celebridades como Dizzy Gillespie, Coleman Hawkins e Kenny Clarke. No ano seguinte, fãs e amadores lotaram os locais para ouvir seus ídolos Sidney Bechet, Charlie Parker Quintet com Miles Davis, Thelonius Monk e Mary Lou Williams. A reação fanática de seus fãs nesses shows e datas em clubes trouxe aos jazzistas uma perspectiva totalmente nova sobre a valorização de sua música e de seus fãs. Bechet, um nativo de Nova Orleans, tornou-se uma das lendas que teve pouco reconhecimento nos Estados Unidos, mas desfrutou do status de superstar na França. Foi admirado pela melodiosidade de suas composições e pelo domínio do saxofone e clarinete.  
 Mas ele foi especialmente apreciado por ser o único músico negro na época a ter jovens músicos franceses sob sua orientação e a nutrir a primeira geração de jazzistas franceses. Miles Davis também roubou o coração do público francês. Residente da pensão do Hotel Louisiane que ficou famosa com o filme 'Round Midnight' de Bertrand Tavernier, Davis emprestou seu gênio Bebop a trilhas sonoras de filmes franceses, incluindo 'Ascenceur pour l'Echaufaud'. Mas a imprensa de celebridades também o adorava porque ele e a icônica cantora Juliet Greco eram o casal parisiense da década de 1950. Os festivais de jazz deste verão apresentarão os maiores nomes do jazz de todas as nacionalidades. Entre eles estará um forte contingente de descendentes musicais daqueles soldados que fizeram desta música uma língua internacional.
                                                                 

                                                        Fonte: The Good Life França