quarta-feira, 30 de junho de 2010

Homenagem a Billie Holliday

"O que dizer mais sobre Billie Holiday que não tenha já tentado dizer? Mas há sempre qualquer coisa que vale a pena, sobretudo trazê-la ao pé de nós, uma e outra vez.
Sempre". "Para já, quero lembrar-vos a existência de um “blog de Jazz” que visito freqüentemente para “ver” o que há “de novo” –ou “de velho”?- de música Jazz".
Chama-se “Borboletas de Jade”.... cont.

O Borboletas de Jade recebeu com surpresa uma singela homenagem no dia 20 de Junho de 2010 do blog Falcão de Jade por pleitear a grande e diva do jazz Billie Holliday. MJ FALCÃO é admiradora e uma verdadeira parceira do Borboletas, com suas sugestões, comentarios e uma longínqua amizade revitalizadora ao longo destas jornada pelo mundo do jazz e sua vanguarda musical. Uma dica para que gosta de livros, pinturas,descobertas e uma viagem pelo mundo de novos horizontes, ancorem no porto de aguas tranqüilas de Mr. falcão e hospedem no calor humanista desta grande anfitriã e amiga. Saudações e vida longa e prospera.



terça-feira, 29 de junho de 2010

Momento Billie

Billie Holiday e o fiel companheiro Mister
Fotografado por: Carl Van Vechten

domingo, 27 de junho de 2010

Lady Day: The Complete Billie Holiday on Columbia (1933-1944)Vol 04

Quando a Dor Encontra Desgraças e Fome

"Meu nome, Eleanora, era complicado demais para pessoas falarem. Além do mais eu gostava dele. Especialmente depois que minha avó o encurtou e berrava "Nora!" para mim chamar da varanda dos fundos. Meu pai começou a me chamar de Bill, porque eu era um verdadeiro moleque. Eu não me importava, mas queria ser bonitinha também e ter um nome bonito. Então me decidi por Billie e fiz questão de que vingasse. O tempo todo em que eu trabalhava em Filadélfia e Nova York, minha mãe me mandava roupas dadas pelos brancos que a empregavam. Eram sobras, naturalmente, mas muito bonitas e eu era sempre a garota mais elegante do quarteirão quando me vestia no capricho. Minha mãe sabia que eu não gostava de morar com meus avós e com a prima Ida. Ela mesma também não gostava. Mas a única providência que podia tomar era trabalhar o mais que pudesse no norte e economizar cada centavo. E foi o que fiz. Depois que papai pegou a estrada com os McKinney´s Cotton Pickers, ele simplesmente desapareceu. Depois consegui um emprego na orquestra de Fletcher Hendersom. Mas estava sempre em excursão e um dia souberam que conseguiu o divórcio e se casou com uma antilhana chamada Fanny. Quando minha mãe finalmente voltou a Baltimora, tinha novecentos dórares de economias. Comprou uma casa muito elegante na avenida Pensilvânia, no norte de Baltimora, o bairro das pessoas de classe. Pretendia alugar quartos para pensionistas. Viveríamos como grandes senhoras e ia ficar numa boa. Todas as grandes putas usavam imensos chapéus de veludos vermelho com pluma de ave-do-paraíso. Aquilo era o máximo. Não se comprava um por menos de vinte e cinco dólares, um montão de dinheiro nos anos 20. Sempre quis que minha mãe tivesse um desses chapéus e quando ela finalmente conseguiu comprar um, eu amei tanto que criava caso se ela não o usasse desde o momento que que se levantava pela manhã até a hora de ir para a cama a noite. Se saia de casa sem chapéu, eu o levava para ela. Ficava bonita com ela e eu achava que devia parecer bonita o tempo todo. Não tinha muito mais do que um metro e meio e pesava menos de trinta e seis quilos. Em seu chapéu de veludo vermelho com pluma de ave-do-paraíso, ela parecia uma boneca viva". Billie Holiday Lady Sings the Blues – A autobiografia dilacerada de uma lenda do jazz, Por William Dufty & Billie Holiday (Jorge Zahar)

I Cant Get Started


You Go to My Head


Faixas:
01. Nice Work If You Can Get It (1)
02. Things Are Looking Up (1)
03. My Man (1)
04. Can't Help Lovin' Dat Man (1)
05. My First Impression Of You (2)
06. When You're Smiling (2)
07. I Can't Believe That You're In Love With Me (2)
08. If Dreams Come True (2)
09. Now They Call It Swing (2)
10. On The Sentimental Side (2)
11. Back In Your Own Backyard (2)
12. When A Woman Loves A Man (2)
13. You Go To My Head (3)
14. The Moon Looks Down And Laughs (3)
15. If I Were You (3)
16. Forget If You Can (3)
17. Having Myself A Time (4)
18. Says My Heart (4)
19. I Wish I Had You (4)
20. I'm Gonna Lock My Heart (And Throw Away The Key) (4)
21. The Very Thought Of You (6)
22. I Can't Get Started (6)
23. I've Got A Date With A Dream (6)
24. You Can't Be Mine (6)

Musicos:

(1) Sessão de 01 de Novembro de 1937, New York - Teddy Wilson & His Orchestra
Billie Holiday - Vocal
Buck Clayton - Trompete
Prince Robinson - Clarinete
Vido Musso - Sax Tenor
Teddy Wilson - Piano
Allan Reuss - Guitarra
Walter Page - Baixo Acustico
Cozy Cole -Bateria

(2) Sessão de 06 de janeiro de 1938, New York - Teddy Wilson & His Orchestra
Billie Holiday - Vocal
Buck Clayton - Trompete
Benny Morton - Trombone
Lester Young - Sax Tenor
Teddy Wilson - Piano
Freddie Green - Guitarra
Walter Page - Baixo Acustico
Jo Jones - Bateria

(3) Sessão de 11 de Maio de 1938, New York - Billie Holiday & Her Orchestra
Billie Holiday - Vocal
Bernard Anderson - Trompete
Buster Bailey - Clarinete
Babe Russin Sax Tenor
Claude Thornhill - Piano
John Kirby - Baixo Acustico
Cozy Cole - Bateria

(4) Sessão de 23 de Junho de 1938 New York Billie Holiday & Her Orchestra
Billie Holiday - Vocal
Bernard Anderson - Trompete
Buster Bailey - Clarinete
Babe Russin - Sax Tenor
Claude Thornhill - Piano
Allan Reuss - Guitarra
John Kirby - Baixo Acustico
Cozy Cole - Bateria

(5) Sessão de 24 de Julho de 1938, New York Artie Shaw and his Orchestra
Billie Holiday - Vocal
Chuck Peterson, John Best-Claude Bowen - Trompetes
George Arus, Ted Vesely, Harry Rogers - trombones
Artie Shaw - Clarinete
Les Robinson, Hank Freeman - Saxs Alto
Tony Pastor, Ron Perry - Saxs Tenor
Lester Burness - Piano
Al Lavola - Guitarra
Sid Weiss - Baixo Acustico
Cliff Leeman - Bateria

(6) Sessão de 15 de Setembro de 1938, New York - Billie Holiday & Her Orchestra
Billie Holiday - Vocal
Buck Clayton - Trompete
Dickie Wells - Trombone
Lester Young - Clarinete & Sax Tenor
Margaret ‘Queenie’ Johnson - Piano
Freddie Green - Guitarra
Walter Page - Baixo Acustico
Jo Jones - Bateria


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Boa audição - Namastê.

quinta-feira, 24 de junho de 2010

Momento Billie

Billie Holiday e o fiel companheiro Mister
Fotografado por: Carl Van Vechten

Lady Day- The Complete Billie Holiday on Columbia (1933-1944)Vol 06

Lady Day - Fragmentos as Portas do Inferno

No auge da fama em 1941, Billie casou-se com Jimmy Monroe. Foram os constantes casos de Monroe com outras mulheres que fizeram com que Billie compusesse uma de suas mais belas canções, Don’t Explain, escrita depois de ver o marido chegar em casa com a roupa manchada de batom. Billie diz que este casamento desastrosos foi um dos motivos pelo qual começou a fazer uso de heroína. Já era alcoolatra, fumante de nicotina e maconha e uso das drogas pesadas com ópio, heroína e das outras que se tornaram populares nos anos 40. “Quando eu estava muito louca, estava muito louca e ninguém me causava problemas. Nem os tiras, nem o imposto de renda, ninguém. Os problemas surgiram quando tentei largar.” Billie pediu ajuda para Joe Glaser e Tony Golucci (seu patrão no Famous Door). Eles lhe emprestaram um dinheiro e Billie internou-se por semanas em uma clínica de reabilitação, havia pedido sigilo absoluto e tudo parecia dar certo mas a informação vazou. Em 31946 contracenou ao lado de Louis Armstrong em um filme chamado New Orleans onde interpreta uma criada. Não foi fácil para a famosa e bem sucedida Lady Day aceitar esse papel, afinal ela já havia mesmo trabalhado como criada e havia lutado a vida toda para nunca mais ser criada de ninguém. “Depois de ter ganho mais de um milhão de dólares, me estabelecido como uma cantora de bom gosto e dignidade, era realmente uma merda ter que ir para Hollywood para acabar fazendo uma empregadinha de faz-de-conta” disse. Quando finalmente foi assistir o filme, aí sim ficou decepcionada. Havia tantos cortes com ela mal aparecia! Nunca mais fez outro filme. Depois da decepção com o filme, a recente morte da mãe e dependência das drogas o que mais falta?. Lady estava sendo perseguida pela polícia desde que havia deixado a clínica, já fazia um ano. Quando terminou a ultima apresentação da temporada no Clube Onyx, na filadélfia em maio de 1947, pegou um táxi e dirigiu-se ao Grapion Hotel, onde dois agentes já a aguardavam no sagão com um mandato de prisão. Dessa vez ficou presa por cerca de 1 ano no Reformatório Federal Feminino de Alderson, West Virginia, onde sofreu crises terríveis de abstinência e chegou até a fabricar, escondido, uísque com cascas de batata fermentadas, mas era tão fedido que Billie foi obrigada a abandonar a prática para que não fosse descoberta. Quando finalmente deixou a prisão, Lady não parou de ser perseguida. Teve que amargar até o fim de sua vida a total proibição por parte da polícia de se apresentar em qualquer clube de Nova York, o que em muito prejudicou sua carreira. Os anos 50 foram de prisões regulares, perda da carteira de motorista, perda de registro profissional. Não podia mais cantar em locais onde havia venda de álcool, ou seja, fecharam-se as portas da carreira ao vivo, mas a venda dos discos garantia uma boa qualidade de vida no plano material. A partir de 1957 as drogas e o álcool detonaram a matriz vocal que se tornou mais e mais rouca e arrastada. De fevereiro de 1958 a maio de 1959, em Londres, ainda participou do Chelsea At Nine Show. De volta aos Estados Unidos, com graves problemas cardíacos e hepáticos, ficou em prisão domiciliar por porte de drogas, outra vez. O desfecho não poderia ser outro. Com o fígado e o coração em frangalhos, Billie morreu na manhã de 17 de julho de 1959. Os capítulos finais de sua vida foram lamentavelmente dignos de uma trajetória marcada pela pobreza, pela perseguição policial e pela tragédia: Billie não viveu o suficiente para apreciar a avalanche de livros, biografias, ensaios, teses de mestrado, textos explicativos em CDs, críticas, discografias, filmes (como o de 1972, estrelado por Diana Ross), referências em obras sobre jazz e documentários de tv. Dicção perfeita, mesmo nos tempos finais quando precisava ser amparada para cantar, o estilo inconfundível, a criatividade na improvisação compensavam a gama vocal limitada. A persona non grata” tornou-se uma deusa, um mito, a melhor vocalista do século XX.

Georgia on My Mind

Body and Soul



Sidemen:
Lester Young - Sax Tenor
Ben Webster - Sax Tenor
Johnny Hodges - Sax Alto
Artie Shaw - Clarinete
Benny Goodman - Clarinete
Roy Eldridge - Trompete
Teddy Wilson - Piano & outros....

Faixas

01. Some Other Spring
02. Our Love Is Different
03. Them There Eyes
04. Swing, Brother, Swing
05. Night And Day
06. The Man I Love
07. You're Just A No Account
08. You're A Lucky Guy
09. Ghost Of Yesterday
10. Body And Soul
11. What Is This Going To Get Us?
12. Falling In Love Again
13. I'm Pulling Through
14. Tell Me More-More Then Some
15. Laughing All My Life
16. Time On My Hands (You In My Arms)
17. I'll All For You
18. I Hear Music
19. The Same Old Story
20. Practice Makes Perfect
21. St. Louis Blues
22. Loveless Love
23. Let's Do It Again
24. Georgia On My Mind

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Boa audição - Namastê.





quarta-feira, 16 de junho de 2010

Billie Holliday - Lady Day: The Complete Billie Holiday on Columbia (1933-1944)Vol 04

Um Pedaço do Céu No Inferno

Billie Holiday
morreu em 1959. No dia de sua morte ela tinha US$ 0,70 no banco e US$ 07 na bolsa. O resto o vício em heroína havia consumido. O que sobreviveu foi a voz que cantou com uma beleza sem paralelo na história do jazz. Sua música segundo o jornalista Roberto Soneto, transcendeu o gênero. “Dizer que Billie Holiday foi só uma cantora de jazz é como dizer que os Beatles foram só uma banda de rock”, afirmou. A vida da cantora é um retalho de histórias não confirmadas e muitas vezes, inacreditáveis. A autobiografia Lady Sings the Blues, escrita por William Dufty um ghostwriter é conhecida por conter inúmeros erros e a biografia escrita por sua secretária não é muito melhor segundo Soneto. Sabe-se no entanto que foi uma vida com imensas tragédias que começaram na infância. Ainda criança sofreu abusos sexuais. Viveu na pobreza e trabalhou como prostituta até nos anos 1930, começar a cantar em bares de Nova Iorque. O abuso de álcool e drogas que ela experimentou durante toda a vida acabaram por aos poucos prejudicar sua performance. “Todas as características vocais de Billie se perderam por conta dos abusos. Mas o mais importante é que a voz era como uma pintura. Podia perder o brilho, ficar velha e esgarçada, mas ainda retinha sua beleza”, disse Soneto na palestra “As Grandes Damas do Jazz”, na Casa do Saber. Esta voz nunca foi tão poderosa quanto na música Strange Fruit . Ao contrário do que se acredita a música não foi escrita pela cantora mas pelo poeta Lewis Allan, também conhecido como Abel Meropool. A música é um protesto contra o racismo no sul dos Estados Unidos. O estranho fruto que dá nome à música se refere aos corpos dos negros linchados e depois dependurados pelo pescoço em árvores. Billie Holiday tinha o hábito de terminar seus shows com a música. O teor político da canção causou problemas para a cantora. Ela teve que lançar a música por um selo especial já que sua produtora se recusou a gravar. Em 1999 a Strange Fruit foi eleita pela revista Time como a canção do século. Outras inovações de Holiday foram menos políticas mas ainda polêmicas. Holiday foi a primeira cantora negra a ser acompanhada por violinos. A cantora lutou por esse direito na música Lover Man que nunca havia tido acompanhamento de violinos. A exigência não foi tanto racial quanto musical: a canção realmente fica melhor com o instrumento. Durante sua carreira a cantora participou de vários filmes a grande parte deles sofrível. “Nova Orleans”, um filme em que Holiday contracena com o jazzista Louis Armstrong é profundamente um bom exemplo. Mas aturar atuações fracas e roteiro ruim é um pequeno preço a se pagar para ver e ouvir um pouco do melhor do que o jazz pode oferecer.

My Man


I'm Gonna Lock My Heart (And Throw Away The Key)



Sidemen:
Lester Young - Sax Tenor
Ben Webster - Sax Tenor
Johnny Hodges - Sax Alto
Artie Shaw - Clarinete
Benny Goodman - Clarinete
Roy Eldridge - Trompete
Teddy Wilson - Piano & outros....


Faixas:
01. Nice Work If You Can Get It
02. Things Are Looking Up
03. My Man
04. Can't Help Lovin' Dat Man
05. My First Impression Of You
06. When You're Smiling
07. I Can't Believe That You're In Love With Me
08. If Dreams Come True
09. Now They Call It Swing
10. On The Sentimental Side
11. Back In Your Own Backyard
12. When A Woman Loves A Man
13. You Go To My Head
14. The Moon Looks Down And Laughs
15. If I Were You
16. Forget If You Can
17. Having Myself A Time
18. Says My Heart
19. I Wish I Had You
20. I'm Gonna Lock My Heart (And Throw Away The Key)
21. The Very Thought Of You
22. I Can't Get Started
23. I've Got A Date With A Dream
24. You Can't Be Mine

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Boa audição - Namastê.

segunda-feira, 14 de junho de 2010

Procura-se

A grande cantora de Jazz Eleanor Fagan Gough ou precisamente Billie Holiday fotografada por funcionários do departamento de Prisões em maio 1947 com 32 na época, presa oito meses na prisão federal em Alderson, West Virginia em uma condenação por drogas e maus trato a um cafetão.

Strange Fruit

Strange Fruit foi composta como poema, escrito por Abel Meeropol, um professor judeu de colégio do Bronx, sobre o linchamento de dois homens negros. Publicou sob o pseudônimo de Lewis Allan. Meeropol escreveu "Strange Fruit" para expressar seu horror com os linchamentos, possivelmente após ter visto a fotografia de Lawrence Beitler do linchamento de Thomas Shipp e Abram Smith em Marion - Indiana - ocorrido em 07 de agosto de 1930. Publicou o poema em 1936, no The New York Teacher, uma publicação sindical. Embora Meeropol ou Allan tenha sido frequentemente convidado por outros (notavelmente Earl Robinson) para musicar seu poema, só após algum tempo musicou Strange Fruit. A canção teve algum sucesso como protesto na região de Nova Iorque. Meeropol, sua esposa e a vocalista negra Laura Duncan apresentaram-na no Madison Square Garden. Barney Josephson, o fundador do Cafe Society em Greenwich Village a primeira casa noturna integrada da cidade ouviu a canção e a apresentou a Billie Holiday. Holiday cantou a música pela primeira vez no Cafe Society em 1939 com medo de retaliações. Mais tarde disse que as imagens de "Strange Fruit" lembravam-na de seu pai, isto fez com que ela continuasse a cantar a música. A canção tornou-se parte regular das apresentações ao vivo de Billie. Holiday se aproximou de sua gravadora, a Columbia Records para gravar a canção, mas temendo a repercussão das lojas de discos no sul, assim como a possível reação negativa de rádios afiliadas à CBS, recusou-se a gravar a canção. Mesmo o grande produtor da John Hammond da Columbia recusou-se também. Decepcionada, Billie procurou seu amigo Milt Gabler (tio do comediante Billy Crystal), cuja selo, a Commodore Records, gravava músicas de jazz alternativo. Billie cantou para ele "Strange Fruit" a cappella e a canção comoveu Gabler ao ponto de fazê-lo chorar. Em 1939 Gabler fez um arranjo especial com a Vocalion Records para gravar e distribuir a canção e a Columbia permitiu a realização de uma sessão fora do contrato para poder gravar a música. "Strange Fruit" foi altamente considerada. Na época, tornou-se o maior sucesso de vendar de Billie Holiday. Em sua autobiografia - Lady Sings the Blues, Holiday - sugeriu que ela, junto com Lewis Allan, seu acompanhante Sonny White e o arranjador Danny Mendelsohn, musicaram o poema. Quando perguntada, Holiday - cuja autobiografia fora escrita por William Dufty - dizia, "Eu nunca li aquele livro". A versão de Holiday foi colocada na lista do Hall da Fama do Grammy em 1978. Também foi incluída na lista de canções do século da Recording Industry of America e da National Endowment for the Arts. Barney Josephson reconheceu o impacto da canção e insistiu para que Billie encerrasse suas apresentações com ela. Quando a canção estava para começar, os garçons paravam de servir as mesas, todas as luzes se apagavam e um único foco de luz iluminava o palco. Durante a introdução, Billie ficava com seus olhos fechados como se evocando uma oração. Numerosos outros cantores também fizeram versões desta canção. Em outubro de 1939, Samuel Grafton do The New York Post assim descreveu "Strange Fruit: Se a ira dos explorados já foi além do suportável no Sul, agora há a sua Marseillaise (Hino Nascional)." Em dezembro de 1999, a revista Time deu a "Strange Fruit" o título de canção do Século. Em 2002, a Biblioteca do Congresso colocou a canção dentre as 50 que seriam adicionadas ao National Recording Registry.
Fonte: Wikipedia

"Southern trees bear strange fruit,
Blood on the leaves and blood at the root,
Black bodies swinging in the southern breeze,
Strange fruit hanging from the poplar trees.

Pastoral scene of the gallant south,
The bulging eyes and the twisted mouth,
Scent of magnolias, sweet and fresh,
Then the sudden smell of burning flesh.

Here is the fruit for the crows to pluck,
For the rain to gather, for the wind to suck,
For the sun to rot, for the trees to drop,
Here is a strange and bitter crop."

ooo

"Árvores do sul produzem uma fruta estranha,
Sangue nas folhas e sangue nas raízes,
Corpos negros nadando na brisa do sul,
Fruta estranha pendurada nos álamos.

Pastoril cena do valente sul,
Os olhos inchados e a boca torcida,
Perfuma das magnólias, doce e fresca,
Depois o repentino cheiro de carne queimada.

Aqui está a fruta para os corvos arrancarem,
Para a chuva recolher, para o vento sugar,
Para o sol apodrecer, para as árvores deixarem cair,
Aqui está a estranha e amarga colheita."


A Billie Holliday - Cantora


Era de noite e no quarto aprisionado em escuridão
apenas o luar entrara, sorrateiramente,
e fora derramar-se no chão.
Solidão. Solidão. Solidão.

E então,
tua voz, minha irmã americana,
veio do ar, do nada nascida da própria escuridão...
Estranha, profunda, quente,
vazada em solidão.

E começava assim a canção:
“Into each heart some rain must fall...”
Começava assim
e era só melancolia
do princípio ao fim,
como se teus dias fossem sem sol
e a tua alma aí, sem alegria...

Tua voz irmã, no seu trágico sentimentalismo,
descendo e subindo,
chorando para logo, ainda trémula, começar rindo,
cantando no teu arrastado inglês crioulo
esses singulares “blues”, dum fatalismo
rácico que faz doer
tua voz, não sei porque estranha magia,
arrastou para longe a minha solidão...

No quarto às escuras, eu já não estava só!
Com a tua voz, irmã americana, veio
todo o meu povo escravizado sem dó
por esse mundo fora, vivendo no medo, no receio
de tudo e de todos...
O meu povo ajudando a erguer impérios
e a ser excluído na vitória...
A viver, segregado, uma vida inglória,
de proscrito, de criminoso...

O meu povo transportando para a música, para a poesia,
os seus complexos, a sua tristeza inata, a sua insatisfação...

Billie Holiday, minha irmã americana,
continua cantando sempre, no teu jeito magoado
os “blues” eternos do nosso povo desgraçado...
Continua cantando, cantando, sempre cantando,
até que a humanidade egoísta ouça em ti a nossa voz,

e se volte enfim para nós,
mas com olhos de fraternidade e compreensão!

Noémia de Sousa - poetisa Moçambicana

One for My Baby (and One More for the Road)

sábado, 12 de junho de 2010

Please, Don’t Talk About Me When I’m Gone

Please, Don’t Talk About Me When I’m Gone

Please don't talk about me when I'm gone
Honey, though our friendship ceases from now on
And if you can't say anything uptight
It's better not to talk at all, is my advice

We're parting, you'll go your way, I'll go mine
I have just this to do
Give a little kiss and hope that it brings
Lots of love to you
Makes no difference how Jerry carries on (but I'll make it, baby!)
Please don't talk about me when I'm gone

Please don't talk about me, honey, when I'm gone
Though our friendship ceases from now on
And if you can't say anything real nice
You better not talk at all, is Jerry's advice

We're parting, you'll go your way, I'll go mine
I have just this to do
Here's a little kiss, I hope it brings
Lots and lots of love to you
Makes no difference how I carry on
Please don't talk about me
Please don't talk about me
Please don't talk about me
Please don't talk about me
Please don't talk about me
Please don't talk about me, honey
Please don't talk about me when I'm gone.



Escrita por Sam H. Stept e cantada pela primeira vez na voz da cantora Bee Palmer como co-compositor. A canção foi publicado em 1930 e um grupo diversificado de artistas gravaram essa música ao longo dos anos, incluindo The Mills Brothers, Willie Nelson, Frank Sinatra, Dean Martin, Jerry Lee Lewis, Ann-Margret, Bob Wills, Red Piano, Billie Holiday, Bill Haley & His Comets , um dueto entre Harry Connick Jr. e Carmen McRae, Leon Redbone e recentemente quanto 2007 por Manteca Beat e The Original Rabbit Foot Spasm Band em 2009. Jamie Cullum cantou a música no último show de Michael Parkinson em dezembro de 2007. Destaque no desempenho de Ella Fitzgerald em 1979 com Count Basie & His Orchestra uma combinação perfeita. A música também é cantada pelo personagem Michigan J. Frog no curta de animação da Warner Bros - One Froggy Evening (1955).

Lady Day: The Complete Billie Holiday on Columbia (1933-1944)Vol 02

Gardênia no cabelo

Um manda-chuva do showbiz da época, impressionado com uma jovem cantora queria que ela fosse contratada pelo Lafayette Theatre, uma grande casa noturna de Nova York animada pelas big bands em dias de depressão e lei seca. Tentando convencer o dono do teatro, ele ouviu a pergunta sobre o estilo da moça. Não conseguiu responder e depois de algumas tentativas de definição, desistiu: “Não sei o que é mas você tem de ouvi-la”. A cantora que já no começo de carreira escapava a rótulos e magnetizava os ouvintes era a única e maravilhosa Billie Holiday. Depois de ser ouvida pelo figurão, ela foi contratada para um programa badalado da casa, um dos muitos que fez. Billie pavimentou uma carreira de estrela com canções inesquecíveis e registros inigualáveis de standards. Para muitos a maior cantora de jazz de todos os tempos. Mas, passados 50 anos depois sua morte e certamente uma das maiores influencias vocais entre as cantoras americanas, não é de se admirar se alguém repetir a mesma sentença. “Não sei o que é, mas você tem de ouvi-la”. É preciso ouvir clássicos como Strange Fruit, Body and Soul, The Very Though of You, Yesterdays, My Old Flame e tantos, tantos outros na sua voz ligeiramente rouca, ao mesmo tempo sensual e emotiva, suave e marcante, além de um fraseado único, que nem as outras cantoras da orquestra conseguiam imitar. E os músicos continuavam pedindo para Billie ensinar-lhes... Lady Day, como seria apelidada, era realmente inclassificável. Com Ella Fitzgerald e Sarah Vaughan, formou a tríade das grandes cantoras de jazz. Ella e Sarah tinham extensão e recursos vocais formidáveis, além de terem redimensionado o swing, o bebop e o cool jazz. Billie que aprendeu a cantar de ouvido, principalmente na infância pobre em Baltimore, tinha o dom de revestir as músicas que interpretava com uma atmosfera bluesy – embora não fosse uma cantora de blues –, essencialmente triste e comovente. Por isso apreciava tanto o trompetista Lester Young, que conhecera em jam sessions com o instrumento “todo remendado com fitas adesivas e elásticos”. Lester era tão surpreendente quanto Billie, seus solos tão melancólicos que quando estavam juntos, pareciam dois instrumentos correspondentes: voz e sax . Foi Lester, inclusive, quem lhe deu o famoso apelido. O “duo” é um dos exemplos das boas parcerias que a cantora fez. Afinal não é qualquer um que tem no currículo gravações e apresentações com as orquestras de mestres como Count Basie, Benny Goodman (com quem fez sua primeira gravação, em 1933) e Artie Shaw. Foi longe a menina pobre que nasceu Eleanora Fagan, na Filadélfia. Era filha de um guitarrista e banjista, que se separou da mãe quando Billie ainda era bebê. Ela e a mãe sobreviveram de subemprego em Baltimore, ate decidirem mudar para Nova York, e se instalaram no Harlem. Foi lá que se envolveu com prostituição, segundo ela. Um dia, pra evitar o despejo saiu de casa e acabou fazendo um teste para dançarina de casa noturna. Um desastre. Mas o pianista com pena certamente do seu desespero perguntou se ela sabia cantar. A garota cantava por prazer mas não sabia que sabia. Saiu de lá com dinheiro para pagar o aluguel – e seu primeiro “contrato”. Daí, trilhou uma carreira de shows em clubes e fez suas primeiras gravações. Participou do filme New Orleans (em 1947), interpretando uma doméstica – e odiou! Em 1956, publicou a autobiografia Lady Sings the Blues. A ideia foi do marido, o mafioso Louis McKay. O objetivo era que a história chegasse aos cinemas, numa época de algumas cinebiografias de sucesso. Assim, o mercenário e violento McKay – mas que, justiça seja feita, tentou livrar Billie do vício da heroína – descolaria alguma grana. Mas o filme caso de uma Estrela só saiu em 1972. O papel principal foi para Diana Ross. Fome e amor – Nem Billie mesma sabia de onde vinha seu estilo. Dos discos de Bessie Smith e Louis Armstrong que, ainda garota, pagava para ouvir num dos bordéis de Baltimore, reduto do jazz, onde limpava escadarias das casas. “O que posso dizer? Cantar, no meu caso, nada tem a ver com elaborar, arranjar, ensaiar. É só me dar uma canção que posso sentir. Existem algumas canções que sinto tão intensamente que não aguento cantá-las, mas isso é uma outra história. Interpretar canções como The Man I Love ou Porgy não é mais do que sentar no chinês e comer pato assado (prato que ela adorava). Eu vivi canções como estas. Quando as canto, vivo-as de novo”, disse. Não à toa, várias músicas do seu repertório poderiam muito bem fazer parte da trilha sonora de sua vida. Don’t Explain foi feita depois que ela achou marcas de batom na camisa do primeiro marido, Jimmy Monroe. “Já me disseram que ninguém canta a palavra ‘fome’ como eu. Ou a palavra ‘amor’”, declarou Billie, cuja influência se espalhou pela música americana. Sua música vem carregada de experiências de uma vida trágica, que inclui violência sexual aos dez anos, amores conturbados, internações hospitalares e passagens pela cadeia. Morreu jovem, aos 44 anos, no dia 17 de julho de 1959, envelhecida pelo excesso de drogas e álcool, com saúde precária, voz prejudicada, pobre. Tinha menos de um dólar no banco. As enfermeiras acharam outros 750 dólares presos a sua vagina com fita durex que ela antes do último sacramento mandou entregar ao jornalista William Dufty, seu ghost writer (Escritor-fantasma, pessoa que tendo escrito uma obra ou texto, não recebe os créditos de autoria). O funeral, com 2,5 mil pessoas, foi pago por um fã rico, bem como um lugar para a sepultura. Talvez, descontente com a própria decadência, se pudesse escolher a música para cantar aquele momento, seria Please, Don’t Talk About Me When I’m Gone, uma canção de despedida amorosa que pode ser traduzida como “por favor, não fale de mim quando eu tiver partido”. Mas isso é impossível. ___________
Fonte: Joceval Santana - A Tarde Online.

Sentimental and Melancholy


If My Heart Could Only Talk


Sidemen:
Lester Young - Sax Tenor
Ben Webster - Sax Tenor
Johnny Hodges - Sax AltoArtie Shaw - Clarinete
Benny Goodman - Clarinete
Roy Eldridge - Trompete
Teddy Wilson - Piano

Faixas:
01. A Fine Romance
02. I Can't Pretend
03. One, Two, Button Your Shoe
04. Let's Call A Heart To Heart
05. Easy To Love
06. With Thee I Swing
07. The Way You Look Tonight
08. Who Loves You?
09. Pennies From Heaven
10. That's Life I Guess
11. I Can't Give You Anything But Lo...
12. One Never Knows, Does One?
13. I've Got My Love To Keep Me Warm
14. If My Heart Could Only Talk
15. Please Keep Me In Your Dreams
16. He Ain't Got Rhythm
17. This Year's Kisses
18. Why Was I Born?
19. I Must Have That Man
20. The Mood That I'm In
21. You Showed Me The Way
22. Sentimental And Melancholy
23. My Lost Affair

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Boa audição - Namastê.

sexta-feira, 11 de junho de 2010

1958 - Miles In The Clouds - Miles Davis

“Comecei a pensar seriamente em me aposentar da música em 1974. Estava em São Paulo - Brasil, e andara bebendo muita vodka e fumando um pouco de maconha – o que nunca fizera, mas estava me divertindo muito e me disseram que era muito bom. Além disso, tomara um pouco de Percodan e cheirava coca adoidado. Quando voltei ao quarto de hotel, achei que estava tendo um ataque cardíaco. Liguei pra recepção, chamaram um médico e me levaram pra um hospital. Me enfiaram tubos no nariz e intravenosos no corpo. O conjunto ficou assustado; todos acharam que eu ia morrer. Eu pensei comigo mesmo: É isso aí. Mas me livrei dessa. Jim Rose, meu gerente de excursões, disse a todos que eu provavelmente só tinha palpitações, por causa de todas aquelas drogas, e que estaria bom no dia seguinte, e estava mesmo. Tiveram de cancelar o espetáculo naquela noite e reprogramá-lo pra noite seguinte. Toquei e entusiasmei todo mundo, de tão bom que estava. O pessoal não acreditava. Num dia eu parecia à beira da morte e no dia seguinte tocava pra caralho. Acho que me olhavam como eu olhava Bird em pasmo total. Mas é assim que nascem as lendas. E eu curti adoidado as belas mulheres do Brasil. Elas caíam em cima de mim e descobri que eram sensacionais na cama. Amavam amar. Depois que retornamos do Brasil, iniciamos uma excursão pelos Estados Unidos, tocando com o grupo de Herbie Hancock. Herbie tinha um disco de grande sucesso e era realmente querido pela garotada negra. Concordamos em abrir o espetáculo pra eles. No fundo isso me deixou puto. Quando tocamos na Universidade de Hofstra, em Long Island, Nova York, Herbie - que é uma das pessoas mais legais do mundo e que eu amo – passou no camarim pra me dar um alô. Eu lhe disse que ele não pertencia ao conjunto e que o camarim era interditado a quem não fosse do conjunto. Pensando nisso depois, compreendi que era só raiva por ter de abrir o espetáculo pra um ex-acompanhante meu. Mas Herbie compreendeu e limpamos a barra depois. Eu percorria o país com Herbie e estávamos arrasando. As platéias em sua maioria eram jovens e negras o que era bom. Era o que eu queria, finalmente chegava lá. Meu conjunto se tornava realmente quente a essa altura. Mas meu quadril estava uma merda e a música amplificada também já começava a me encher. Estava ficando cheio de tudo e ainda por cima me achava fisicamente doente também. Tocamos em Nova York e em muitas outras cidades. Depois fui a St. Louis fazer um concerto e Irene, mãe de meus filhos apareceu na festa depois. Começou a me humilhar na frente de minha família, amigos e músicos. Me vieram lágrimas aos olhos. Me lembro da expressão no rosto de todos, como se esperassem que eu desse uma porrada nela. Mas eu não podia fazer isso porque sabia o motivo da dor dela, sabia que nossos dois filhos eram uns fracassos e ela me culpava por isso. Embora fosse embaraçoso pra mim ouvir aquilo assim eu também sabia que algumas das coisas que ela dizia eram verdade. Eu chorava porque sabia que tinha de aceitar grande parte da culpa. Foi uma experiência muito dolorosa. Logo depois de me encontrar com Irene em St. Louis, desmaiei e me levaram correndo pro Homer G. Phillips Hospital. Tinha uma feia úlcera perfurada e um amigo meu, o Dr. Weathers apareceu e me tratou. Eram todas aquelas bebidas, pílulas, drogas e tudo mais. Eu vinha escarrando muito sangue, mas não ligava pra isso até chegar a St. Louis. Vivera entrando e saindo tanto de hospitais que já quase se tornara rotina. Acabara de extrair nódulos da laringe. Agora ali estava de novo no hospital. Devíamos tocar em Chicago no dia seguinte e tivemos de cancelar. Quando acabei as apresentações com Herbie e voltei a Nova York, no verão de 1975, pensava seriamente em parar. Toquei em Newport em 1975, e depois no Schaefer Music Festival no Central Park. Depois me senti tão mal que cancelei um concerto que devia fazer em Miami. Quando fiz o cancelamento os músicos com seus equipamentos já estavam lá e os empresários retiveram o equipamento de som e tentaram nos processar. Depois disso decidi parar. Nessa época, o conjunto era Al Foster na bateria, Pete Cosey na guitarra, Reggie Lucas na guitarra, Michael Henderson no baixo, Sam Morrison (que acabava de substituir Sonny Fortune) no saxofone e Mtume na percussão. Eu dobrava nos teclados. Parei sobretudo por motivo de saúde mas também porque estava espiritualmente cansado de toda aquela merda pela qual passara todos aqueles longos anos. Me sentia artisticamente esgotado, cansado. Não tinha nada a dizer em termos musicais. Sabia que precisava de um descanso e o tirei, o primeiro desde que começara a tocar como músico profissional. Achei que quando estivesse um pouco melhor no físico na certa começaria a me sentir melhor espiritualmente também. Estava cheio e cansado de entrar e sair de hospitais e de andar cambaleando por aí, subindo e descendo de palcos. Começava a ver piedade nos olhos das pessoas, quando olhavam pra mim e não via isso desde que era viciado. Não queria isso. Larguei a coisa que mais amava na vida – a música – até conseguir me refazer de novo. Pensei em me retirar por uns 6 meses, talvez, mas quanto mais ficava fora menos sabia se ia voltar mesmo. E quanto mais ficava fora, mais afundava em outro mundo escuro quase tão escuro quanto aquele do qual me arrancara quando era viciado. Mais uma vez foi uma longa e dolorosa estrada de volta à sanidade e á luz. No fim, foram necessários quase 6 anos e mesmo então eu ainda tinha dúvidas sobre se podia voltar completamente.” ______________________________________________________
Fonte: Miles Davis - a Autobiografia . Miles & Quincy Troupe - Editora Campus (Pps 289 a 291).


Faixas:
01 - Move
02 - My Man's Gone Now
03 - Springville
04 - Here Come De Honey Man
05 - The Jitterbug Waltz
06 - It Ain't Necessarily So
07 - Miles Ahead
08 - My Ship
09 - New Rhumba
10 - Gone,gone,gone
11 - Gone
12 - Blues for Pablo
13 - Wild Man Blues
14 - The Duke
15 - I Don't Wanna Be Kissed (by Anyone But You)
16 - Bess, You is My Woman Now
17 - There's A Boat That's Leaving Soon for New York
18 - Poem for Brass
19 - Godchild


Músicos:















































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Boa audição - Namastê.