domingo, 28 de abril de 2019

2000 - The Bossa Nova Exciting Jazz Samba Rhythms Vol.01/06 (Box set)

Artista: VA
Album: The Bossa Nova Exciting Jazz Samba Rhythms - Vol.01
Lançamento: 2000
Selo: Rare Groove
Gênero: Bossa Nova, Brazilian Songs, Latin Jazz Vocals
 Mudanças
Em meados da década de 1960, o movimento apresentaria uma espécie de cisão ideológica, formada por Marcos Valle, Dori Caymmi, Edu Lobo e Francis Hime e estimulada pelo Centro Popular de Cultura da UNE. Inspirada em uma visão popular e nacionalista, este grupo fez uma crítica das influências do jazz norte-americano na bossa nova e propôs sua reaproximação com compositores de morro, como o sambista Zé Ketti. Um dos pilares da bossa, Carlos Lyra, aderiu a esta corrente, assim como Nara Leão, que promoveu parcerias com artistas do samba como Cartola e Nelson Cavaquinho e baião e xote nordestinos como João do Vale. Nesta fase de releituras da bossa nova, foi lançado em 1966 o antológico LP "Os Afro-sambas", de Vinicius de Moraes e Baden Powell.  Entre os artistas que se destacaram nesta segunda geração (1962-1966) da bossa nova estão Paulo Sérgio Valle, Edu Lobo], Marcos Vasconcelos, Dori Caymmi, Nelson Motta, Francis Hime, Wilson Simonal, entre outros...

Boa audição - Namastê

quarta-feira, 24 de abril de 2019

Noites tropicais: solos, improvisos e memórias musicais - Parte II

Edu Lobo, que já tocava razoavelmente de ouvido, foi para a academia para ser aluno de Wanda Sá, aluna de Menescal, que não tinha mais horários. Acabou tendo aulas com Samuel Eliachar e em pouco tempo já tinha aprendido o método e tinha quatro alunos: pagava as aulas de Samuel e ainda lhe sobrava o suficiente para transporte e lazer. . Algum tempo depois até eu tinha algumas alunas.  Outro ponto de encontro era o Mau Cheiro, um botequim aberto para o mar de Ipanema, na esquina com Rainha Elizabeth. Era da praia para o bar e do bar para o mar, e vice-versa. De violão na mão. Muita gente achava cafonice, mas era com certo orgulho que atravessávamos a Avenida Vieira Souto de violão na mão. Quem carregava violão nas costas era Jucá Chaves, que era paulista e nunca teve nada a ver com a bossa nova. Com faro compatível com seu nariz, o esperto Jucá emplacou um hit com “Presidente bossa nova”, que de bossa nova não tinha nada, era mais uma paródia do novo ritmo, perfeita para ambientar um retrato satírico de JK e suas novidades. Jucá gostava mesmo era de modinhas, mas ao mesmo tempo em que pegou carona na confusão inicial da bossa, com o sucesso de sua música ele contribuiu para popularizar a expressão. E além de tudo, JK era realmente bossa nova. “Mas merecia música melhor...”, rosnavam os fundamentalistas da bossa e os guardiões de sua pureza, devotos da Santíssima Trindade — João, Tom e Vinícius. Nós nos considerávamos os apóstolos dos apóstolos. Mas tínhamos o supremo privilégio do acesso direto às divindades e a graça do testemunho. Mais que uma causa, vivíamos a bossa nova como uma religião. Na praia em frente ao Mau Cheiro, de preferência à tarde, embora alguns fanáticos tocassem e cantassem até mesmo ao sol do meio-dia —, formavam-se rodinhas de moças e rapazes em volta de alguém com um violão. Para cantar bossa nova, uma música que parecia ter sido criada para ser a trilha sonora das praias cariocas.  Foi inspirado pelo querido botequim que fiz minha primeira letra, para um sambinha de Maurício Tapajós cheio de bossa: “Um chope , no Mau Cheiro.” Já o título estava mais para Bukowski e Kerouac do que bossa nova e todo mundo achou que não cheirava bem. Tentei uma outra, para a mesma música: “Amor de gente moça”, inspirado em um Lp de Sylvinha Telles de bossa romântica que tinha este título. Desta o pessoal (aparentemente) gostou: era uma sucessão de clichês românticos da bossa nova (“as flores não são flores/são amores sem saudade/ são cores feitas de felicidade...”). Como Maurício era filho de Paulo Tapajós, diretor e produtor da Rádio Nacional, vivi a emoção de ouvir nossa música no rádio, ao vivo, com um arranjo para grande orquestra de ninguém menos que Radamés Gnatalli e cantada por sua mulher, Nelly Martins. Ao vivo pela Rádio Nacional, numa noite carioca de verão.  Minha mãe chorou. Nesse tempo, aquela música de praia era chamada pejorativamente de “música de apartamento”, como se fosse uma música restrita e fechada, distante das ruas, apesar de a bossa nova ser um grande sucesso popular, que ia muito além da classe média de Copacabana. Para nós o Rio era a Zona Sul, a praia de Ipanema e os bares de Copacabana. E o Brasil era o Rio e São Paulo e a construção de Brasília. Através de Jorge Amado, Guimarães Rosa e Érico Veríssimo conhecíamos um outro Brasil, de ficção, exótico e atraente, fascinante mas distante. Tão distante quanto os poetas da beat generation americana. Tudo parecia muito longe do Rio de Janeiro no final dos anos 50, mas a bossa nova começava a aproximar os jovens cariocas dos de São Paulo, de Salvador, de Belo Horizonte e de Porto Alegre. O rádio entrava em decadência, o disco e a televisão começavam a crescer no ambiente de liberdade, modernização e entusiasmo dos Anos JK. O apartamento de Nara era um luxo. Imenso, com dois salões envidraçados de frente para o mar de Copacabana. Chamava-se Champs Elysées, era um dos edifícios mais modernos e um dos endereços mais valorizados da cidade. Ipanema era quase só casas e árvores e a Barra da Tijuca era selvagem e inacessível. Chique era a Avenida Atlântica. Chique era a bossa nova. E o cool jazz. E o jazz-samba. Ou samba-jazz. Que para muitos eram praticamente a mesma coisa e assunto para muita discussão na praia e nos bares de Ipanema. As festas se sucediam, mas Tom e João raramente apareciam. Tinham discos gravados, eram profissionais, casados, tinham família para sustentar, trabalhavam. Viviam de música. E nós, para a música. Rock and roll era visto e ouvido entre nós como uma boçalidade, com seus três acordes primitivos, seu ritmo pesado e quadrado e seus cantores gritando e rebolando. Era a antítese da bossa nova e tão desprezado quanto o sambão tradicional. Era coisa de Carlos Imperial e de Jair de Taumaturgo, que movimentavam as tardes cariocas apresentando “Os brotos comandam” e “Hoje é dia de rock” na televisão, com garotos e garotas dançando o novo ritmo e calouros fazendo dublagens de sucessos do rock americano. “Alô, brotos, vamos tirar o tapete da sala... porque hoje é dia de rock!”, comandava Jair de Taumaturgo, veterano disc-jockey de rádio, um animado quarentão de cabeça branca, cercado de jovens no vídeo da TV Rio.  Em casa, diante da televisão, a gente ria. Nos tapetes macios do apartamento de Nara, os brotos comandavam e geravam a música do futuro. Foi onde vi pela primeira vez, tocado por Luiz Carlos Vinhas, um piano elétrico, novidade absoluta. Nara tinha mesmo um look diferente. Parecia meio japonesa, meio índia, meio existencialista francesa, tinha uma voz pequena e tímida e vestia-se de uma maneira cool e moderna, sempre com as saias bem acima dos futuramente célebres joelhos. Nara era o protótipo da “garota moderna”, que não queria saber do luxo e da quadradice da sociedade carioca e estava disposta a quebrar tabus, trabalhar, ser independente, estabelecer novos padrões de comportamento. E de música. Encarnação da bossa nova, mais do que uma voz e um estilo, Nara tinha principalmente o que era mais fascinante no mundo do rock and roll: atitude. Uma atitude bossa nova. O rock parecia não se ambientar bem no calor do Rio ensolarado, sua agressividade e seus casacos de couro não combinavam com o clima relaxado e cordial da cidade nem com seu humor e simpatia. As platéias de Imperial e Jair de Taumaturgo vinham principalmente da Zona Norte e dos subúrbios. As praias da Zona Sul, antes do Túnel Rebouças, eram distantes e de penoso acesso, quase privativas dos locais: os habitantes das favelas da Catacumba, do Morro do Pinto, do Pavãozinho e da Rocinha, que conviviam em relativa paz e harmonia com a classe média de Copacabana e Ipanema, unificados pelas praias e pela paisagem deslumbrante. Para nós o Rio não era rock, era bossa nova. O pequeno estúdio da Rádio Guanabara, no Centro da cidade, se transformava em agitado auditório e se enchia de jovens para o programa “Os brotos comandam”, de Carlos Imperial. Curiosamente, a primeira parte do programa era de mímica. (...) Continua nas Próximas postagem. Fonte: Incerto do livro, Noites tropicais: solos, improvisos e memórias musicais, Nelson Motta - Editora Objetiva, 2000 - 461 páginas
Boa leitura - Namastê

domingo, 21 de abril de 2019

2009 - Aqui Tem Tom, Vol.02 - VA



Artista: VA
Album: Aqui Tem Tom, Vol.02
Lançamento: 2009
Selo: Som Livre
Garota de Ipanema - A letra, feita sobre a música, deu trabalho a Vinícius de Morais. Nem ele nem Tom gostaram da primeira versão, muito pesada. No trabalho em dupla, o poeta experimentou a rejeição -demonstrada, com humor, por meio de indiretas- do compositor.

Boa audição - Namastê

quarta-feira, 17 de abril de 2019

Noites tropicais: solos, improvisos e memórias musicais - Parte I

 Enquanto um grupo cantava numa sala para uma plateia deleitada que se espalhava pelo chão — em festas de bossa nova ninguém sentava em cadeiras —, agindo rápida e sorrateiramente, um comando gastronômico sequestrava o peru assado que dominava a mesa na sala de jantar e sumia na noite. Havia muita gente na festa e o mistério nunca foi esclarecido. Embora quase todos os presentes tivessem um primeiro e óbvio suspeito: o gordo Carlos Imperial. O que fazia Carlos Imperial, cafajeste profissional da temida “Turma da Miguel Lemos” e animador de programas de rock and roll no rádio e na TV, numa festa de bossa nova em Copacabana? A “Turma da bossa nova” detestava o capixaba Imperial, desprezava seus roqueiros de araque, debochava de seus programas de auditório na TV e de suas platéias suburbanas. Mas o gordo não parava de agitar, promovendo shows, lançando cantores, ganhando dinheiro e comendo menininhas. “Meu jovem, belo e querido amigo!” era como Imperial saudava efusiva e invariavelmente amigos e desconhecidos e até inimigos, como uma caricatura de um político profissional, como um vilão de chanchadas da Atlântida. Imperial se defendeu: estava na festa para apresentar seu novo lançamento, um futuro príncipe da bossa nova. E alegando que seu lançamento ainda não havia sido lançado quando o peru foi roubado, o gordo se inocentou. Embora, tratando-se do cínico e debochado Imperial, tudo fosse possível. O cônsul levou na esportiva e diplomaticamente levantou um brinde ao “grande ausente” enquanto os convidados e penetras devoravam os acompanhamentos restantes. Depois do jantar, muita gente saiu, talvez para jantar, e os remanescentes voltaram à sala e se refestelaram no chão com o máximo de informalidade exigida, para uma segunda rodada musical. A turma de Ronaldo Bôscoli, as estrelas aspirantes da bossa nova como Nara e Menescal, já tinham tocado e cantado antes do jantar e todo mundo cantara junto com eles, baixinho, como era de bom-tom. Muitas músicas que ainda nem tinham sido gravadas já eram sucesso no circuito das festas, com muita gente cantando a letra junto. Bem baixinho. Para o segundo tempo, apesar do caso do peru e da subsequente debandada, Carlos Imperial iria encontrar um ambiente propício para seu lançamento: um bom público de jovens senhoras e fartura do que no futuro se chamaria de “formadores de opinião”. Todos espalhados pelo chão, entre almofadas, copos e cigarros. Alguns sem sapato, como recomendava a informalidade da bossa. Olhos e ouvidos descrentes aguardavam a surpresa imperial. Que pilantragem seria aquela? Imperial nunca teve nada a ver com a bossa nova, sacaneava a bossa nova, era do rock and roll. Mas o rock estava demorando a pegar no Rio, parecia não combinar muito com o ambiente de sol e praia, e o gordo, sentindo o potencial comercial da bossa, estava diversificando. Seu pupilo era magro e tímido, com cabelos crespos e escuros e pele muito pálida, tinha olhos profundos e tristes e sorria nervosamente. Quando Imperial, de chinelos e camisa havaiana, bateu palmas e empostou a voz: “Meus jovens, belos e queridos amigos, bossa nova é silêncio. Si-lên-ci-o. E eu peço o silêncio de vocês para apresentar o futuro príncipe da bossa nova.” Acompanhado por Durval Ferreira, o “Gato”, no violão, o jovem conterrâneo de Imperial cantou, com seus lábios finos e um fio de voz, bem afinadinho e até com certo charme, duas músicas de seu mentor, que ele tinha acabado de gravar. O rapaz imitava escancaradamente João Gilberto e a música era uma sub-bossa imperialesca. “Brotinho toma juízo, ouve o meu conselho, abotoa este decote, vê se cobre este joelho, pára de me chamar de meu amor, senão eu perco a razão e esqueço até quem eu sou...” As jovens senhoras adoraram. Foi a primeira vez que ouvi Roberto Carlos.Na febre da Bossa Nova, as academias de violão se multiplicavam pela Zona Sul do Rio e numa delas, na Rua Dias da Rocha, no coração de Copacabana, conheci Wanda Sá, Mauricio Tapajós, Edu Lobo, Marcos Valle e outros, uma nova turma. Era uma casa de vila de dois andares, onde Roberto Menescal, Samuel Eliachar e outros davam aulas de violão e principalmente onde os alunos se encontravam para conversar e tocar. Todos os meus amigos tocavam melhor do que eu, mas era uma felicidade estar entre eles, ouvindo, aprendendo e sonhando. Muitos dos alunos da academia logo se tornavam professores: os mestres iam ficando com as agendas lotadas e cada vez mais garotos e garotas queriam, precisavam aprender a tocar violão. (...) Continua nas Próximas postagem. Fonte: Enserto do livro, Noites tropicais: solos, improvisos e memórias musicais, Nelson Motta - Editora Objetiva, 2000 - 461 páginas
Boa leitura - Namastê


domingo, 14 de abril de 2019

2009 - Aqui Tem Tom, Vol.01 - VA

Artista: VA
Álbum: Aqui Tem Tom Vol 1
Lançamento: 2009
Selo: Som Livre
Gênero: Bossa Nova, Brazilian Songs, Latino Jazz
Origem do apelido - Nilza Jobim, mãe do arranjador, cantava para ninar os filhos a música francesa "Ma Vie s'en Va Ton Guerre, Ton, Ton, Ton". Helena, irmã de Tom, começou a chamá-lo de Ton Ton, "nascendo daí o apelido que o identificaria para o resto da vida".

Boa audição - Namastê

quarta-feira, 10 de abril de 2019

A jornada espiritual de Trane

John William Coltrane, também conhecido como "Trane" (23 de setembro de 1926 - 17 de julho de 1967), foi um saxofonista e compositor de jazz americano. Trabalhando nos idiomas bebop e hard bop no início de sua carreira, Coltrane ajudou a abrir caminho para o uso de modos no jazz e mais tarde ficou na vanguarda do free jazz. Ele organizou pelo menos cinquenta sessões de gravação como líder durante sua carreira, e apareceu como um sideman em muitos outros álbuns, notavelmente com o trompetista Miles Davis e o pianista Thelonious Monk. Como sua carreira progrediu, Coltrane e sua música assumiram uma dimensão cada vez mais espiritual. Sua segunda esposa foi a pianista Alice Coltrane e seu filho Ravi Coltrane também é saxofonista. Coltrane influenciou inúmeros músicos e continua sendo um dos saxofonistas mais significativos da história da música. Ele recebeu muitos prêmios e reconhecimentos póstumas, incluindo canonização pela Igreja Ortodoxa Africana como São João William Coltrane e um Prêmio Pulitzer especial em 2007.

domingo, 7 de abril de 2019

1997 - Casa Da Bossa: Ao Vivo - VA

Artista: VA
Álbum: Casa Da Bossa: Ao Vivo
Selo: Polydor
Lançamento: 1997
Gênero: Bossa Nova, Brazilian Songs, MPB
Essa produção ímpar foi gravada ao vivo em 1997 em um show organizado nas ondas do renascimento da bossa nova que ocorreu no Rio no final dos da decada de 90. Os tentáculos da indústria mostram-se oportuna sob a escolha de artistas de sucesso em outras áreas para atuar em conjunto com ídolos consagrados da então eterna bossa. Pery Ribeiro, Johnny Alf, Marcos Valle, Wanda Sá, Zé Renato, Leny Andrade, Emílio Santiago, Sílvio César, Wilson Simão, Os Cariocas, Ithamara Koorax, Nana Caymmi, Alaíde Costa, Joyce, Zimbo Trio, Márcio Montarroyos, Quarteto em Cy , Claudette Soares, Tito Madi, Cláudia Telles e Dóris Monteiro são alguns dos artistas maravilhosos que empreendem sem qualquer outra ajuda junto a preciosa banda composta por César Camargo Mariano, Romero Lubambo, Nico Assumpção e Téo Lima. Rosana, Erasmo Carlos, Fafá de Belém, Patrícia Marx, Elba Ramalho, Sandra Sá, Frejat, Guilherme Arantes e Léo Jaime são dispensáveis ??nesse repertório, que vão desde o inócuo até o francamente obstrutivo, como na fala de Rosana para o delicado " Você, "onde ela ficou no caminho do solo de Lubambo (e ele responde com uma cascata de notas declarando guerra à invasão de privacidade).
Boa audição - Namastê

quarta-feira, 3 de abril de 2019

1964 - Bossa Antigua - Paul Desmond & Jim Hall

Álbum: Bossa Antigua
Lançamento: 1964
Selo: RCA VICTOR
Gênero: Bossa Nova, Jazz, Latino Jazz
Bossa Antigua é um álbum gravado pelo saxofonista de jazz americano Paul Desmond, com performances gravadas em 1964 e lançadas pela gravadora RCA Victor. O título do álbum é uma espécie de trocadilho: Bossa Antigua, em contraste com o popular gênero musical Bossa Nova.
Boa audição - Namastê