"A primeira vez que ouvi
Johhny Alf eu devia ter uns 15 anos. Entrei na casa de um amigo,
Ivan Silveira, cujo quarto era no sótão de uma casa de vila em Ipanema, e ele escutava “
Céu e mar”, do recém lançado disco “
Diagonal”. Fiquei perplexo, quase atônito, da
do à quantida
de de notas musicais dissonantes que encheram meus ouvidos e ao vocal fora do comum, repleto de glissandos, be-bops e outras bossas. O que era aquilo? Era música brasileira? A princípio estranhei. Na segunda
faixa, já estava adorando. E mandei a ortodoxia pra casa do caralho, para sempre. O Ivan sumiu, não sei que fim levou, mas sou grato a ele até hoje.
Alfredo José da Silva, o
Johnny Alf, é o menos conhecido dos grandes compositores da
música popular brasileira. Anunciado por
Ronaldo Bôscoli no famoso show da
Faculda
de de Arquitetura em
1959 como “
alguém que faz bossa nova desde que nasceu”, ele foi exaltado pelo escritor (hoje também compositor)
Jorge Mautner em seu livro “Kaos” - 1964, como o supra-sumo da
vanguarda
. No início dos
70, tive o privilégio de bater longos papos com
João Gilberto em
Nova York, em seu quarto no Hotel Bolívar. Perguntado sobre Alf, João parou, refletiu um pouco e concluiu: “
Johnny é tudo”.
João Silvério Trevisan me disse que o poeta
Roberto Piva, outro dos admiradores mais antigos de Alf, tem (ou teve) toda
uma teoria sobre sua obra, que seria feita para entendidos (no sentido homossexual que essa expressão teve nos anos
50 e
60). A capa do LP “
Nós” parece confirmar: em primeiro plano, um perfil de Alf com uma camisa coloridíssima. Ao fundo, desfocado, um belo rapaz caminha em sua direção. Deu até ameaça de processo.
Caetano Veloso recentemente compôs “
Amor mais que discreto’, uma espécie de resposta à belíssima “
Ilusão à toa”, uma canção sobre dois homens “
que brincam com o próprio sexo”. Em
65 o jornalista
Ramalho Neto (“Historinha do desafinado”) o declarou o verda
deiro pai da
Bossa Nova. Podemos afirmar, sem medo de errar, que ele representa uma da
s duas correntes que formou esse movimento, a outra sendo
João Gilberto. Se esse está próximo do cool-jazz dos músicos brancos de
San Francisco (
Chet Baker e
Gerry Mulligan), o Alf descende do nervoso be-bop dos negros de
Nova York. Um é a linha reta, o outro a linha sinuosa. Uma completa a outra, e com as duas que desenhamos o mundo.
Tom Jobim sintetiza as duas.
Ruy Castro, autor do melhor estudo sobre a bossa nova, escreveu que ouvir e ver
Johnny Alf numa boate intimista “
é uma das grandes experiências pelas quais pode passar qualquer pessoa que goste de música”. Protestando contra uma platéia de granfinos que falava pelos cotovelos durante um de seus shows na Paulicéia,
Vinicius de Moraes teria gritado: “
Johnny, vamos embora pro Rio, que São Paulo é o túmulo do samba!” Após assisti-lo em
96 no Free Jazz Festival, o crítico americano
Larry Birnbaum o definiu na revista Jazziz como “
brilhante”. Como vemos,
Johnny Alf não é pouca coisa. No entanto sua carreira tem altos e baixos, e emplacou poucos sucessos no rádio, notada
mente “
Eu e a brisa” e “
Olhos negros”. Tem personalida
de tímida
e arredia, e canta geralmente em boates, de preço salgado para as novas gerações. Assim, apesar de influenciar toda
uma geração de músicos (entre eles
Ellis Regina,
Leni Andrade e
Alaíde Costa), é geralmente pouco lembrado. Conheci-o nos anos
90, apresentado por um amigo comum, o falecido Carlinhos, dono de um sebo na Rua Sete de Setembro, no
Rio. Logo me perguntou se eu possuía a versão completa de três horas do filme “
Solaris” do
Andrei Tarkovsky. E me deu um vhs pirata com o primeiro “Show boat”, o do
James Whale, com a
Helen Morgan e o
Paul Robeson. Ficamos amigos. Anos depois, com uma bolsa da
Rockfeller Founda
tion, obtida
por intermédio do jornalista
Carlos Alberto de Mattos, tive o prazer de trabalharmos juntos. O resultado foram dois vídeos de 45 minutos cada
um (“
Um retrato de Johnny” e “
Cult Alf” feitos 12 anos atrás), que originaram dois cds. Como
João Gilberto,
Johnny Alf é lacônico e evita entrevistas. Mas para surpresa geral, abriu-se para mim, falando por mais de uma hora sobre os mais diversos assuntos. Com exclusivida
de para
Cronópios, disponibilizo na Internet essa rarida
de para todos os interessados. Mas quem avisa, amigo é. Podem reproduzir à vontade, desde que me creditem a autoria. Tenho as gravações originais e a lei dos copyrights existe para ser cumprida
. Divirtam-se.
" Entrevista inédita -
1996 "Nasci no Rio em 1929. Minha mãe trabalhava como doméstica numa casa de família e eles ajuda
ram na minha educação, então recebi aulas de piano clássico dos 10 aos 14 anos. Gostava de
George Gershwin,
George Shearing e ouvia muita música brasileira no rádio,
Ari Barroso e outros. Sempre fui muito ligado em
Custódio Mesquita,
Valzinho,
Peter Pan, que tinham uma harmonia mais sofisticada
. Esse último era cunhado da
Emilinha Borba, então volta e meia ela gravava as coisas dele no lado
B dos discos
78, já que no lado
A vinham os grandes sucessos, as rumbas e os boleros. Essa é a essência do meu trabalho. No início dos anos
50 eu criei na
Tijuca o
Sinatra/
Farney Fanclube, que chegou a ser freqüentado pelo
Carlos Manga, a
Nora Ney, a
Dóris Monteiro. Eles trabalhavam na
Rádio Nacional e me indicaram para fazer um teste na famosa cantina do
César de Alencar em
Copacabana. Fui lá e antes de terminar a segunda
música, já estava contratado. Na estréia a cantora
Marlene me deu uma gorjeta, que na moeda
de hoje em dia, seria uma verda
deira fortuna. Foi assim que virei profissional. Em
1952 eu gravei três discos
78, mas não tiveram nenhum sucesso, não venderam nada
. Nesse ano, a
Mary Gonçalves, que era atriz e cantora, resolveu gravar seu primeiro disco, um
10 polegada
s, com
8 músicas, e escolheu
4 minhas, um desconhecido. Algumas hoje em dia são considerada
s clássicas. Um crítico famoso da
época, o
Claribalte Passos não gostou, mas escreveu que “
o menos pior do disco são as músicas de um tal de Johnny Alf”.
_ Quais foram seus primeiros sucessos?
_ “
O que é amar”, “
Escuta” e “
Rapaz de bem” são de
1952,
1953.
_ Mas o seu primeiro LP foi gravado só em
1961.
_ O
Milton Miranda, amigo meu desde o tempo que eu era amador, assumiu um cargo importante na
RCA Victor e me convidou pra gravar com liberda
de total. O resultado foi o “
Rapaz de bem”.
_ No segundo você só canta, não toca piano. Por que?
_ Em
64 eles me deram novamente carta branca. Eu era muito amigo do
Celso Murilo, um pianista que, como eu, trabalhava na noite. Eu o convidei pra fazer os arranjos. Acho que esse disco, “
Diagonal” é um dos meus melhores, porque o Celso analisou bastante o meu modo de cantar e escreveu tudo a partir da
í.
_ Foi essa a época do disco inédito em inglês?
_ Exatamente. Doze faixas da
Bossa Nova, cinco do
Tom, quatro minhas, duas do
Menescal e uma do
Sérgio Ricardo. Nunca foi lançado, parece que por causa do contrato do
Tom nos
Estados Unidos com o
Ray Gilbert, amigo do
Aloysio de Oliveira, que monopolizou a obra dele por mais de 20 anos. Eu gravei outras traduções, então já viu...
_ Agora fale do que você fez em
1966 numa pequena gravadora, a
Mocambo.
_ Eu era amigo do
José Briamonte, e ele, como o Celso, queria fazer arranjos e nunca tinha chance. Então eu chamei. Embora ele fosse meio conservador, fez uns arranjos jazísticos, muito bons. Entre os músicos estão o
Airto Moreira e o
Hermeto Paschoal, mas como eles eram de outra gravadora, o nome não consta da
ficha técnica.
_ O seu disco seguinte, “
Ele é Johnny Alf”, da
Odeon, é meio diferente dos outros, mais extrovertido, mais feliz, tem um coro vocal e muitas músicas inéditas. Elas foram feitas durante os
5 anos que você ficou sem gravar?
_ Era a minha produção da
quela época. “
Pensando em você” eu fiz pensando na
Maria Bethânia, mas ela não gravou, acho que nem sabe disso. Foi gravado em
São Paulo em
1971, mas o som é carioca. Fez sucesso.
_ No ano seguinte você fez o “
Nós”.
_ Dessa vez o produtor foi o
Simão Khoury. Ele convidou o
Ivan Lins,
Gilberto Gil,
Egberto Gismonti e outros pra fazer músicas inéditas pra eu cantar. Mas o
Gismonti disse que só aceitava se pudesse gravar “
Plenilúnio”, uma música que eu fiz prum festival e continuava inédita. Então ele fez um arranjo bem sinfônico, o
Vítor Assis Brasil tocou sax, uma beleza.
_ Em
1978 você voltou a trabalhar numa gravadora pequena...
_ Sempre fui muito rebelde. E recusei a proposta da
Odeon de dividir um disco com a cantora
Márcia, então saí e fui para a
Chantecler.
_ Nesse (“
Desbunde total”) tem várias inéditas e uns arranjos do
João Donato.
_ Ele fez as bases.
_ Depois desse você ficou
12 anos sem gravar. Qual o motivo?
_ As gravadoras passaram a me ver como artista maldito, veneno de bilheteria. As pessoas gostavam, mas ninguém queria gravar comigo. Esse é o preço que se paga quando a gente só faz o que acha que deve fazer.
_ “
Olhos negros”, de
1990, é cheio de convida
dos.
Caetano,
Gal Costa,
Emílio Santiago,
Chico Buarque,
Leni Andrade cantam seus grandes sucessos. Quem escolheu esse povo todo, você ou a gravadora (
Philips)?
_ Eu e o produtor
Líber Gadelha escolhemos juntos.
_ Agora vamos falar um pouco do seu método de trabalho. Quando você compõe, o que vem primeiro, a música ou a letra?
_ Não tem regra. Às vezes é uma, às vezes é outra. Comecei a compor com
13,
14 anos de ida
de, influenciado por
Chopin,
Tchaykovsky e os musicais de
Hollywood. Uma vez fiz uma letra e a música surgiu só
9 meses depois. É uma coisa mágica. Posso estar muito bem aqui e de repente a inspiração baixar na minha cabeça, eu memorizo e em casa passo para o pentagrama. “
Plenilúnio”, por exemplo, eu estava dormindo, acordei de repente, e escrevi a música que estava sonhando. Outras vezes é diferente. Nos anos
60 eu trabalhava na boate
Plaza e alguém me desafiou a compor um baião e eu fiz o “Céu e mar”. Aí o cara disse: “mas é baião moderno!” E eu respondi: “
Mas é baião,
meu bem”. Eu sou sozinho, não tenho família. Então me dedico totalmente ao meu trabalho. Quando componho, ponho toda
minha alma e minhas experiências pessoais. Tudo é autobiográfico.
_ Como você classifica sua obra: samba, jazz, samba jazz, bossa nova, ou uma mistura de tudo isso?
_ Pra mim isso não tem importância. Música não tem nome, meu querido, música é som. Não sei como classificar minha obra. Mas eu amo jazz e sua influência é forte, principalmente no relacionamento com os músicos. Eu dou liberda
de para cada
um fazer o que sabe com seu instrumento.
_ Mas você é um dos precursores da
Bossa Nova.
_ Quando a
Bossa Nova começou, eu já tinha muda
do pra
São Paulo, pro
João Sebastião Bar. Eu adoro o
Rio, mas a vida
me jogou em outra direção. Eu não participei do movimento, mas já conhecia o
João Gilberto e o
João Donato. E o
Tom Jobim. Desde
1950. Nós costumávamos, com a
Dolores Duran, ver o sol nascer em
Copacabana, depois que as boates fechavam.
_ Nunca foi convida
do a se juntar ao movimento?
_ Dizem que me procuraram pro show do
Carnegie Hall, mas não me encontraram. O principal produtor deles, o
Aloysio de Oliveira, não gostava do meu trabalho, não sei por que... A mulher dele, a
Silvinha Telles, pra gravar “
Ilusão à toa” num disco da
Elenco teve de penar...
_ Fora a música, você tem outros interesses?
_ Sou muito fechado. Adoro ir ao cinema, ficava às vezes da
primeira até a última sessão. Quando estreou o “
Branca de Neve” do
Walt Disney, com a dublagem da
Dalva de Oliveira, eu assisti semanas a fio... Depois que eu cresci, descobri o trabalho dos grandes cineastas, como
Tarkovsky e
Antonioni, e amei. Sou desses que adora filmes com planos longos, sem diálogo. São como a vida
. É isso que eu procuro no cinema. Não é só diversão. Para mim esses filmes revelam o outro lado da
s coisas que eu gostaria de participar, mas não posso, por ser sozinho. O cinema me alimenta. Eu me alimento de Arte.
_ Mas, mesmo conhecendo o
Carlos Manga, famoso diretor da
Atlântida, você não participou de nenhum filme nacional.
_ Minha única contribuição foi em
1958 num filme da
Derci Gonçalves, “
A baronesa transviada”, do
Watson Macedo. O
Bill Farr canta “
O que é amar”. Mas nunca fiz nada
diretamente pra cinema.
_ Como você quer encerrar nossa entrevista?
_ Miles Davis disse que o músico tem de se atualizar. Ele era grande, se atualizou e voltou ao topo. Acredito que é isso aí. Infelizmente, a maioria dos veteranos da
minha geração é cheia de preconceito, acham que a música só presta até os
Beatles. Depois é tudo uma porcaria. Eu não concordo com isso. Gosto do que está acontecendo e do que está pra acontecer. Mesmo no caos que é o mundo atual, muita coisa boa continua a ser feita. Certo? Um músico como eu analisa cada
coisa com muito cuida
do, e o objetivo não é o hit-parade, mas a liberda
de de expressão. Essa é a melhor maneira de fazer um trabalho positivo, honesto e espontâneo. Por isso eu digo como a
Marilyn Monroe, “
eu quero ser maravilhoso”. E vou continuar tentando...
Pé na estrada Depois de
1990,
Johnny Alf ficou mais
6 anos sem gravar, e sua carreira fonográfica parecia ter entrado numa espécie de limbo. Volta e meia gravava uma participação no songbook de alguém (como a sensacional versão de “
Ela desatinou” do
Chico), mas ficava nisso. Isso foi quebrado em
1997 com um CD inusitado, “
Letra & música de Noel Rosa por Johnny Af & Leandro Braga”, produção de
Almir Chediak para
Lumiar Discos, onde Alf apenas canta, não toca piano nem fez as bases dos arranjos, responsabilida
de do companheiro de aventura. É uma tentativa ousada
, pois a única coisa que une a obra do grande sambista à do precursor da
Bossa Nova é o fato dos dois terem nascido em
Vila Isabel. O resultado não é bom. Os arranjos do
Leandro não são nem tradicionais nem modernos, são simplesmente medíocres. O repertório também é redunda
nte, só com “
grandes sucessos”. E a inédita parceria com
Paulo César Pinheiro é bem fraca. Os vocais são muito bons, mas o resultado total deixa muito a desejar. Também inusitado, e igualmente frustrado é “
As sete palavras de Cristo na cruz” (
Paulinas Comep), de
1999. São
8 temas instrumentais de sua autoria, intercalados com poesias do bispo
Dom Pedro Casaldáglia, e uma parceria dos dois juntos. Raras vezes na discografia da
MPB houve um encontro tão estapafúrdio, do espírita
Johnny Alf com um bispo da
Teologia da Libertação. Não houve liga entre partes tão heterogêneas. Se a parte instrumental é nuançada
e sutil, a falada
é empostada
como um sermão de montanha. Uma curiosida
de fonográfica. Não é o que acontece com “
Cult Alf” (
1997,
Natasha Records) e “
Eu e a bossa” (
1998,
RobDigital), produzidos por mim a partir de um show ao vivo numa pequena boate no
Rio de Janeiro. Aqui temos
Johnny Alf em seu habitat favorito. Acompanhado de um trio acústico, onde se destaca o saxofonista
Idriss Boudrioua, com faixas sem limite de tempo (algumas ultrapassam
10 minutos de duração), o repertório inclui seus grandes sucessos, ao lado de inéditas, instrumentais, e homenagens a
Vinicius de Moraes,
Dick Farney e
Villa-Lobos (as belíssimas “
Melodia sentimental” e a “
Cantilena” da
“
Bachiana nº 5). Sua versão de “
Desafinado” é uma pauleira só, exatamente o contrário da
do
João Gilberto, e tão boa quanto. Rarida
des. O vocal está soberbo e nunca antes tinha sido da
do tanto espaço para os solos de seu piano sensacional. Foram dois fracassos de venda
gem, mas tenho o maior orgulho de incluí-los no meu currículo. Em
11 de
Setembro de
2001, dia do atentado da
s Torres Gêmeas,
Johnny Alf iniciou em
Nova York a gravação de um cd produzido por
César Mariano, e com a participação de grandes músicos como
Ron Carter,
Hector Costita e outros. Embora finalizado, nunca foi lançado, ao que parece por problemas técnicos não identificados. Também excelente é “
Johnny Alf sings and plays with his quintet”, produzido em outubro de
2002 por
Jun Itabashi para o selo japonês
Bossanovologia, e lançado no Brasil em
2004 pela
Guanabara Records com o nada
imaginativo título de “
Mais um som”. São
15 inéditas, entre elas uma da
s suas melhores em muitos anos, “
Tema da cidade longe”, uma obra prima, e os dois temas gêmeos (“
Noite sem lua” e “
Céu de estrelas”) que o
Paulinho Jobim me disse um dia que o Tom adorava e, embora compostos no início dos anos
50 para
Dolores Duran, nunca tinham sido gravados. De tanto eu insistir, ele acabou incluindo. Esse é o seu último disco lançado no mercado. A mixagem diminuiu o volume de sua voz, mas, mesmo assim o resultado é emocionante. Infelizmente não consegui convencer nenhuma gravadora (entre elas a
Biscoito Fino e a
Trama) a bancarem “
Avatar”, um disco de estúdio. A concepção era simples: as primeiras faixas seriam lentas e apenas com piano. Pouco a pouco, entrariam os outros instrumentos e o anda
mento ficaria cada
vez mais rápido, até explodir num samba sincopado com grande orquestra. No repertório, inéditas de sua autoria, e também maravilhas que canta em shows e não gravou, entre elas: “
Aeromoça” de
Billy Blanco, “
Tudo que aprendi de amor” de
Fátima Guedes e a velha seresta “
Noite cheia de estrelas”, imortalizada
pelo tonitroante
Vicente Celestino (Johnny a transforma numa cascata de lindíssimas sutilezas). Infelizmente, da
do ao estado de saúde do Alf,
paraplégico e
deprimido numa clínica em
Santo André (mas recebendo ótimo atendimento médico), dificilmente esse disco será gravado. Mas eu ouvi, pelo telefone, ele ensaiando para mim a letra do clássico samba do
Nelson Cavaquinho e
Guilherme de Brito, “
Quando eu me tornar saudade”. Esse privilégio ninguém me tira. Fecho esse artigo com essa letra, mensagem pouco sutil a todos que não o prestigiaram em vida
, e certamente chorarão lágrimas de crocodilo depois que ele se for:
Mas depois que o tempo passar Sei que ninguém vai se lembrar Que eu fui embora Por isso é que eu canto assim Se alguém quiser fazer por mim Que faça agora.
"PS: Faleceu em
04 de
Março de
2010 aos
80 anos no hospital estadual
Mário Covas em
Santo André (
SP), onde durante três anos, se tratou de um câncer de próstata. Ele vivia em uma casa de repouso na cidade. Uma grande perda para a musica e para a historia da Bossa Nova.
Boa leitura - Namastê.