"É pau, é pedra, é pele, é osso - o homem desde os tempos primais descarregou suas tensões batendo, batucando, marcando ritmo no que estivesse ao alcance de sua mão. Surgiu dai a parafernália rítmica, o arsenal de instrumentos que compõe a bateria moderna, os mil e um apetrechos da percussão, coisas ainda de índole artesanal, a familia das marimbas, dos xilofones e seu primo rico o vibrafone e as extensões eletrônicas de tudo isso, propagadas nos mais modernos computadores. Claro, o ritmo digitalizado - os drum n' bass da vida - nada tem a ver com o verdadeiro suingue do jazz, que nasceu do contato da pele e da mão humana com os couros, das baquetas e das vassourinhas fazendo vibrar os pratos turcos de cobre feitos também manualmente. Vocês podem ver as pinturas das cavernas, o mundo que nossos ancestrais grafitaram para a eternidade; mas o som daquelas épocas primais só pode ser captado mesmo na arte dos bateristas, percussionistas e vibrafonistas de jazz" Cedric Doranges (Pour Une Ethno-Épistémologie Du Tam-Tam, Ed. Dauphine)
Um comentário:
Depois de saborear cada palavra e encher os olhos com mágicas imagens, termino aqui o meu tour, louvando o jazz é claro, que gosto de ouvir baixinho, sem nenhum pio, de preferência na madrugada solitária. Despeço-me ouvindo a arte do genial Art Blakey, o meu baterista predileto, em 'Moanin''. De olhos fechados, não ouço, sinto apenas cada batida das baquetas e das vassourinhas de Art numa inquietação crescente.
Um abraço e boa semana.
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