Trane – diminuitivo de Coltrane – obteve uma longa maturação, esta evolução representa um percurso ideal para um músico da sua geração: pratica sucessivamente a fanfarra, o rhythm’n’blues, o be-bop em big band (na do Apollo e depois na de Gillespie) e toca depois com dois dos maiores virtuosos do saxofone – Hodges e Bostic. Mas é com Miles Davis que Coltrane sai do anonimato. Miles lança-o consigo para a boca de cena. Entre eles nasceu uma amizade profunda e uma cumplicidade musical comparável à que unia Parker e Gillespie. O seu quinteto (ao qual se juntará Cannonball Adderley) evoluiu muito rapidamente: inicialmente tímido Coltrane começa a ganhar protagonismo nos últimos meses (1959) devido à energia que emprega nos seus solos e nas suas intervenções criativas pondo Miles numa certa confusão. Também tocou ao lado de Monk, grande pianista desta era, influência decisivamente suas concepções harmónicas e rítmicas. Gravou o seu primeiro álbum – Blue Train – em 1957 e largou a heroína e o álcool. É então após Kind of Blue que Coltrane descola de Miles e começa a desenvolver cada vez mais longamente os seus solos, enriquece a sua execução com harmónicos sabiamente controlados, emissões difónicas (ghost notes) e “zonas sonoras” inspiradas na harpa, instrumento este no qual se interesso após conhecer Alice Coltrane . No saxofone tenor tinha uma sonoridade grandiosa mesmo nos registos extremos pois ultrapassava a tessitura de três oitavas do instrumento. Além disso Coltrane em 1960 adapta ao saxofone soprano e torna-se o maior estilista desse instrumento. Coltrane estudou a politonalidade e o improviso modal bem como mostrou interesse pelas “ragas” indianas, escalas pentatónicas africanas e polifonias dos pigmeus. Estes fatores decuplicavam a sua imaginação melódica conseguindo timbres e efeitos inéditos na tradição ocidental. Fundou em 1960 um quarteto com McCoy Tyner ao piano, Jimmy Garrison no baixo e Elvin Jones na bateria. Este quarteto torna-se num verdadeiro laboratório do improviso colectivo com um nível de lirismo e de subtileza inigualável. Coltrane assimila serenamente influências de Ornette Coleman, John Gilmore e Eric Dolphy, juntando-se com este último para algumas sessões históricas. Este quarteto dissolve-se cinco anos mais tarde pois a loucura de Coltrane não ser compatível com a ligação forte dos músicos à sistemática e regras harmónicas Ocidentais. Coltrane lançou-se então numa corrida louca contra o tempo cujo objetivo parecia ser o de deixar o máximo de marcas e traços das suas pesquisas. Toca praticamente dia e noite e aproveita o seu contrato com a Impluse Records para gravar o máximo possível estando rodeado por jovens admiradores seus – Pharoah Sanders, Archie Shepard, Rashied Ali e a sua segunda esposa Alice. Os títulos dos seus discos – Impressions, Transitions, Ascension, Crescent, Mediations, Om, Sun Ship – reflectem bem a sua vontade de ultrapassar a tradição lúdica do jazz para atingir uma dimensão mística que é nessa época em que floresce o movimento Hippie e Jimi Hendrix a manifestar-se. Morre brutalmente deixando sempre a dolorosa questão: será que a música se torna imortal?. Nasceu em 1926 em Hamlet e faleceu em 1967 em Huntington. A sua morte prematura foi uma tragédia e um marco ao ponto de que o Jazz contemporâneo é correntemente qualificado como “pós-coltraniano” e a sua influência atingiu a dimensão de um vúltimos sete anos de vida abalaram as regras da improvisação de uma forma tão profunda como já tinha feito Armstrong ou como Parker – que revelou apenas aos trinta e três anos o seu génio com Giant Steps e depois com My favorite Things. Seria Coltrane a “ultrapassar” a barreira do virtuosismo parkeniano uma espécie de “muro sem som” impossível de ultrapassar pois atingiu uma nova fronteira tecnológica, uma nova estética ao nível do Be-bop. Lançamento em 06 de outubro de 2009 com cinco CD box set, Side Steps traduz o perfil de Coltrane como papel de apoio como sideman a líder de bandas nas 43 faixas presente ao longo do trabalho nas sessão pela Prestige, meados de 1956 ao início de 1958, com excepção do seu trabalho com Miles Davis (que é caracterizado no Miles Davis Quintet: Legendary Prestige Quintet Sessions, lançado em 2006). Aprecie sem moderação.
Faixas:
CD1
01 - Weeja
02 - Polka Dots And Moonbeams
03 - On It
04 - Avalon
05 - Mating Call
06 - Soultrane
07 - Gnid
08 - Super Jet
09 - On A Misty Night
10 - Romas
CD2
01 - Tenor Madness
02 - Potpourri
03 - J.M.’s Dream Doll
04 - Don’t Explain
05 - Blue Calypso
06 - Falling In Love With Love
07 - The Way You Look Tonight
08 - From This Moment On
09 - One By One
CD3
01 - Our Delight
02 - They Can’t Take That Away From Me
03 - Woody’n You
04 - I Got It Bad (And That Ain’t Good)
05 - Undecided
06 - Soul Junction
07 - What Is There To Say
08 - Birks’ Works
09 - Hallelujah
CD4
01 - All Mornin’ Long
02 - Billie’s Bounce
03 - Solitude
04 - Two Bass Hit
05 - Soft Winds
06 - Lazy Mae
CD5
01 - Under Paris Skies
02 - Clifford’s Kappa
03 - Filidia
04 - Two Sons
05 - Paul’s Pal
06 - Ammon Joy
07 - Groove Blues
08 - The Real McCoy
09 - It Might As Well Be Spring
Boa audição - Namastê.
7 comentários:
Só há pouco tempo vi o seu blog. Parabéns! A sua escolha de músicas e autores é fantástica: quero dizer, são os melhores e são aqueles de quem eu gosto...
Achoe graça porque o meu blog chama-se falcão de jade...
Primeiramente, muito obrigado pelos imerecidos elogios. Fico feliz em saber que também conseguiu superar idêntico problema, talvez com maestros.
Fiquei encantado com o Borboletas de Jade, do qual passo a ser fã, seguidor e admirador, desde já.
Congratulações Mr. Butterfly pelo vosso refinado trabalho.
Forte abraço do amigo
lobão.
Poxa, que presentão, hein...
Adoro John Coltrane!
Você anda sumido do meu blog. Dá uma passadinha lá. Tem até blog novo.
Bjs.
uma ótima abordagem ao mestre!! ótimo post!
fantástico!
bgdo.
antes de mais nada, gostaria de parabenizá-lo pelo excelente blog!
muito bem escrito, e c/ várias informções boas, além de material de 1ª qualidade!
gostei muito da postagem do mestre coltrane, mas o cd 5 do side steps apresentou problemas aqui quando abri no meu computador.
se puder repostar, te agradeço muitíssimo..
muito obrigado, e sucesso no blog!
grande abraço!
Saudações a todos e muito obrigado por prestigiar o Borboletas de Jade e sua coleção de arquivos e curiosidades. Em resposta ao anônimo informo que os links foram trocados bem com com maior variedade de fazer download, desejado apenas que se identifica-se para maior compreensão do elo de reciprocidade e comunicação futuras a que tenho feito ao longo da existência do blog.Aguardo seu contato e boa audição com o mestre Trane. Nmastê.
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