segunda-feira, 7 de dezembro de 2009

Ao vivo no Village Vanguard


"O que você faz numa noite de sábado quando a casa está lotada e a estrela de seu show sai do palco na metade de uma seqüência musical porque sua namorada está bêbada em alguma espelunca de Uptown e telefonando para ele ir buscá-la? De todos os homens de jazz que trabalharam no Vanguard, Miles Davis foi o mais duro de lidar. Miles sempre gostava de receber mil dólares adiantados antes de estrear. Se eu não tivesse o dinheiro, ele poderia estrear, mas depois da primeira parte de uma noite de estréia, ele viria a mim e, varrendo a multidão com o olhar, sussurraria: 'não esqueça dos mil se você quiser que eu venha amanhã à noite'. A voz de Miles não se parece com nenhuma outra voz que já ouvi. Um sussurro alto em meio à névoa e bruma que mal dá para ser ouvido Você consegue ouvir depois que se acostuma. E eu estava acostumado. E tire aquela porra de spot de cima de meus olhos. Ou desligue essa merda de uma vez. Eu trabalharei no escuro, se é assim que você vai operar sua casa.'

Mas, que diabo, ele era dinheiro em caixa.

Miles pertence à escola cool do jazz. Ele a inventou. Você vai e toca o que você vai tocar. Se a platéia gostar, tudo bem; se não gostar, amém. Claro que você espera que as pessoas fiquem quietas e escutem, mas se não ficarem, não ficam. Você toca assim mesmo, com silêncio ou sem silêncio".

* Trecho de Ao vivo no Village Vanguard

Boa leitura - Namastê.

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