Sem sombra de duvida, uma das questões que mais tem deixado vários jazzófilo de boca aberta é o fato de ter músicos desconhecido ainda pelas estradas arteriais do jazz. Músicos de de extraordinária envergadura, bem como de respaldo a outros talentos conhecidos e obras seladas no tempo, com maestrias que só depois de uma boa olhada, nota-se com surpresa o surgimento de um novo nome na prateleira de muitos colecionadores. O pianista e compositor
Herbert Horatio Nichols ou mais conhecido como
Herbie Nichols (03-01-1919/12-04-1963), só passou a ser um capítulo especial na história do jazz muito tempo depois de sua morte de leucemia em 1963, quando tinha exatos 44 anos. A não ser o pessoal da Blue Note (
Alfred Lion,
Rudy Van Gelder), músicos como (
Art Blakey,
Max Roach, os baixistas
Al McKibbon e
Teddy Kotick) e alguns insider s, quase ninguém notou a falta de Nichols da cena jazzística, apesar de uma prolífica obra como compositor.
Herbie Nichols era um músico diferente e obscuro, numa época em que pianistas como
Marian McPartland (um ano mais moça do que ele),
Hank Jones (um ano mais velho) e
Dave Brubeck, já eram bem conhecidos.
Brubeck tinha até sido capa da revista Time, em 1954. Trinta das composições de
Herbie Nichols, por ele gravadas em trios, com alternate takes, foram reeditadas em 1997, na caixa de três CDs intitulada
The complete Blue Note recordings. Muitos dos títulos dessas peças eram tão excêntricos para os anos 50 como a música que continham: Cro-Magnon nights, Amoeba's dance, Riff primitif. Os vanguardistas
Roswell Rudd (trombone) e
Steve Lacy (sax soprano) fizeram, nos anos 80, algumas escavações na obra de Nichols. Mas foram o pianista
Frank Kimbrough e o baixista
Ben Allison, integrantes do grupo Jazz Composers Collective, os grandes responsáveis pela revelação quase total do tesouro semi-aberto deixado pelo nova-iorquino
Herbert Horatio Nichols. Como explicam
Kimbrough e
Allison - "O Herbie Nichols Project é uma work in progress". Com a formação em 1992, do Jazz Composers Collective (outros sócios importantes são os saxofonistas
Ted Nash e
Michael Blake, o trompetista
Ron Horton e o baterista
Matt Wilson), o projeto já gerou três discos:
Love is proximity (Soul Note) de 1997,
Dr. Cyclops' dream (Soul Note) de 1999 e
Strange city (Palmetto) 2001, um dos mais atraentes álbuns de jazz lançados neste início de década.
Strange city - a faixa-título do disco da Palmetto - é uma das cerca de 30 peças que Nichols nunca tinha gravado, e cujas partituras foram descobertas por
Allison, Kimbrough e
Horton na Biblioteca do Congresso. Com exceção de
Shuffle Montgomery, as outras composições do CD eram também inéditas:
Moments magical, Enrapture, Delights, Blue shout,
Karna Kangi,
The happenings,
Change of season e
Some wandering bushmen. As peças são arranjadas em formações diversas, reunindo
Allison, Kimbrough,
Horton,
Ted Nash (sax tenor),
Michael Blake (sax soprano),
Wycliffe Gordon (trombone) e
Matt Wilson (bateria). As composições de Nichols não eram apenas inspirados temas de sabor bop e dissonâncias monkianas. Eram desenvolvidas de modo bem estruturado, embora de simetria variável, fora dos padrões estabelecidos pela fórmula AABA - duas vezes o tema-base, ponte (bridge) e volta ao tema-base. Nas notas de contracapa que escreveu para um do LPs da Blue Note, o próprio Nichols falou de sua admiração por gente tão diferente como
Jelly Roll Morton,
Beethoven e
Villa-Lobos. E acrescentou: ''
Estou numa corrida constante para conciliar minhas 'teorias clássicas' e minhas 'teorias jazzísticas'''. Recentemente o guitarrista
Eric T. Johnson (nada a ver com o homônimo texano especialista em blues) apareceu na praça com um CD, editado pela Summit, em que interpreta dez composições de
Herbie Nichols, à frente de um quinteto com o saxofonista
George Garzone e o trompetista
Phil Grenadier. Entre as faixas,
Love,
gloom,
cash,
love (que Nichols gravou para a Bethlehem),
Shuffle Montgomery e
Lady sings the blues. Noventa anos depois de ter nascido e Quarenta e Cinco depois de sua morte,
Herbie Nichols é cada vez mais reconhecido como um dos grandes inventores do jazz moderno.
Fonte
: Luiz Orlando Carneiro JB Online.
Disco I
01 - Third World, The
02 - Third World, The - (alternate take)
03 - Step Tempest
04 - Dance Line
05 - Blue Chopsticks
06 - Double Exposure - (alternate take)
07 - Double Exposure
08 - Cro-Magnon Nights
09 - Cro-Magnon Nights - (alternate take)
10 - It Didn't Happen - (alternate take)
11 - Amoeba's Dance
12 - Brass Rings - (alternate take)
13 - Brass Rings
14 - 2300 Skiddoo - (alternate take)
15 2300 Skiddoo
Disco II
01 - Shuffle Montgomery - (alternate take)
02 - It Didn't Happen
03 - Crisp Day
04 - Shuffle Montgomery
05 - Gig, The
06 - Applejackin' - (alternate version)
07 - Hangover Triangle
08 - Lady Sings The Blues
09 - Chit Chatting
10 - House Party Starting
11 - Gig, The - (alternate take)
12 - Furthermore - (alternate take 1)
13 - Furthermore
14 - 117th Street - (alternate take)
15 - 117th Street
16 - Sunday Stroll
Disco III
01 - Nick At T's
02 - Furthermore - (alternate take 2)
03 - Terpsichore
04 - Orse At Safari
05 - Applejackin' - (alternate take)
06 - Applejackin'
07 - Wildflower
08 - Mine - (alternate take)
09 - Mine
10 - Trio
11 - Trio - (alternate take)
12 - Spinning Song, The - (alternate take)
13 - Spinning Song, The
14 - Riff Primitif
15 - Riff Primitif - (alternate take)
16 - Query - (alternate take)
17 - Query
Músicos:
Herbie Nichols - Piano
Al McKibbon, Teddy Kotick - Baixo Acustico
Art Blakey, Max Roach - Bateria
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Boa audição - Namastê.