 Motivado pelo desejo de reconhecimento, centenas de jovens músicos tentam a sorte em Nova York dos anos20, mais conhecida pelos jezzmen como Big Apple a capital das tentações. Essa boa mãe logo tratou de acolher estas novas tendências musicais  de origem afro-americanas. O negro mais uma vez partia para o exílio, encontrando nesta cidade morada certa: o Harlem.  Desde 1643 quando os primeiros colonos holandeses doaram este terreno aos negros emancipados, o bairro tornou-se um reduto da cultura negra americana. Por todos os cantos do Harlem onde havia um dancing, havia um jovem negro tentando encontrar seu estilo. Mas nem tudo o jazz comercial do Harlem tinha apelo de consumo. No centro da cidade, nos famosos night clubs da Broadway, como o Cotton, o Saratoga e o Savoy, os músicos não tinham muita liberdade para suas experimentações. Ao mesmo tempo em que acolhe todos os filhos, a cidade, por vezes, estranha tamanha inovação. Para o filosofo Jacques Derrida:  “A língua dita materna nunca é puramente natural, nem própria e nem habitual”. Alguns jazzmen adaptaram seus improvisos aos ouvidos da turma endinheirada da Broadway, mas no Harlem era diferente. Ali a coisa de fato acontecia. Por isso foi apelidado de guetto (uma referência aos lugares onde os judeus eram confinados em Veneza). Em Nova Iorque o negro ainda continua sendo um estrangeiro. Próximos e distantes do centro, os jazzmans e as jazzwoman nunca seriam plenamente compreendidos  pela cidade. Tanto melhor para uma gente, que aprendeu a viver fora dos muros da mesmice.  O que tem a filosofia com isso?. Sobre o que discutem os amigos de Miles Davis, Charles Parker, Sartre e Sinome de Beauvoir nos cafés de Paris?. Sabe-se lá. Mas podemos cogitar assuntos comuns, tema interessante abortados na importância do ensaio no jazz, na filosofia e na vida. Foi um Francês do sec. XVI e admirador da vida dos índios americanos – Michel de Montaigne – quem decidiu pela primeira vez escrever um livro na forma de ensaio. Montaigne estava passando Poe um grande aperto quando resolveu  escrever “Les
Motivado pelo desejo de reconhecimento, centenas de jovens músicos tentam a sorte em Nova York dos anos20, mais conhecida pelos jezzmen como Big Apple a capital das tentações. Essa boa mãe logo tratou de acolher estas novas tendências musicais  de origem afro-americanas. O negro mais uma vez partia para o exílio, encontrando nesta cidade morada certa: o Harlem.  Desde 1643 quando os primeiros colonos holandeses doaram este terreno aos negros emancipados, o bairro tornou-se um reduto da cultura negra americana. Por todos os cantos do Harlem onde havia um dancing, havia um jovem negro tentando encontrar seu estilo. Mas nem tudo o jazz comercial do Harlem tinha apelo de consumo. No centro da cidade, nos famosos night clubs da Broadway, como o Cotton, o Saratoga e o Savoy, os músicos não tinham muita liberdade para suas experimentações. Ao mesmo tempo em que acolhe todos os filhos, a cidade, por vezes, estranha tamanha inovação. Para o filosofo Jacques Derrida:  “A língua dita materna nunca é puramente natural, nem própria e nem habitual”. Alguns jazzmen adaptaram seus improvisos aos ouvidos da turma endinheirada da Broadway, mas no Harlem era diferente. Ali a coisa de fato acontecia. Por isso foi apelidado de guetto (uma referência aos lugares onde os judeus eram confinados em Veneza). Em Nova Iorque o negro ainda continua sendo um estrangeiro. Próximos e distantes do centro, os jazzmans e as jazzwoman nunca seriam plenamente compreendidos  pela cidade. Tanto melhor para uma gente, que aprendeu a viver fora dos muros da mesmice.  O que tem a filosofia com isso?. Sobre o que discutem os amigos de Miles Davis, Charles Parker, Sartre e Sinome de Beauvoir nos cafés de Paris?. Sabe-se lá. Mas podemos cogitar assuntos comuns, tema interessante abortados na importância do ensaio no jazz, na filosofia e na vida. Foi um Francês do sec. XVI e admirador da vida dos índios americanos – Michel de Montaigne – quem decidiu pela primeira vez escrever um livro na forma de ensaio. Montaigne estava passando Poe um grande aperto quando resolveu  escrever “Les  Essais”.  Tinha perdido seu melhor amigo e já não sabia que sentido dar para sua existência. Foi ai que começou sua investigação sobre si mesmo. Não lhe ocorreu melhor palavra para seu livro, senão ensaios?. E o que mais a filosofia do ensinar?. Que uma pessoa pode fazer em sua vida a não ser ensaiar, tentar, errar, corrigir, interpretar, nascer e morrer?. E isso tem fim?. Quero dizer:  encontrar-se uma boa resposta para  as grandes indagações sobre a existência.  No ultimo capitulo de “Les Essais”  Montaigne  nada nele sugere uma conclusão. Ao contrario, aquele bem poderia estar no inicio do livro. Como nos textos do jazzista Julio Cortazar , Les Essais sugerem  um eterno retorno. Não é necessário complicar muito para entender  essa idéia. Um ensaio é como o jogo de amarelinha das crianças: quando se chega ao fim, volta-se para o inicio. Deu certo?. Montaigne  encontrou um sentido para sua existência. Ficou mais tranqüilo e superou a perda do amigo. Caímos na mesma lógica: perguntas parecem pedir definições e se possível, definições precisas. É justamente isso que o grande Michel de Montaigne nos oferece: definições. Certa feita um amigo de Sócrates também lhe pediu definições ao que o filosofo respondeu:  “Você não percebe. Mênon, que não quero ser didático contigo, que não quero te instruir em coisa alguma? Eu quero mesmo é fazer-te umas perguntas “. Uma filosofia que faz perguntas, mas não oferece definições precisas. Para que serve? Para a pessoa aprender que a vida é ensaio (meléte) para ela aprender a cuidar de si mesmo (epimeleia heautou), a curar a si mesma, respondeu Sócrates. Desde quando ensaiar é cuidar? Desde quando ensaiar é curar?  Para responder estas questões precisamos voltar à música, não ao jazz em si, mas especificamente à arte das musas (moukiké). Bem antes da filosofia de Sócrates, antes mesmo de Hesiodo dar sua explicação para a origem dos deuses na sua Teogonia, os gregos acreditavam que a inspiração (enthousiasmos) das musas era fundamental aos cantores. Filhas da memória (mnemsyne) das musas: lembranças (mneme), ensaio (meléte)  e canto (aoide), ajudariam o cantor em sua apresentações, uma vez que só elas podem tira-lo da escuridão (melas) e do esquecimento (lethe).  Imagine que no meio de um show dê um branco no cantor e ele esquece a letra ou a melodia da música. É preciso estar seguro de suas memórias.
Essais”.  Tinha perdido seu melhor amigo e já não sabia que sentido dar para sua existência. Foi ai que começou sua investigação sobre si mesmo. Não lhe ocorreu melhor palavra para seu livro, senão ensaios?. E o que mais a filosofia do ensinar?. Que uma pessoa pode fazer em sua vida a não ser ensaiar, tentar, errar, corrigir, interpretar, nascer e morrer?. E isso tem fim?. Quero dizer:  encontrar-se uma boa resposta para  as grandes indagações sobre a existência.  No ultimo capitulo de “Les Essais”  Montaigne  nada nele sugere uma conclusão. Ao contrario, aquele bem poderia estar no inicio do livro. Como nos textos do jazzista Julio Cortazar , Les Essais sugerem  um eterno retorno. Não é necessário complicar muito para entender  essa idéia. Um ensaio é como o jogo de amarelinha das crianças: quando se chega ao fim, volta-se para o inicio. Deu certo?. Montaigne  encontrou um sentido para sua existência. Ficou mais tranqüilo e superou a perda do amigo. Caímos na mesma lógica: perguntas parecem pedir definições e se possível, definições precisas. É justamente isso que o grande Michel de Montaigne nos oferece: definições. Certa feita um amigo de Sócrates também lhe pediu definições ao que o filosofo respondeu:  “Você não percebe. Mênon, que não quero ser didático contigo, que não quero te instruir em coisa alguma? Eu quero mesmo é fazer-te umas perguntas “. Uma filosofia que faz perguntas, mas não oferece definições precisas. Para que serve? Para a pessoa aprender que a vida é ensaio (meléte) para ela aprender a cuidar de si mesmo (epimeleia heautou), a curar a si mesma, respondeu Sócrates. Desde quando ensaiar é cuidar? Desde quando ensaiar é curar?  Para responder estas questões precisamos voltar à música, não ao jazz em si, mas especificamente à arte das musas (moukiké). Bem antes da filosofia de Sócrates, antes mesmo de Hesiodo dar sua explicação para a origem dos deuses na sua Teogonia, os gregos acreditavam que a inspiração (enthousiasmos) das musas era fundamental aos cantores. Filhas da memória (mnemsyne) das musas: lembranças (mneme), ensaio (meléte)  e canto (aoide), ajudariam o cantor em sua apresentações, uma vez que só elas podem tira-lo da escuridão (melas) e do esquecimento (lethe).  Imagine que no meio de um show dê um branco no cantor e ele esquece a letra ou a melodia da música. É preciso estar seguro de suas memórias.Boa Leitura - Namastê.
 
Sou um apreciador de Jazz e vasculhando a rede encontrei seu blog... Gostei do conteúdo. Existe algum livro especifico que trata de jazz e filosofia? Grato
ResponderExcluirTheo
philosophia13@hotmail.com